Vladimir Putin, presidente da Rússia
Vladimir Putin, presidente da RússiaFOTO: EPA/MIKHAIL TERESHCHENKO

Putin classifica sanções dos EUA como "graves" e um "ato hostil" mas está disponível para diálogo

O presidente russo assume que as sanções terão repercussões nas relações bilaterais com Washington, mas revela que pode manter negociações na guerra com a Ucrânia.
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O presidente russo classificou esta quinta-feira, 23 de outubro, as sanções adotadas pelos Estados Unidos contra as duas maiores petrolíferas do país como um “ato hostil”, mas manifestou disponibilidade para prosseguir o diálogo sobre o conflito na Ucrânia.

Em declarações à imprensa russa no Kremlin, Vladimir Putin afirmou que as sanções anunciadas na quarta-feira contra a Rosneft e Lukoil são graves e terão repercussões nas relações bilaterais com Washington, mas acrescentou não prever um "impacto significativo" na economia do país.

"São graves e podem ter algumas consequências, mas não terão um impacto significativo na nossa saúde económica", sustentou.

Zelensky espera “decisão positiva” sobre ativos russos que diz assustar Moscovo

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky disse entretanto, em Bruxelas, esperar uma “decisão positiva” da União Europeia (UE) relativamente à utilização de ativos russos congelados para financiar ajuda a Kiev, apontando que a Rússia está “com muito medo” dessa medida.

“Espero que tomem uma decisão política, uma decisão positiva de alguma forma para ajudar a Ucrânia com esses fundos”, afirmou Zelensky numa conferência de imprensa na sede do Conselho Europeu, depois de ter participado como convidado num debate com os líderes europeus, reunidos numa cimeira em Bruxelas, que tem como um dos principais pontos em agenda a questão da utilização de ativos russos congelados em território europeu para financiar o apoio a Kiev.

De acordo com Volodymyr Zelensky, a Rússia é responsável pela guerra que levou à Ucrânia e “tem de pagar por essa guerra”.

O líder ucraniano considerou que uma das melhores formas de exercer pressão sobre Moscovo para forçar o Presidente Vladimir Putin a sentar-se à mesa das negociações, com vista a um cessar-fogo e um plano de paz, é recorrer aos ativos russos congelados, garantindo que a Rússia “está com muito medo” de que a UE tome essa decisão.

Segundo o presidente ucraniano, os líderes da UE estão “próximos” de alcançar um acordo sobre esta medida.

As discussões neste Conselho Europeu sobre esta matéria, iniciadas hoje de manhã, serão retomadas à noite, dado não terem sido ultrapassados certos obstáculos, designadamente as garantias exigidas pela Bélgica, o Estado-membro onde estão a maior parte dos bens russos congelados, e que não quer suportar todos os riscos legais e financeiros associados.

Questionado sobre as discussões em curso em Bruxelas, Zelensky admitiu que “o diálogo não foi fácil”, mas garantiu que “foi muito bom”, e advertiu para importância de ser alcançado um acordo, sustentando que “o momento de agir sobre os ativos russos é agora”.

A eventual mobilização de ativos russos congelados pelos europeus desde o início da invasão da Ucrânia para continuar a financiar Kiev, proposta pela Comissão Europeia como um “empréstimo de reparação”, que pode ascender a 140 mil milhões de euros, foi dos primeiros pontos em agenda a ser abordado na cimeira em Bruxelas, mas, segundo fontes diplomáticas, ainda não foi possível ultrapassar as resistências da Bélgica.

À entrada para o Conselho, o primeiro-ministro belga, Bart de Wever, explicou que a Bélgica só admite avançar nesta questão se houver “uma mutualização completa do risco, porque existe um grande risco” de reparações a Moscovo e se forem estabelecidas “garantias de que, se o dinheiro tiver de ser reembolsado, todos os Estados-membros contribuirão”.

O primeiro-ministro belga mencionou ainda uma “terceira exigência”, defendendo “que todos os países que têm ativos [russos] imobilizados ajam em conjunto”.

“Há vastas quantias de dinheiro russo noutros países, que têm mantido silêncio sobre este assunto”, frisou.

Na conferência de imprensa de hoje à tarde em Bruxelas, Zelensky foi ainda questionado sobre o encontro da semana passada na Casa Branca, em Washington, tendo respondido com alguma ironia, ao comentar que não conseguiu ainda os desejados mísseis Tomahawks, mas também não haverá “cimeira na Hungria sem a Ucrânia”, referindo-se ao encontro anunciado pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, com o homólogo russo, Vladimir Putin, na capital húngara.

A reunião foi entretanto descartada pelos Estados Unidos, que decidiram antes avançar para sanções a visar o petróleo russo face à manifesta falta de vontade de Moscovo num cessar-fogo na Ucrânia.

“Cada dia traz algo novo. Talvez amanhã tenhamos os Tomahawks”, disse Zelensky.

Segundo fontes diplomáticas, a discussão sobre os ativos russos congelados será retomada hoje à noite, já com a presença do primeiro-ministro português, Luís Montenegro, que deixou Lisboa rumo a Bruxelas à tarde, depois de ter assistido às cerimónias fúnebres do fundador do PSD Francisco Pinto Balsemão.

A Ucrânia tem contado com ajuda financeira e em armamento dos aliados ocidentais desde que a Rússia invadiu o país, em 24 de fevereiro de 2022.

Os aliados de Kiev também têm decretado sanções contra setores-chave da economia russa para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra na Ucrânia.

A ofensiva militar russa no território ucraniano mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

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