O Governo espanhol afirmou esta terça-feira que o alegado ataque a um dos barcos da flotilha a caminho de Gaza "não teve nada a ver com um drone", sendo "um facto estranho" que "é preciso investigar", e reiterou o apoio diplomático à missão. "A informação de que disponho neste momento, o que informam as autoridades tunisinas, é que não tem nada a ver com um drone, mas que se trata de algum outro tipo de acidente ou incidente. Em qualquer caso, há um facto estranho, para lhe colocar neste momento uma etiqueta diplomática, com a informação que tenho nas mãos, que é preciso investigar" disse o ministro dos Negócios Estrangeiros de Espanha, Jose Manuel Albares.O governante reforçou que os os espanhóis a bordo da Global Sumud Flotilla, entre eles, a ex-presidente da câmara de Barcelona Ada Colau, têm "toda a proteção consular, mas também toda a proteção diplomática" de Espanha..Mariana Mortágua volta a apelar à ação do Estado Português na defesa da Flotilha para Gaza. Albares considerou que o desejável era que não tivesse de haver flotilhas a tentar romper "um bloqueio humanitário" ao território palestiniano de Gaza e que a ajuda entrasse de forma massiva por via terrestre, e revelou que a bordo do barco onde ocorreu uma explosão na última madrugada estavam quatro espanhóis, que estão bem. O ataque ocorreu durante a noite, quando um drone lançou um dispositivo incendiário sobre o 'Family Boat', embarcação com bandeira portuguesa que integra a Flotilha Global Sumud, causando um incêndio que foi controlado pelos tripulantes e passageiros a bordo, entre os quais o ativista Miguel Duarte..Flotilha para Gaza. “Podíamos ter morrido”, diz português a bordo do barco atingido (Veja os vídeos) . A coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, que também participa na missão, apelou a uma reação da comunidade internacional, sublinhando que “nenhuma tentativa de intimidação será bem sucedida”.A flotilha (GSF, na sigla em inglês) difundiu esta terça-feira um vídeo em que mostra o ataque de um drone ao navio da organização ativista, também com bandeira portuguesa, onde viajam membros da direção rumo ao território palestiniano.. O vídeo, gravado às 00:29 desta terça-feira, mostra a chama de um disparo que desce do alto e a imagem e som de um impacto num dos “principais navios” da organização ativista, o Family Boat (Barco da Família), que pegou fogo na sequência do ataque.Num segundo vídeo, com uma tomada de imagem de outro ângulo, percebe-se que o ataque quase atingiu dois ativistas que se dirigiam para o local da embarcação alvejada, quando se encontrava atracada à margem no porto de Sidi Bou Said, em Tunes.A Guarda Costeira tunisina garantiu esta madrugada através de um comunicado que “não existe qualquer ato hostil nem ataque externo”..Barco da flotilha humanitária com bandeira portuguesa atacado por drone em Tunes. Tunísia desmente. O motivo do incêndio, de acordo com a investigação preliminar das autoridades tunisinas, é que “partiu dos coletes salva-vidas” do navio.Os ativistas da GSF acusaram Israel da autoria do ataque em vários vídeos divulgados nas redes sociais.“Quem é o dono deste drone? Estamos em território soberano tunisino”, disse num dos vídeos o brasileiro Thiago Ávila, um dos membros da flotilha atracada em Tunes, onde chegaram no domingo depois de partirem de Espanha no início do mês..Comissão Europeia desencoraja iniciativas como flotilhas humanitárias. Citado pela agência de notícias EuropaPress, o ativista português Miguel Duarte, membro da flotilha, relatou numa conferência de imprensa em Tunes que, durante a noite passada, estava no convés do barco atacado quando viu um drone “a voar” a cerca de três ou quatro metros da sua cabeça.“Chamei o resto da tripulação. Dois de nós ficámos ali com o drone a três ou quatro metros acima das nossas cabeças e vimos como ele se dirigia para a parte da frente, ficou alguns segundos sobre alguns coletes salva-vidas e lançou uma bomba, que explodiu e causou uma grande chama”, afirmou.Miguel Duarte indicou que o ataque causou um incêndio a bordo, que foi prontamente apagado com a ajuda de extintores..Flotilha humanitária com portugueses chega à Tunísia. “Felizmente, todos estão a salvo. Foi um ataque vergonhoso. Não nos vão dissuadir. Palestina Livre", salientou entre os aplausos dos participantes.Outro dos representantes da GSF denunciou que “o bloqueio ilegal de Gaza existe há 17 anos” e afirmou que, durante este período, houve “37 outros barcos que foram intercetados ou atacados”. “Este é o 38.º barco a sofrer um ataque”, lamentou.“Não esquecemos a razão pela qual estamos aqui. Não estamos aqui por nós. Nós não somos a história. A história é o povo palestiniano em Gaza, que sofre há oito décadas com o genocídio e a limpeza étnica, estruturado num Estado colonial de 'apartheid' de uma ideologia racista e supremacista chamada sionismo”, afirmou..Flotilha para Gaza segue viagem mas sem cinco dos barcos mais pequenos. “O que aconteceu mostra ao mundo quem enfrentamos, alguém interessado em impedir a entrega de ajuda humanitária a crianças famintas em Gaza, que tem assassinado trabalhadores de saúde, trabalhadores das Nações Unidas, trabalhadores da Proteção Civil, jornalistas, que tem cometido todos estes crimes de guerra”, salientou.Nesse sentido, reconheceu que a flotilha é “uma missão de alto risco, mas nada comparado com o risco que os palestinianos enfrentam todos os dias em Gaza”. “Eles têm os drones, a violência e as armas. Nós temos tudo o resto. Temos a história do nosso lado. O povo palestiniano nunca se renderá, nem nós”, concluiu..Mau tempo obriga flotilha a regressar a Barcelona. Organização estuda quando poderá voltar a partir para Gaza