As vacinas contra a covid que podem chegar a Portugal. Quais são, de onde vêm?
"Há uma luz ao fundo do túnel", diz o primeiro-ministro português sobre a possibilidade de uma vacina contra o novo coronavírus, depois de a Comissão Europeia anunciar mais um acordo - o quarto desde 31 de julho - para assegurar 225 milhões de doses de um potencial antídoto contra a covid-19. Portugal, ficou a saber-se nesta quarta-feira, receberá 6,9 milhões de doses depois de confirmada a eficácia de uma vacina.
"A União Europeia selecionou seis vacinas que estão em desenvolvimento para investir", indicou o chefe do governo português, nesta quinta-feira, à margem de uma visita ao Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia. Havendo já, em quatro destes casos (que envolvem a farmacêutica alemã CureVac, a anglo-sueca AstraZeneca, a americana Johnson & Johnson e a francesa Sanofi), acordos prévios entre o executivo comunitário e a indústria para facilitar o acesso à vacina por parte dos países da União Europeia.
A Portugal a primeira remessa de vacinas poderá chegar já em dezembro, segundo o Infarmed, na forma de 690 mil doses iniciais, mas António Costa lembra que a data poderá ser estendida, uma vez que ainda não há nenhuma garantia de eficácia por parte das farmacêuticas.
A confirmar-se a existência de uma vacina, o primeiro-ministro promete que esta será "universal e gratuita". Por isso, o Conselho de Ministros desbloqueou, nesta quinta-feira, a "autorização para o investimento de 20 milhões de euros em contratos a celebrar para a aquisição de vacinas contra a covid-19".
Por sua vez, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, sublinha que a instituição por si liderada está a "cumprir a sua promessa de garantir aos europeus e ao mundo um acesso rápido a uma vacina segura" contra o novo coronavírus.
"Cada ronda de negociações concluída com a indústria farmacêutica aproxima-nos da vitória contra este vírus. Teremos em breve um acordo com a CureVac, a inovadora empresa europeia que beneficiou anteriormente de financiamento da União Europeia para produzir uma vacina na Europa. E as nossas negociações prosseguem com outras empresas para encontrar a tecnologia que nos proteja a todos", disse Von der Leyen, nesta quinta-feira.
É a mais recente negociação prévia feita pela Comissão Europeia com uma farmacêutica e garante o acesso a 225 milhões de doses de uma possível vacina aos países europeus. Foi anunciado, nesta quinta-feira, que o executivo comunitário está em conversações exploratórias com a empresa alemã CureVac, sediada em Tübingen.
Segundo a Comissão Europeia, "o contrato previsto com a CureVac proporcionaria a todos os Estados membros da UE a possibilidade de adquirirem a vacina, bem como fazer doações aos países de baixo e médio rendimento ou redirecioná-la para outros países europeus".
Esta não é a primeira vez que a Comissão Europeia aposta na empresa biofarmacêutica pioneira no desenvolvimento de uma classe de vacinas totalmente novas. Em julho, já tinha disponibilizado até 80 milhões de euros à CureVac destinados à investigação da vacina contra a covid-19.
Até ao momento, este projeto de vacina encontra-se na segunda de três fases de teste.
É um dos dois acordos que envolvem a compra de mais doses de uma vacina. A 14 de agosto, a Comissão Europeia assinou um compromisso prévio de aquisição com a AstraZeneca, uma farmacêutica anglo-sueca. Em causa está a compra de 300 milhões de doses de uma potencial vacina contra a covid-19, com uma opção de mais cem milhões em nome dos Estados membros.
A candidata desta biofarmacêutica, que foi desenvolvida em conjunto com a Universidade de Oxford, no Reino Unido, encontra-se na terceira fase (de três) de ensaios clínicos de larga escala, tendo as primeiras etapas dos testes, dedicadas à segurança e à imunogenicidade, apresentado resultados promissores.
Para a Organização Mundial da Saúde, esta é considerada uma das mais fortes candidatas a vacina. Noventa por cento dos 1077 voluntários (entre os 18 e os 55 anos) que participaram na primeira fase do ensaio clínico da "vacina de Oxford", como é conhecida, desenvolveram anticorpos contra o vírus SARS-CoV-2.
Este pacto será também financiado através do programa Instrumento de Apoio de Emergência, que dispõe de fundos dedicados à criação de uma carteira de potenciais vacinas com diferentes perfis e produzidas por diferentes empresas.
Um dia antes do anúncio do acordo com a AstraZeneca (a 13 de agosto), tinham sido divulgadas as negociações com a empresa norte-americana Johnson & Johnson. Em cima da mesa está a possibilidade de um acordo inicial de aquisição de 200 milhões de doses, que pode ainda crescer e envolver mais 200 milhões de vacinas, de acordo com uma nota de imprensa divulgada pela Comissão Europeia.
O contrato firmado entre Bruxelas e a multinacional especializada em medicamentos e cosméticos prevê a hipótese de todos os países da União Europeia, entre os quais Portugal, tanto comprarem a vacina como fazerem doações a outras nações mais pobres.
Conhecido a 31 de julho, este foi o primeiro acordo efetuado entre a Comissão Europeia e uma farmacêutica para antecipar doses de uma futura vacina. Neste caso, estão em causa 300 milhões de doses adquiridas à farmacêutica francesa Sanofi-GSK.
Na altura, a presidente da Comissão Europeia indicava já que este seria "o primeiro passo de uma série de negociações no âmbito da Estratégia de Vacinação Europeia, que continuará".
Ao dia de hoje (20 de agosto), segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) atualizados diariamente, das 139 candidatas a vacinas contra o novo coronavírus que estão atualmente em desenvolvimento no mundo, 30 encontram-se em fase de avaliação clínica com testes já realizados em grupos restritos de voluntários.
Até agora, apenas seis destas últimas já entraram, ou estão a entrar, na terceira e última fase do processo, com ensaios clínicos que envolvem milhares de pessoas. E outras deverão lá chegar dentro de pouco tempo.
Uma destas seis vacinas encontra-se no grupo das farmacêuticas com acordo feito com a União Europeia. Trata-se da AstraZeneca.