Kremlin considera declarações de Trump sobre Rússia e Putin "muito sérias". É preciso analisar, diz Peskov
"As declarações do presidente dos EUA são muito sérias. Algumas delas são dirigidas pessoalmente ao presidente [Vladimir] Putin". A afirmação foi proferida esta terça-feira, 15 de julho, pelo porta-voz do Kremlin, segundo avança a Reuters, em reação à ameaça de tarifas de 100% contra a Rússia caso não haja um acordo dentro de 50 dias sobre a guerra na Ucrânia.
O porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov, manifestou uma posição diferente face àquela revelada pelo vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitry Medvedev, que desvalorizou o "ultimato teatral" de Trump.
"Precisamos certamente de tempo para analisar o que foi dito em Washington. E se e quando o presidente Putin considerar necessário, ele irá definitivamente comentar", disse ainda o porta-voz do Kremlin.
Donald Trump, recorde-se, fez uma declaração, na segunda-feira, sobre a Rússia, ameaçando-a com tarifas caso não seja alcançado um acordo dentro de 50 dias sobre o fim da guerra na Ucrânia. “Estou desapontado com o presidente [russo Vladimir] Putin, pois pensava que chegaríamos a um acordo há dois meses, mas isso não parece estar a concretizar-se. Se não chegarmos a um acordo dentro de 50 dias, é muito simples, [as tarifas] serão de 100%", disse na Sala Oval, na Casa Branca, ao lado do secretário-geral da NATO, Mark Rutte.
Anteriormente, o presidente norte-americano já tinha anunciado que os EUA iriam enviar sistemas de defesa antiaérea Patriot a Kiev. Segundo Trump, o fornecimento de armas faz parte de um acordo com a NATO, que vai pagar aos EUA pelo material que vai enviar para a Ucrânia. "Na verdade, vamos enviar vários equipamentos militares muito sofisticados e eles vão pagar-nos 100%", disse, na altura.
Na reação de Peskov, citado pela Reuters, foi também referida a Aliança Atlântica, mas também a Europa. "As decisões que estão a ser tomadas em Washington, nos países da NATO, e diretamente em Bruxelas, são vistas pelo lado ucraniano não como um sinal de paz, mas como um sinal para continuar a guerra", considerou o porta-voz do Kremlin.
Peskov voltou a afirmar que a Rússia estava pronta para continuar as conversações diretas com a Ucrânia, dando conta que Moscovo aguarda por Kiev para saber quando será a próxima ronda negocial.
Depois de ameaçar a Rússia com "tarifas muito severas", Donald Trump, em declarações à BBC, reiterou o seu descontentamento em relação ao presidente russo, mas disse que não desistiu de alcançar um acordo com Putin.
“Estou desapontado com ele, mas ainda não desisti dele. Mas estou desapontado com ele”, repetiu Trump na entrevista à emissora britânica.