Empresa que confecionou carne com listeria assegura que cumpre requisitos de higiene

Surto já infetou mais de 200 pessoas. Segundo a Direção Geral de Alimentação e Veterinária, carne contaminada não é comercializada em Portugal.
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O gerente da Magrudis, empresa espanhola onde foi produzida a carne que originou um surto de listeriose em Espanha e que já afetou mais de 200 pessoas, assegurou que a fábrica em Sevilha tinha um protocolo diário de limpeza e higiene. "Se as bactérias são encontradas em salas de cirurgias como podem não estar na minha fábrica?", disse em declarações ao jornal espanhol ABC.

As declarações de José Marín surgem depois de no domingo a Ordem dos veterinários de Sevilha ter avançado que na origem do surto poderá estar uma falha interna da empresa "muito provavelmente, falta de higiene no processo de fabricação do produto". José Marín assegurou ao jornal que na fábrica foram tomadas todas as medidas para evitar situações "como a deste surto de listeriose, que começou a 15 de agosto, que afetou mais de 200 pessoas e causou a morte a uma mulher de 90 anos.

"Embora isto não signifique a ruína, vai custar-nos muito ultrapassar esta situação", disse o gerente, lamentando a situação em que se encontram as pessoas afetadas pelo surto. O gerente da empresa explicou que "dias antes da carne ser embalada", um relatório externo à Magrudis certificava que a carne assada "não tinha listeria".

José Marín disse também duvidar de que um recipiente de fermento tenha sido contaminado como aponta um relatório preliminar do laboratório municipal de Sevilha, já que "está ajustado a 240 graus". Contudo, o responsável reconhece que depois da carne assada, os dispositivos são levados para uma zona refrigerada. O gerente admite que "teve alguns fracassos empresariais", mas diz que é uma pessoa "honesta e honrada" e insiste que só desejam que não haja vítimas.

O surto de listeriose teve origem na Magrudis onde foi confecionada a carne de marca "Mechá" , embora as análises preliminares tenham revelado que também existia contaminação no lombo com Jerez, no lombo com pimentão e lombo caseiro que esta fábrica distribuiu à empresa Comercial Comercial Martínez León e que foi vendida como marca branca.

Os produtos responsáveis pelo surto são "chincharrón" andaluz (gordura de porco frita), lombo de Jerez, lombo com pimentão, e lombo caseiro temperado com pimentão, da marca "La Mechá" tendo o Ministério da Saúde espanhol recomendado à população que não consuma os produtos de carne embalada desta marca.

Todos os produtos embalados identificados pelo Ministério da Saúde espanhol foram distribuídos na Andaluzia e em Madrid, exceto o lombo caseiro temperado com pimentão que foi comercializado apenas na Andaluzia.

Em Portugal, a Direção Geral de Alimentação e Veterinária esclareceu na quarta-feira passada que a carne contaminada com a bactéria 'Listeria monocytogenes' da marca "La Mechá" e os produtos com origem no fabricante (Magrudis) espanhol, não são comercializados em território português .

A listeriose é uma infeção causada pela bactéria 'Listeria monocytogenes', habitualmente associada ao consumo de alimentos contaminados. De acordo com informação disponível no 'site' SNS24 do Serviço Nacional de Saúde, a listeriose pode causar febre, calafrios, dores musculares, enjoo, vómitos, diarreia.

A Direção Geral de Alimentação e Veterinária alerta os viajantes que tenham como destino as regiões de Madrid e Andaluzia, para a necessidade de adoção de medidas preventivas, nomeadamente a eliminação de produtos da marca que eventualmente possam ter adquirido.

A listeriose tem-se desenvolvido em Sevilha e já infetou mais de 200 pessoas. A gravidade do surto levou o presidente da Andaluzia, Juan Manuel Moreno, a interromper as férias para presidir ao gabinete que está a acompanhar a eclosão da listeriose em Sevilha.

Foram retiradas duas mil embalagens da carne contaminada

O gerente da empresa de Sevilha Magrudis, que fabrica a marca La Mecha, disse ao jornal ABC que já foram recolhidos os dois lotes, com cerca de duas mil embalagens da carne onde foi identificado o foco deste surto de listeriose. "Não sabemos se todo o lote está contaminado ou apenas uma parte", referiu José Marín.

O responsável pela empresa diz ainda que não foi encontrada nenhuma anomalia nas instalações da fábrica ou na rede de produção que possa explicar a contaminação da carne. Marín afirma que poderá ser "um agente externo" o responsável pelo surto. "Não sabemos de onde vem a listeriose", admitiu. Garante, no entanto, que "todos os protocolos de segurança" foram cumpridos e que têm estado a colaborar com as autoridades.

Esta bactéria é particularmente perigosa nas grávidas e nos recém-nascidos. Assim como nos idosos e nas pessoas imunodeprimidas, podendo atingir uma taxa de letalidade de 30%, segundo a Direção-Geral de Saúde.

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