Hamas liberta dois reféns com ligações a Portugal este sábado

Mais de duas horas depois do previsto, o Hamas revelou o nome dos três reféns israelitas que, ao abrigo do acordo de cessar-fogo, deverá libertar este sábado.

Or Levy e Eli Sharabi, ambos com ligações a Portugal, e Ohad Ben Ami são os três reféns que serão libertados, confirmou o gabinete do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.

Or Levy, que tem 34 anos, foi levado do festival Nova, para onde tinha ido com a mulher a 7 de outubro - deixando o filho de dois anos com os avós. Eynav Levy foi morta, mas Or foi levado para a Faixa de Gaza.

Há um ano, o irmão de Levy esteve em Lisboa para chamar a atenção das autoridades portuguesas para a situação do irmão, tendo falado então ao DN, explicando que ambos tinham pensado mudar-se para Portugal com as famílias antes de tudo acontecer.

“Naquela manhã, soube que a minha missão na vida era trazê-lo de volta. Prometi aos meus pais, não sei como tive a coragem de o fazer, mas prometi que o traria de volta. E deixei tudo para trás”, contou Michael Or ao DN.

Eli Sharabi, outro dos que está na lista para ser libertado, era irmão de Yossi Sharabi, um refém que tinha dupla cidadania israelita e portuguesa e que foi dado como morto há um ano.

A mulher de Eli Sharabi e as duas filhas, Noya e Yahel, foram mortas no ataque de 7 de outubro de 2023.

Ben Ami foi raptado pelo Hamas junto com a mulher Raz, que foi libertada durante o primeiro acordo de cessar-fogo e troca de reféns, em novembro de 2023.

Atraso na informação

A informação devia ter sido revelada até às 16.00 locais (14.00 em Lisboa) desta sexta-feira, mas só foi divulgada pelas 16.40.

Segundo o site saudita Al Arabiya, o atraso terá sido deliberado da parte do Hamas, alegadamente em retaliação pelo facto de Israel não estar a aderir ao acordado a nível humanitário.

"A situação humanitária catastrófica em Gaza continua a deteriorar-se perigosamente", disse o Hamas num comunicado, citado pela Reuters.

Em causa, segundo o Hamas, estará o suposto travão israelita à entrada na Faixa de Gaza de tendas e outros abrigos, além de equipamento para remover os destroços e combustível suficiente. O grupo alega ainda que os camiões de ajuda que estão a entrar não são suficientes.

Mais cedo, no Telegram, o Hamas também alegou que o número de doentes autorizados a deixar o enclave palestiniano não é suficiente (diz que só saíram 120) e que Israel estava a impedir os hospitais de tratar os feridos.

Cessar-fogo em risco?

Antes do atraso, tinha sido anunciado que uma delegação de Israel ia viajar este sábado para Doha, no Qatar, para mais uma ronda de negociações com o Hamas, tendo em vista a segunda fase do acordo de cessar-fogo. A primeira fase termina no final deste mês.

As negociações decorrem numa altura em que o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, ainda está nos EUA, tendo prolongado a sua visita mais uns dias depois do encontro com o presidente norte-americano, Donald Trump.

Trump propôs, na reunião, que os EUA assumam o controlo da Faixa de Gaza para a desenvolver economicamente - falou na "Riviera do Médio Oriente" - tendo defendido a saída dos palestinianos do território.