Os líderes dos 27 estiveram esta quarta-feira, 1 de outubro, reunidos num Conselho Europeu informal para discutir questões de defesa e segurança, nomeadamente o muro de drones proposto por Ursula von der Leyen, mas também o apoio à Ucrânia, em particular o uso de ativos russos congelados para empréstimos à Ucrânia, outra proposta da presidente do executivo comunitário. Os dois temas não são consensuais entre todos os chefes de Estado e de governo e as trocas de ideias prolongaram-se mais do que o esperado, estando a conclusão destas discussões marcadas para o Conselho Europeu de dia 23. Embora seja esperado que esta quinta-feira, 2 de outubro, durante a cimeira da Comunidade Política Europeia, um formato alargado a 47 líderes, voltem a estar na agenda, até porque entre os participantes estarão o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, mas também o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.Esta reunião surge depois de países como Polónia, Roménia, Estónia e Dinamarca, todos países da UE e da NATO, terem visto o seu espaço aéreo invadido nas últimas semanas por drones e aviões militares russos - Copenhaga ainda não admitiu claramente que o autor das sucessivas incursões de drones no seu território seja Moscovo, embora já o tenha insinuado. Motivo que levou a que a segurança desta cimeira, e da desta quinta-feira, tenha sido reforçada por tropas e sistemas antidrones enviados por outros países europeus. De acordo com a AFP, militares franceses terão entrado no convés de um petroleiro alegadamente pertencente à “frota fantasma” da Rússia, estacionada na costa de França e suspeita de estar envolvida em voos de drones sobre a Dinamarca no mês passado.“Quando olho para a Europa hoje, acho que estamos na situação mais difícil e perigosa desde o fim da Segunda Guerra Mundial, não da Guerra Fria”, referiu a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, antes de entrar para a cimeira, sublinhando que a Rússia está a travar uma “guerra híbrida” contra a Europa, mas as nações não conseguirão lutar em todas as frentes ao mesmo tempo. No mês passado, logo depois das incursões na Polónia, Ursula Von der Leyen lançou a ideia de se criar o chamado muro de drones - uma rede de sensores e armas para detetar, seguir e neutralizar aeronaves não tripuladas - para proteger o flanco leste da Europa (e da NATO), embora ainda não tenha apresentado detalhes. Uma ideia que esta quarta-feira vários líderes europeus, nomeadamente os vizinhos mais próximos da Rússia, mostraram apoiar, como a chefe do governo da Letónia, Evika Silina, ou o primeiro-ministro finlandês, Petteri Orpo. “A Rússia vai continuar e temos de estar prontos, temos de reforçar a nossa preparação”.Os países mais a oeste mostraram mais reticências sobre o projeto, como o presidente francês Emmanuel Macron, que fez eco do ceticismo de Berlim e defendeu que os europeus precisam de desenvolver sistemas de alerta precoce e adquirir capacidades de ataque profundo “dissuasivas” e comprar mais sistemas de defesa aérea.“Devemos lembrar-nos que as fronteiras da Aliança são muito amplas. Se cometermos o erro de olhar apenas para leste e esquecermos o flanco sul, corremos o risco de não sermos eficazes”, criticou a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, que foi secundada pelo seu homólogo grego, Kyriakos Mitsotakis. Outro dos temas em destaque no encontro desta quarta-feira foi a ideia lançada por von der Leyen de usar ativos russos congelados no Ocidente para fornecer um empréstimo de 140 mil milhões de euros à Ucrânia, com os líderes europeus a manifestarem apoio geral, embora notando que alguns aspetos legais da operação terão de ser ainda esclarecidos.As maiores objeções surgem, sem surpresa, da Bélgica, país onde está sediada a Euroclear, central depositária de valores mobiliários que tem em sua posse 185 mil milhões dos 210 mil milhões de euros de ativos russos que estão detidos na Europa. “O que estamos à espera é de uma proposta jurídica concreta da Comissão”, disse o primeiro-ministro croata, Andrej Plenkovic. “Tenho a certeza de que há formas de o fazer (...), mas precisamos de ter em conta os interesses da Bélgica e... da Euroclear”.O Kremlin avisou esta quarta-feira que Moscovo perseguirá qualquer indivíduo ou país que lhe roube dinheiro e deixou claro que o furto de bens russos terá repercussões negativas nos depositários e investidores europeus. “Estamos a falar de planos para a apreensão ilegal de propriedade russa. Em russo, chamamos-lhe simplesmente roubo”, disse o porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov. “O bumerangue atingirá seriamente aqueles que são os principais depositários, países que estão interessados na atratividade dos investimentos”..Muro de drones e bens congelados russos para Kiev na agenda dos 27.Ações do Kremlin podem levar a “um confronto armado entre a NATO e a Rússia”