Putin concorda com cessar-fogo mas levanta dúvidas e frisa que Rússia está na "ofensiva em todas as frentes"

EUA e Ucrânia aguardam a resposta oficial da Rússia à proposta norte-americana para um cessar-fogo de 30 dias, já aceite por Kiev. Trump anunciou que uma delegação de Washington viajou para Moscovo.
Vladimir Putin, presidente da Rússia.
Vladimir Putin, presidente da Rússia.EPA/MAXIM SHEMETOV/POOL

"Espero que a Rússia faça a coisa certa", diz Trump

Donald Trump recebeu hoje na Sala Oval da Casa Branca o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, e abordou a proposta de cessar-fogo, confirmando que o enviado norte-americano Steve Witkoff está em discussões sérias na Rússia e deve encontrar-se em breve com Vladimir Putin.

"Espero que a Rússia faça a coisa certa", disse Trump, repetindo que gostaria de ver um cessar-fogo da Rússia.

O presidente norte-americano falou ainda da conferência conjunta de Putin com o aliado e presidente bielorrusso Alexander Lukashenko esta quinta-feira, referindo que o líder russo fez uma declaração promissora, mas avisou que não foi completa, reiterando que está disponível para conversar com Putin sobre a proposta de cessar-fogo.

O presidente dos EUA, contrariando o seu discurso de críticas à NATO, elogiou Rutte pelo seu papel, dizendo que tem feito "um bom trabalho".

Canadá apela ao apoio a Kiev contra "agressão ilegal" russa

O Canadá, país anfitrião do G7, apelou hoje ao apoio à Ucrânia contra a "agressão ilegal" russa quando a abordagem norte-americana quanto ao conflito divide o grupo das grandes democracias industrializadas.

A unidade do grupo dos países mais industrializados - Alemanha, Reino Unido, Canadá, Estados Unidos, França, Itália e Japão - foi abalada pelo regresso de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, por se ter aproximado do seu homólogo russo, Vladimir Putin, e estar a impor tarifas aos seus aliados mais próximos.

Nos três dias de reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros do G7, em Charlevoix, no Quebeque, a Ucrânia é o assunto principal, dois dias depois de Kiev ter dado luz verde à proposta dos EUA para um cessar-fogo de 30 dias, mais de três anos após a invasão russa.

Na abertura desta sessão formal do G7, a canadiana Mélanie Joly afirmou esperar encontrar formas de as potências "continuarem a apoiar a Ucrânia face à agressão ilegal da Rússia".

"Todos nós queremos ver uma paz justa e duradoura na Ucrânia", disse.

Rússia e a Bielorrússia acusam a NATO de ações "hostis" e "desestabilizadoras" na guerra na Ucrânia

Depois de os presidentes Vladimir Putin e Alexander Lukashenko terem conversado em Moscovo, foi emitida uma declaração conjunta em que a Rússia e a Bielorrússia consideram as ações da NATO "hostis" e "desestabilizadoras" no contexto da guerra na Ucrânia.

Os dois líderes condenam também a natureza da política da União Europeia em relação aos dois países, tendo-a descrito como agressiva e confrontacional.

Os dois líderes adiantam ainda que os dois países estão prontos para tomar medidas militares e diplomáticas em resposta às ações da NATO.

Putin concorda com proposta de cessar-fogo mas levanta dúvidas e frisa que Rússia está na "ofensiva em todas as frentes"

Vladimir Putin afirmou que concorda com a proposta de cessar-fogo, mas levantou dúvidas e salientou que a Rússia "está agora na ofensiva em todas as frentes".

O presidente russo agradeceu a Donald Trump por "prestar tanta atenção à regulamentação do conflito na Ucrânia" e frisou que precisa de falar primeiro com o homólogo norte-americano antes de tomar uma decisão.

"Concordamos com as propostas de cessar-fogo, mas a nossa posição baseia-se no pressuposto de que o cessar-fogo levaria a uma paz a longo prazo, algo que removeria as razões iniciais para a crise", afirmou Putin, que fez referência à sua visita desta quarta-feira à região de Kursk, que está "completamente" sob controlo russo.

