Israel ordena evacuação por "ataque sem precedentes". "Devemos estar no último nível do inferno" em Gaza
As Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) emitiram esta segunda-feira uma ordem de evacuação devido ao alerta de um "ataque sem precedentes" em determinadas regiões da Faixa de Gaza.
O objetivo do anunciado ataque é "destruir as capacidades das organizações terroristas", disse o porta-voz das IDF, Avichay Ardaee, na rede social X.
A ordem de evacuação imediata é destinada às populações de Khan Younis, Bani Suhalia, Abasan e Al Qarara. "As organizações terroristas continuam a lançar rockets a partir das vossas áreas", justificou o responsável pelo exército israelita, citado pela Sky News, bem como pelo The Jerusalem Post.
"Evacuem imediatamente para oeste, para a zona de Al-Mawasi. A ordem de evacuação não inclui os hospitais Al-Amal e Nasser", assegurou Avichay Ardaee.
Médicos sem Fronteiras. "Todas as esperanças foram esmagadas"
Este alerta do exército israelita para mais um ataque em Gaza e a ordem de evacuação acontece no dia em que uma responsável da organização não governamental (ONG) Médicos sem Fronteiras (MSF) afirmou que se vive um "inferno" no enclave palestiniano.
À Sky News, a coordenadora de emergência dos MSF, Pascale Coissard, que está precisamente num dos locais visados pela ordem de evacuação, Khan Younis, no sul de Gaza, descreveu o cenário vivido, no domingo, no território palestiniano, referindo-se, por exemplo, ao Hospital Nasser.
"Neste momento, a maior parte das nossas instalações estão cheias de feridos. Não só a Unidade de Cuidados Intensivos e a unidade de queimados, mas também a extensão das tendas que normalmente só são utilizadas para casos ligeiros - agora estão cheias de feridos", disse Pascale Coissard, referindo que a ala pediátrica dos cuidados intensivos tem crianças com "desfigurações" e "lesões cerebrais".
A responsável dos MSF já tinha estado em Gaza em 2023, depois dos ataques do Hamas no território israelita, a 7 de outubro. Em dezembro desse ano já descrevia o cenário que então viveu como "o inferno na Terra", com "bombardeamentos por todo o lado". "Não conseguíamos dormir por causa do barulho", recordou.
Agora, diz, "tudo está pior". "Todas as esperanças foram esmagadas. Deve haver níveis de inferno, e nós devemos estar no último", afirmou em entrevista à emissora britânica, à qual recordou o episódio de um bebé prematuro que teve alta do hospital, mas teve de voltar à unidade de saúde após ter sido mordido por um rato na tenda que partilha com a mãe.
“É assim que as pessoas estão a viver agora. Nem sequer se conseguem proteger dos ratos”, relatou esta coordenadora dos MSF.