Centenas de crianças e adolescentes ucranianos são recrutados pela Rússia através da rede social Telegram e pelo TikTok para fazerem ações de sabotagem na Ucrânia. A notícia é avançada esta quinta-feira, 20 de novembro, pela edição online da estação de televisão britânica BBC, que cita fontes do governo ucraniano e, na sua reportagem, confirma essa informação com o depoimento de alguns desses jovens.Um deles, com o nome fictício de Vlad, de 17 anos, fez em julho 800 quilómetros desde a sua casa no leste da Ucrânia até à cidade de Rivne, no oeste do país, para ir buscar uma bomba e um telefone que estavam escondidos. Como compensação, os russos prometeram-lhe 2000 dólares (pouco mais de 1700 euros) depois de colocar esse engenho explosivo numa carrinha usada pelo serviço de recrutamento militar da Ucrânia."Quando estava ligar os fios, pensei que podia explodir. Pensei que ia morrer", disse, revelando ter recebido ordens para transmitir através do telefone tudo o que fazia para o seu contacto, que detonaria o explosivo de forma remota quando alguém entrasse no veículo.Contudo, neste caso, o ataque foi evitado pelo Serviços de Segurança Ucraniana (SBU) e o jovem foi detido e aguarda julgamento, estando acusado de terrorismo, que lhe pode valer uma pena de prisão até 12 anos.A BBC refere que, segundo os dados do SBU, nos últimos dois anos foram identificados mais de 800 ucranianos como tendo sido recrutados pela Rússia, dos quais 240 são menores de idade e dos quais alguns com apenas 11 anos. "Tentaram recrutar crianças de nove ou dez anos", garantiu Anastasiia Apetyk, especialista ucraniana em cibersegurança.O SBU refere que esse recrutamento por parte da Rússia realiza-se sobretudo através do Telegram, mas também através do TikTok e em plataformas de jogos eletrónicos, onde os jovens são aliciados com dinheiro e não por uma eventual simpatia pela Rússia.No caso de Vlad, tinha-se registado em dois canais do Telegram, onde revelou estar à procura de um emprego remoto. Em cerca de 30 minutos recebeu um contacto de um homem que dizia chamar-se Roman, que falava russo. De início resistiu, mas depois acabou por ser persuadido, tendo começado a fazer tarefas mais fáceis, que foram ficando mais perigosas e, consequentemente, melhor pagas.Há mesmo redes organizadas no Telegram com vídeos de ações realizadas como incêndios e explosões. Num desses canais referidos pela BBC, são oferecidos pagamentos que vão dos 1500 dólares por incendiar uma estação de correios ou 3000 por pegar fogo a um banco..Guerra na Ucrânia. UE critica plano de paz de Trump sem distinção entre agressor e vítima.Polónia acusa a Rússia de estar na origem da "sabotagem" em linha ferroviária. Dois suspeitos identificados.Ataque russo a Ternopil faz 26 mortos, incluindo três crianças, e 22 desaparecidos, diz Zelensky