Em tais circunstâncias, diz Putin, o cessar-fogo de 30 dias será bom para a Ucrânia e não para a Rússia, salientando que as forças russas estão agora na ofensiva em todas as áreas da frente de combate.

Zelensky acusa a Rússia de "tentar prolongar a guerra"

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky acusa a Rússia de "tentar prolongar a guerra" e desafiou os EUA a obrigarem Moscovo a travar o conflito

Zelensky lembrou que passou mais um dia sobre a proposta dos EUA para um cessar fogo de 30 dias e que "o mundo ainda não ouviu uma resposta significativa da Rússia às propostas feitas".

"Isso demonstra mais uma vez que a Rússia tenta prolongar a guerra e adiar a paz o máximo possível. Esperamos que a pressão dos EUA seja suficiente para obrigar a Rússia a acabar a guerra", disse.

Proposta de cessar-fogo "não passa de uma pausa temporária" para as forças de Kiev, diz assessor do Kremlin

São sinais pouco animadores que chegam da Rússia sobre a proposta norte-americana de um cessar-fogo de 30 dias, já aceite por Kiev. "Moscovo não gosta de uma trégua temporária; está interessada numa solução a longo prazo", disse o diplomata russo Yuri Ushakov, vice-líder da equipa de negociação do Kremlin, segundo o El País.

Ushakov afirmou, numa entrevista, que um cessar-fogo de 30 dias “não é mais do que uma pausa temporária para o exército ucraniano, nada mais”.

Mais tarde, este assessor do Kremlin disse que esta era a sua "opinião pessoal" e que a partilhou, na quarta-feira, com o conselheiro de segurança dos EUA, Michael Waltz.

Rússia terá apresentado aos EUA lista de exigências para o fim da guerra

A Rússia já terá revelado aos EUA uma lista de exigências para um possível acordo que visa o fim da guerra na Ucrânia, em curso há mais de três anos, e o restabelecimento das relações com Washington. A informação foi avançada esta quinta-feira pela Reuters, que cita duas fontes familiarizadas com o processo.

Ainda não é claro, no entanto, quais são as exigências que estão na lista elaborada por Moscovo e se a Rússia está disponível para iniciar conversações de paz com Kiev.

As mesmas fontes revelaram à agência de notícias que as autoridades russas e norte-americanas discutiram os termos durante conversações presenciais e virtuais nas últimas três semanas.

Indicaram ainda que as exigências da Rússia são semelhantes às que já tinha apresentado antes à Ucrânia, aos EUA e à NATO.

As condições dadas a conhecer anteriormente por Moscovo passavam pela não adesão de Kiev à NATO, um acordo para não enviar tropas estrangeiras para a Ucrânia e o reconhecimento internacional de que a Crimeia e quatro províncias ucranianas pertencem à Rússia.

Sobre a proposta dos EUA para um cessar-fogo de 30 dias, já aceite pela Ucrânia, na sequência das conversações entre as delegações de Kiev e Washington, na Arábia Saudita, ainda não foi divulgada uma resposta oficial do presidente russo, Vladimir Putin, que, na quarta-feira, visitou Kursk pela primeira vez desde que as forças ucranianas tomaram parte do território.

Vladimir Putin, presidente da Rússia.
Trump anuncia delegação dos EUA a caminho da Rússia. Zelensky espera que cessar-fogo seja um passo para a paz
Vladimir Putin, presidente da Rússia.
Ucrânia aceita cessar-fogo. Trump vai falar com Putin e avisa que "são precisos dois para dançar o tango"

O presidente ucraniano considerou que as conversações com os EUA foram "construtivas" e disse esperar que um possível cessar-fogo seja um passo para um plano de paz permanente.

Espera-se agora pela posição de Moscovo. O presidente norte-americano, Donald Trump, revelou na quarta-feira que uma delegação dos EUA estava a caminho da Rússia para conversarem sobre a proposta de cessar-fogo de 30 dias.

"Agora depende da Rússia, mas a verdade é que recebemos algumas mensagens positivas sobre o cessar-fogo", declarou Trump. "Tenho esperança que consigamos alcançar um cessar-fogo, mas neste momento está tudo do lado da Rússia", vincou.

Vladimir Putin, presidente da Rússia.
Pressionado para aceitar a trégua, Putin ordena libertação de Kursk
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