Primeiro a sós, depois com as delegaçõesOs dois chefes de Estado vão falar “cara a cara” sobre a guerra iniciada pela Rússia em fevereiro de 2022, quando invadiu o país vizinho para o “desmilitarizar e desnazificar”, como anunciou na altura o líder do Kremlin. Depois de uma primeira conversa apenas com a presença de intérpretes, delegações dos dois países vão juntar-se a Trump e a Putin numa reunião que incluirá um almoço de trabalho.A cimeira, durante a qual serão discutidos também outros temas relacionados com a segurança internacional, está marcada para as 11:30 locais (20:30 em Lisboa), e espera-se que haja uma conferência de imprensa no seu final.A importância do Alasca na relação entre EUA e RússiaO encontro vai realizar-se numa base militar perto de Anchorage, a maior cidade do Alasca, “encravado” entre o Canadá e a Rússia, situada a meros 82 quilómetros do outro lado do estreito de Bering.O Alasca foi uma colónia russa entre 1799 e 1867, quando Moscovo vendeu o território aos Estados Unidos para fazer face às despesas contraídas durante a Guerra da Crimeia (1853-1856), que perdeu para forças conjuntas britânicas, francesas e otomanas.Ironicamente, a Crimeia, anexada de forma unilateral e de forma ilegal segundo o Direito internacional pela Rússia em 2014, é agora um dos pontos de discórdia entre Moscovo e Kiev, enquanto a cimeira no Alasca é considerada decisiva para tentar resolver o pior conflito na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.A ausência de Zelensky e de líderes europeusO presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, apesar de representar uma das partes do conflito. Esta semana, Zelensky e os aliados europeus esforçaram-se para tentar sensibilizar Trump, com quem se reuniram por videoconferência na quarta-feira, para que nada decida nas costas dos ucranianos.Depois dessa reunião, Trump garantiu que pretende telefonar a Zelensky e aos principais líderes europeus para os informar sobre o resultado do encontro presencial que terá com Putin esta sexta-feira.O presidente dos Estados Unidos admitiu ainda dois cenários após falar com os europeus: ou a cimeira corre bem e segue-se nova reunião dos dois já com Zelensky, ou corre mal e não haverá novos encontros.O que está em jogo neste encontroAs posições oficiais de Kiev e Moscovo continuam irreconciliáveis. A Rússia exige a cedência de quatro regiões parcialmente ocupadas pelas suas tropas (Donetsk, Lugansk, Zaporijia e Kherson), além da Crimeia, e que renuncie ao fornecimento de armas ocidentais e a qualquer adesão à NATO. Exigências consideradas inaceitáveis por parte das autoridades ucranianas, no entanto, Donald Trump afirmou na quinta-feira que as duas partes terão de fazer concessões “no que diz respeito às fronteiras, aos territórios”.O que se pode esperar da cimeiraO presidente norte-americano antecipou “um bom encontro” com Putin, mas insistiu que uma reunião que inclua Zelensky seria “mais importante” para o fim da guerra, indicando que há apenas 25% de hipóteses de este encontro não ser satisfatório. Durante esta semana, Trump manifestou também confiança de que Putin deseja chegar a um acordo, apesar de a Casa Branca ter reduzido as expetativas ao afirmar que a reunião servirá para o presidente “obter uma melhor compreensão” da forma de acabar com a guerra. Paralelamente, o líder dos EUA advertiu para “consequências muito graves” para Moscovo se não terminar as hostilidades, embora não tenha fornecido detalhes.No entanto, o Kremlin disse prever “discussões complexas” entre Trump e Putin, mas, frisou, que os dois líderes não vão assinar nenhum documento..Bolsas europeias em alta aguardam encontro entre Trump e Putin.Trump quer cessar-fogo e ameaça com “consequências muito graves”, Putin mantém exigências