Kaja Kallas, alta representante da UE para a Política Externa
Kaja Kallas, alta representante da UE para a Política ExternaAlexandros MICHAILIDIS / União Europeia

UE classifica como “distração deliberada” alegado ataque da Ucrânia à residência de Putin

Para a chefe da diplomacia da UE, “ninguém” deveria aceitar “acusações infundadas” de quem “atacou indiscriminadamente as infraestruturas e os civis ucranianos desde o início da guerra”.
Publicado a
Atualizado a

A alta representante da União Europeia para a Política Externa, Kaja Kallas, questionou esta quarta-feira, 31 de dezembro, a veracidade do ataque ucraniano à residência oficial do presidente russo, em Novgorod, considerando que se trata de “uma distração deliberada”.

“A afirmação da Rússia de que a Ucrânia atacou recentemente instalações governamentais importantes na Rússia é uma distração deliberada”, afirmou Kallas numa mensagem escrita no seu perfil da rede social X, na primeira reação pública de Bruxelas aos factos denunciados esta semana pelo Kremlin.

Para aquela responsável, “Moscovo pretende frustrar o progresso real para a paz entre a Ucrânia e os seus parceiros ocidentais”, pelo que defendeu que “ninguém” deveria aceitar “acusações infundadas” de quem “atacou indiscriminadamente as infraestruturas e os civis ucranianos desde o início da guerra”.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov, denunciou que as forças ucranianas lançaram, na noite de 28 para 29 de dezembro, até 91 drones – embora tenham sido intercetados – contra a residência presidencial de Vladimir Putin, em Novgorod, refere a agência Europa Press.

A Rússia classificou estes atos como “terrorismo de Estado” e sublinhou que não pretende abandonar a mesa de negociações, limitando-se a dialogar com os Estados Unidos, embora se reserve também ao direito de endurecer as suas posições.

Kaja Kallas, alta representante da UE para a Política Externa
Rússia cria impasse nas negociações de paz ao alegar ataque de Kiev contra residência de Putin

Por seu lado, a Ucrânia acusou a Rússia de tentar boicotar o processo de negociações. Ao mesmo tempo, criticou aqueles que, na comunidade internacional, condenaram um ataque, que, insiste, não aconteceu.

O exército russo reiterou hoje as suas acusações de que a Ucrânia atacou com drones uma residência do presidente Vladimir Putin, publicando um vídeo que mostra um aparelho que teria sido abatido durante o ataque, o que Kiev denuncia como falso.

O Ministério da Defesa russo difundiu um vídeo mostrando um soldado com o rosto tapado ao lado dos destroços de um drone, referindo que a aeronave carregava uma carga explosiva de seis quilos.

A Ucrânia negou imediatamente, apontando a falta de provas e sustentando que Moscovo procurava, dessa forma, justificar um bloqueio das negociações para encontrar uma solução para o conflito, desencadeado pela ofensiva russa em grande escala contra a Ucrânia, em 2022.

Estas acusações levantam dúvidas sobre a continuação das negociações diplomáticas iniciadas em novembro para tentar pôr fim ao conflito mais mortífero na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

Num comunicado divulgado hoje pelo exército russo, um general responsável pelas unidades de mísseis antiaéreos, Alexandre Romanenkov, afirmou que o "ataque terrorista" contra a residência de Putin foi "cuidadosamente planeado".

O exército russo também publicou um mapa mostrando a trajetória dos projéteis lançados durante o alegado ataque, bem como o depoimento de um homem apresentado como morador de uma aldeia localizada perto da residência do presidente russo.

Kaja Kallas, alta representante da UE para a Política Externa
Moscovo vai endurecer posição negocial após acusar Kiev de atacar residência de Putin. Ucrânia pede provas

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt