209 mortes e 9034 casos de covid-19 em Portugal. 2,7% internados nos cuidados intensivos
Nas últimas 24 horas, foram confirmados mais 783 casos de infeção pelo novo coronavírus (um aumento de 9,5% face ao dia anterior) e mais 22 mortes, segundo a Direção-Geral da Saúde.
Esta quinta-feira faz um mês que foram confirmados os primeiros dois casos de covid-19, em Portugal. E o país tem agora 9034 casos de infeção (um crescimento de 9,5% em relação a ontem), regista 209 mortes e 68 recuperados, mostra o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS), de hoje (2 de abril).
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Entre os infetados com o novo coronavírus, há 1042 hospitalizados e, destes, 240 estão em unidades de cuidados intensivos (são mais dez do que ontem). Oito são profissionais de saúde - sete médicos e um enfermeiro. O boletim da DGS indica também que 4958 pessoas aguardam resultados das análises laboratoriais e mais de 20 mil estão em vigilância pelas autoridades de saúde.
Sobre as condições para receber mais doentes nos cuidados intensivos, o secretário de estado da Saúde, António Lacerda Sales, informou, esta quinta-feira, em conferência de imprensa, que "estamos em condições de duplicar a capacidade de ventiladores".
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António Lacerda Sales já tinha dado conta de que estavam disponíveis 1142 ventiladores, mas hoje acrescentou que "foram oferecidos 400 ventiladores invasivos" e 140 não invasivos, que se somarão aos já existentes. O Estado adquiriu ainda mais "900 ventiladores, 144 chegam este fim de semana ao nosso país", disse o secretário de Estado da Saúde.
Na última semana, a curva de novos casos e de novas mortes abrandou por uns dias (sábado, domingo e segunda), para voltar a aumentar esta terça, quarta e quinta-feira. Sendo que o dia de hoje demonstra uma diminuição da taxa de crescimento dos novos casos em relação aos dois anteriores. Hoje esta taxa é de 9,5%, quando ontem foi de 10,9%. Também as mortes sofreram uma redução de 27 óbitos para 22 hoje. Atualmente, a taxa de letalidade global no país é de 2,3% e a taxa de letalidade acima dos 70 anos é de 9,2%.
Esta redução "pode ser real ou pode ter que ver com a dificuldade na realização dos testes ou até com a forma como os dados estavam a ser contabilizados", explicou, ao DN, Ricardo Mexia, o presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública, que refere ainda ser cedo para análises de maior dimensão à curva epidemiológica portuguesa. Há ainda a ter em consideração o fator meteorológico, como aponta o infeciologista Jaime Nina, uma vez que nos últimos dois dias o tempo tem estado mais encoberto, chuvoso e "o vírus sobrevive melhor ao ambiente mais húmido".
O pico viral da doença em Portugal tem sido apontado para abril pelas autoridades de saúde e descrito como um "planalto" em vez de um momento isolado no tempo, mas esta quinta-feira, a Diretora-Geral da Saúde, Graça Feitas, admitiu que o pico poderá ser atingido mais tarde do que o previsto.
"Estamos a subir a curva, ainda estamos em ascendência, mas esta não é exponencial nem abrupta. Temos tido uma ascendência aplanada, mas não sabemos quando vai ser o pico. Quanto mais lenta for a nossa progressão mais para a frente vai o pico", disse Graça Freitas. "O que nos interessa neste momento é sobretudo saber o número de doentes que temos por semana para termos a certeza de que os conseguimos tratar adequadamente. O objetivo é tratar bem os doentes", acrescentou.
Lisboa é o concelho mais afetado, mas a região norte tem mais casos
Tal como mostravam os dados de quarta-feira, Lisboa continua a ser o concelho com o maior número de doentes de covid-19 em Portugal. Tem 594 pessoas infetadas. Seguem-se os municípios do Porto (556), de Vila Nova de Gaia (418), Gondomar (373) e Maia (361).
Os primeiros oito concelhos são os mesmos do dia anterior, e pela mesma ordem, com Sintra a surgir depois de Lisboa como o concelho mais a Sul, mostrando um total de 224 infetado e ultrapassando Ovar que agora regista 209 casos.
