Depois de Emmanuel Macron ter anunciado esta quinta-feira que a França vai reconhecer o Estado palestiniano e que irá formalizar esse reconhecimento na Assembleia Geral da ONU, em setembro, outros líderes europeus têm sido pressionados a seguir o caminho traçado pelo presidente francês.Segundo o The Guardian, o primeiro-ministro britânico Keir Starmer está "sob intensa pressão" pelos seus ministros e de mais de um terço dos deputados para que acelere o reconhecimento do Estado palestiniano, em resposta à suspensão da ajuda humanitária por parte de Israel em Gaza, onde há uma crise de fome e desnutrição. A vice-primeira-ministra Angela Rayner e a ministra do Interior Yvette Cooper estão entre as governantes que acreditam que o executivo britânico deve liderar a criação de um Estado palestiniano, juntamente com França.Na sexta-feira, o secretário de Estado britânico, Peter Kyle, afirmou que, embora o reconhecimento do Estado palestiniano “seja um compromisso claro” do Governo do Reino Unido, neste momento “o essencial é concentrar esforços na emergência” humanitária que assola a Faixa de Gaza, onde a fome se agrava a cada dia.“Faremos tudo o que estiver ao nosso alcance, para criar as condições para negociar os objetivos de um Estado palestiniano duradouro e a segurança de que necessita", afirmou, num momento em que cresce a pressão sobre o primeiro-ministro Keir Starmer para que siga os passos da França ou, como já fizeram em maio de 2024, a Espanha, a Irlanda e a Noruega..Macron anuncia que França vai reconhecer Estado da Palestina na ONU em setembro. A mesma tendência é seguida em Berlim, uma vez que o Governo alemão afirmou que “não considera reconhecer um Estado palestiniano a curto prazo".“[A Alemanha] continua a considerar o reconhecimento de um Estado palestiniano como um dos passos finais para a solução de dois Estados”, afirmou o governo alemão num comunicado, reiterando que a segurança de Israel “é de suma importância” para Berlim.Da mesma opinião é a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, que já este sábado afirmou que reconhecer o Estado da Palestina antes da sua criação poderia ser contraproducente."Sou totalmente a favor do Estado da Palestina, mas não sou a favor de o reconhecer antes da sua criação", disse ao jornal italiano La Repubblica. "Se algo que não existe for reconhecido no papel, o problema pode parecer resolvido quando não está", acrescentou.Quem desvalorizou totalmente a tomada de posição de Macron foi Donald Trump, que não se poupou nas palavras: “O que ele [Macron] diz não tem importância.”“O Macron fez a declaração dele, eu entendo, ele é uma pessoa ok, um jogador de equipa. Mas essa é a boa notícia: o que ele diz não interessa, não carrega nenhum peso. Gosto dele, é um bom tipo, mas essa declaração dele não tem nenhum peso”, afirmou aos jornalistas, momentos antes de embarcar rumo à Escócia..Trump desvaloriza Macron sobre reconhecimento da Palestina: “O que ele diz não tem importância”.Já o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal afirmou esta sexta-feira que Portugal "sempre esteve e estará" aberto ao reconhecimento do Estado da Palestina, salientando que a conferência da próxima semana sobre dois Estados (Israel e Palestina) será importante para a decisão.Lembrando que Portugal estará presente na conferência sobre a solução de ter dois Estados soberanos e reconhecidos na região que está atualmente em guerra, que se irá realizar em Nova Iorque, Estados Unidos, de 28 a 30 de julho, organizada pela França e pela Arábia Saudita, Paulo Rangel sublinhou que “esta conferência vai ser agora muito importante”.O primeiro-ministro, disse Rangel, “já indicou uma série de condições [para fazer o reconhecimento do Estado da Palestina] que são paralelas a condições que a França tinha definido e que a França considerou preenchidas”.“Portugal continua em contacto com os seus parceiros e a França é um deles, sem dúvida alguma”, referiu, acrescentando que “Portugal sempre esteve aberto e estará a este reconhecimento”..MNE: Portugal "sempre esteve e estará" aberto ao reconhecimento do Estado da Palestina.O Presidente e o primeiro-ministro de Israel, respetivamente Isaac Herzog e Benjamin Netanyahu, criticaram já a decisão de Macron, considerando que não promoverá a paz no Médio Oriente, a derrota da ameaça do terrorismo e a libertação dos reféns israelitas em poder o Hamas.Netanyahu, por seu lado, defendeu que um Estado palestiniano nestas condições “seria uma plataforma de lançamento para a aniquilação de Israel, não para viver em paz ao lado dele”, sublinhando que a decisão de Macron “recompensa o terror e corre o risco de criar mais um satélite iraniano, tal como Gaza se tornou”.O líder da oposição israelita, Yair Lapid, também expressou indignação nas redes sociais: "Os palestinianos não devem ser recompensados pelos ataques de 07 de outubro [de 2023], nem pelo seu apoio ao Hamas. Um governo em funcionamento, mesmo com trabalho diplomático básico, poderia ter evitado este anúncio prejudicial".No total, 148 Estados já reconhecem a Palestina — três quartos dos membros da ONU. Os Estados Unidos e Israel opõem-se a este plano.