O momento em que um dos barcos da frota humanitária rumo a Gaza "foi atingido por um drone", em Tunes, na Tunísia, ficou registado e foi partilhado esta terça-feira, 9 de setembro, pela organização Flotilha Global Sumud (GSF, na sigla em inglês). A Guarda Costeira tunisina desmente um "ataque externo" e afirmou que "não existe qualquer ato hostil".Três portugueses, recorde-se, participam nesta flotilha humanitária: a deputada e coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) Mariana Mortágua, a atriz Sofia Aparício e o ativista Miguel Duarte. Na altura em que a embarcação foi atingida, estava apenas no navio o ativista que diz ter visto, "claramente" um "drone". "O barco navegava sob bandeira portuguesa e todos os passageiros e tripulantes estão bem", afirmou a organização, num comunicado enviado à Lusa, dando conta que está em curso uma investigação. .Barco da flotilha humanitária com bandeira portuguesa atacado por drone em Tunes. Tunísia desmente.Mariana Mortágua pede reação da comunidade internacional. Governo português recolhe informação.A deputada do BE já veio pedir uma reação da comunidade internacional ao que diz ter sido um ataque ao barco de bandeira portuguesa que integra a flotilha humanitária.Segundo a coordenadora do BE, o barco foi atingido de noite, após a troca de turnos de vigia que os ocupantes dos barcos fazem porque "noutras missões anteriores já houve casos de ataques com drones ou de sabotagem dos barcos"."Ontem [segunda-feira] eu, a Sofia [Aparício] e a tripulação ficámos a bordo do barco e os restantes participantes vieram até a terra e depois trocámos e o Miguel [Duarte] foi para o barco (...) e foi nesse momento, durante a noite, que um drone surgiu e lançou um dispositivo incendiário que espoletou um incêndio, que foi controlado pela ação dos tripulantes e dos passageiros que estavam a bordo, com extintores, com graves riscos para todos, mas felizmente controlados”, explicou Mortágua. O primeiro-ministro português afirmou, entretanto, em Pequim, que o Governo está a recolher informações sobre o que se passou com a flotilha humanitária que transporta portugueses.“As informações são muito limitadas e, portanto, eu não poderei acrescentar nada mais que não o facto de ir recolher, precisamente, mais conteúdo informativo para poder depois emitir alguma opinião”, afirmou o primeiro-ministro, que estava ladeado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel.Nas imagens divulgadas nas redes sociais é possível ver que às 00:29, segundo o registo da gravação, o impacto de um objeto num dos "principais navios" da organização ativista, o Family Boat (Barco da Família). Na sequência do que aconteceu, deflagrou um incêndio na embarcação..A organização da frota humanitária mostrou imagens captadas a partir de outro barco da flotilha que "mostram o momento exato em que o Barco da Família foi atingido de cima"..Num outro vídeo partilhado pela Flotilha Global Sumud são reveladas "mais imagens" recolhidas a partir do "circuito interno de TV do Barco da Família confirmando o ataque do drone", escreve a organização da frota humanitária.Nestas imagens é possível ver dois elementos que estavam a bordo do barco a fugir no momento em que a embarcação é atingida.."Podíamos ter morrido", diz ativista português que estava no barco atingido.O testemunho do ativista português, que estava a bordo do navio quando tudo aconteceu, foi partilhado num vídeo que Thiago Ávila, ativista e um dos participantes da flotilha humanitária, partilhou no Instagram. No relato, o português conta que viu, "claramente", um "drone" por cima da sua cabeça. Questionado sobre se tinha a certeza de que tinha sido um ataque com um drone, o português respondeu: "Foi 100% um drone que lançou uma bomba no convés da proa do nosso navio", afirmou Miguel Duarte no vídeo. "Estou bem, mas podíamos ter morrido", disse o ativista..Guarda Costeira desmente "ataque externo" e fala em incêndio a partir dos coletes salva-vidas .Outra versão dos acontecimentos é contada pela Guarda Costeira tunisina, que garantiu esta madrugada através de um comunicado que "não existe qualquer ato hostil nem ataque externo".O motivo do incêndio, de acordo com a investigação preliminar das autoridades tunisinas, é que "partiu dos coletes salva-vidas desse navio".À AFP, a Guarda Costeira afirmou que não tinha detetado "nenhum drone"."De acordo com as constatações preliminares, ocorreu um incêndio nos coletes salva-vidas", disse o porta-voz Houcem Eddine Jebabli à agência de notícias francesa.Os relatos que dão conta da presença de um drone "são completamente infundados", insistiu a Guarda Nacional num comunicado na sua página oficial do Facebook, sugerindo que o incêndio pode ter sido iniciado por uma ponta de cigarro, refere a AFP.De acordo com o porta-voz da guarda costeira da Tunísia, inicialmente, o barco encontrava-se a 50 milhas do porto de Sidi Bou Saïd..Ativistas da GSF, no entanto, acusaram Israel da autoria do alegado ataque em vários vídeos divulgados nas redes sociais."Quem é o dono deste drone? Estamos em território soberano tunisino", disse num destes vídeos Thiago Ávila, um dos membros da flotilha, que se encontrava no porto de Sidi Bou Said, onde as embarcações que partiram de Espanha no início do mês começaram a atracar no domingo, à espera de outras que aí se juntarão até ao reinício da viagem para Gaza esta quarta-feira.De acordo com elementos da organização ativista que estavam a bordo do navio danificado, o incêndio apenas causou danos "superficiais", como é também mostrado noutro vídeo, e o 'Family Boat' integrará a flotilha que seguirá para Gaza. . A GSF garantiu através de um comunicado enviado às redações, incluindo a Lusa, que todos os passageiros e tripulantes estão em segurança, ao mesmo tempo que denunciou o ataque como uma tentativa de "intimidar e frustrar" a iniciativa civil internacional.Wael Naouar, porta-voz da frota magrebina que se junta à que partiu de Barcelona para continuar a travessia prevista para esta quarta-feira, pediu aos tunisinos que fossem para o porto para proteger os navios que aí se encontram.Com Lusa.Comissão Europeia desencoraja iniciativas como flotilhas humanitárias.Flotilha humanitária com portugueses chega à Tunísia