Os primeiros lugares desta tabela são, no entanto, ocupados por concelhos da região do norte, que tem 5338 casos e 107 mortos, segundo a listagem que recolhe dados do SINAVE (Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica). A segunda região com mais casos é a de Lisboa (2207 e 44 mortes), depois o centro (1161, 55), o Algarve (164, 3), o Alentejo (59 casos), os Açores (57) e a Madeira (48).

Boletim Epidemiológico do dia 2 de abril.
"Importa manter a malha apertada"
"Numa altura em que se renova o estado de emergência no país, importa manter a malha apertada ao novo coronavírus. Quer através da contenção social, crucial nos próximos dias, quer robustecendo os mecanismos de resposta do sistema de saúde, capacitando-o para as novas fases da epidemia", disse o secretário de Estado da Saúde, durante a conferência de imprensa.
Questionado sobre se o material que Portugal tem adquirido é eficaz e adequado às necessidades, o presidente da Sociedade Portuguesa de Cuidados Intensivos, João Gouveia, afirmou: "Todo o material que é comprado tem de ter certificados de qualidade". Embora tenha reconhecido que já ouviu relatos sobre o cumprimento dos requisitos da qualidade das máscaras.
Há neste momento, 1124 profissionais de saúde infetados com o novo coronavírus: 206 médicos, 282 enfermeiros e 636 assistentes operacionais e técnicos e de diagnóstico e terapêutica. Estão nos cuidados intensivos, sete médicos e um enfermeiro, atualizou António Lacerda Sales. "São profissionais que também têm estado sempre na linha da frente deste combate", realçou o governante.
Estado de emergência prorrogado por mais 15 dias
O Parlamento aprovou, esta manhã, a prorrogação do estado de emergência até 17 de abril, com os votos a favor do PS, PSD, Bloco de Esquerda e CDS. PCP, PEV, Chega e Joacine Katar Moreira abstiveram-se. A Iniciativa Liberal votou contra.
Momentos antes, o primeiro-ministro dirigia-se aos deputados para dizer que "é absolutamente imprescindível renovar" este estado. "Vamos viver períodos de risco muito acrescido como o da Páscoa. Ainda é muito cedo para poder antever a luz ao fundo do túnel. Seria uma mensagem errada não renovar o estado de emergência", defendeu António Costa.
Sobre o terceiro período do ano letivo, o primeiro-ministro lembrou que será tomada uma decisão na próxima semana. Aos especialistas com que tem reunido semanalmente, Costa pediu que se pronunciem agora especificamente "sobre o risco de abertura nas escolas, seja na data normal, seja noutra fase, seja para todos os anos, seja faseadamente". No dia seguinte, a 8 de abril, o líder do executivo vai ouvir os partidos sobre a reabertura dos estabelecimentos escolares. "Máximo de contenção, mínimo de perturbação" é a máxima que deve continuar a presidir às decisões, diz o primeiro-ministro.
Covid-19 no mundo. Mais de 950 infetados
Os Estados Unidos da América (EUA) são, neste momento, o país do mundo com o maior número de casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus, 215 357, de acordo com os dados oficiais, disponíveis às 12:00. Seguem-se Itália (110 574), Espanha (110 238) e a China (81 589), onde o surto surgiu no final do ano passado. Portugal ocupa o 16.º lugar da tabela mundial.

Quanto ao número de mortes, Itália é o país que mais óbitos declarou até agora (13 155). Depois Espanha (10 003) e os EUA (5 113).
Há 950 652 casos de covid-19 no mundo inteiro, 48 290 mortes e 202 631 recuperados.
Recomendações da DGS
Para que seja possível conter ao máximo a propagação da pandemia, a Direção-Geral da Saúde continua a reforçar os conselhos relativos à prevenção: evite o contacto próximo com pessoas que demonstrem sinais de infeção respiratória aguda, lave frequentemente as mãos (pelo menos durante 20 segundos), mantenha a distância em relação aos animais e tape o nariz e a boca quando espirrar ou tossir (de seguida lave novamente as mãos). E acima de tudo: fique em casa.
Em caso de apresentar sintomas coincidentes com os do vírus (febre, tosse, dificuldade respiratória), as autoridades de saúde pede que não se desloque às urgências, mas sim para ligar para a Linha SNS 24 (808 24 24 24).