Flotilha para Gaza segue viagem mas sem cinco dos barcos mais pequenos
Quique Garcia/EPA

Flotilha para Gaza segue viagem mas sem cinco dos barcos mais pequenos

Condições do mar atrasaram a partida e reduziram a frota que pretende levar ajuda humanitária ao território palestiniano de Gaza. Enquanto isso, Israel mobiliza reservistas para ocupar cidade.
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A flotilha que saiu de Barcelona no domingo com o objetivo de chegar a Gaza segue o percurso planeado pelo Mediterrâneo, mas sem cinco dos barcos mais pequenos, por causa das condições do mar, disse esta terça-feira, 2 de setembro, a organização.

"Devido às condições meteorológicas extremas da noite passada, cinco das nossas embarcações mais pequenas voltaram [a Barcelona] por razões de segurança", disse a Global Sumud Flotilla, num comunicado.

Segundo a organização, todas as pessoas que seguiam nessas cinco embarcações estão bem e "a missão continua" com 19 dos 24 barcos que saíram de Barcelona e a que se juntarão outros oriundos de outros portos do Mediterrâneo.

"Continuamos firmes no nosso compromisso de chegar a Gaza, de nos juntarmos aos navios que partem de Tunes, Grécia e Itália, e permanecer unidos para quebrar o cerco ilegal de Israel com uma missão humanitária e não violenta", lê-se no mesmo comunicado.

A Global Sumud Flotilla, que pretende levar ajuda humanitária ao território palestiniano de Gaza, saiu inicialmente de Barcelona, no nordeste de Espanha, no domingo à tarde, mas todos os barcos regressaram à cidade horas mais tarde, por causa de uma tempestade no mar.

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Mau tempo obriga flotilha a regressar a Barcelona. Organização estuda quando poderá voltar a partir para Gaza

A frota humanitária, que pretende ser "a maior missão humanitária da história" com Gaza, voltou a sair na segunda-feira ao início da noite, pelas 20:20 locais (19:20).

Integram a Global Sumud Flotilla ("sumud" é uma palavra árabe que significa "resiliência") centenas de pessoas de 44 países, incluindo três portugueses: a deputada e dirigente do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua, o ativista Miguel Duarte e a atriz Sofia Aparício.

Outra das participantes é a ativista sueca Greta Thunberg, que apelou “à resistência” dos cidadãos face “ao fracasso” dos governos para enfrentar “o genocídio” perpetrado por Israel em Gaza.

A organização prevê que a viagem até Gaza leve perto de duas semanas.

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Ativistas, políticos, artistas na "maior missão de solidariedade da história". Flotilha ruma a Gaza no domingo

Israel mobiliza reservistas para ocupar cidade de Gaza

Enquanto isso, o exército de Israel começou esta terça-feira a mobilizar dezenas de milhares de reservistas no âmbito do plano de ocupação da cidade de Gaza aprovado pelo Governo de Benjamin Netanyahu, segundo noticiaram os meios de comunicação israelitas.

A maioria dos reservistas já esteve em Gaza nos últimos meses e agora é obrigada a servir mais três meses, com a possibilidade de um prolongamento em função das necessidades, de acordo com a imprensa israelita.

O jornal Haaretz referiu que foram convocados 60.000 reservistas numa primeira fase, enquanto outros meios de comunicação, como o Ynet, falam de 40.000, referiu a agência de notícias EFE.

No total, de acordo com o Ynet, serão necessários entre 110.000 e 130.000 reservistas para completar a operação, que implica deslocar um milhão de habitantes de Gaza depois de quase dois anos de guerra.

Questionado pela EFE, o exército israelita disse que estava a rever os dados.

O início da mobilização ocorre numa altura em que as forças israelitas avançam no norte e no centro do enclave, atacando partes de Zeitun e Shijaiyah, dois bairros a oeste da cidade de Gaza.

Zeitun, outrora o maior bairro da cidade de Gaza, com mercados, escolas e clínicas, foi transformado no último mês, apresentando agora ruas vazias e edifícios reduzidos a escombros.

Tornou-se numa “zona de combate perigosa”, como as forças de Israel lhe chamaram na semana passada, disse a agência de notícias Associated Press (AP).

A cidade de Gaza é o bastião político e militar do Hamas e, de acordo com Israel, ainda abriga uma vasta rede de túneis, apesar das múltiplas incursões ao longo dos 23 meses da ofensiva israelita.

É também um dos últimos refúgios no norte, onde centenas de milhares de civis estão abrigados, enfrentando a dupla ameaça de combates e fome.

O Haaretz noticiou que nem todos os reservistas agora mobilizados vão para a Faixa de Gaza, dado que alguns serão enviados para bases militares na Cisjordânia ocupada e no norte de Israel.

Alguns reservistas convocaram um protesto para esta terça em Telavive por rejeitarem os planos de ocupação do executivo israelita.

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Israel cometeu “todos os erros possíveis” na ofensiva em Gaza

Israel tem em curso uma ofensiva militar na Faixa de Gaza desde que sofreu um ataque do grupo islamista Hamas em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e 250 reféns.

De acordo com dados divulgados pelas autoridades do enclave palestiniano, a ofensiva lançada por Israel em Gaza já fez mais de 63 mil mortos.

Em 22 de agosto, a ONU declarou oficialmente a fome na cidade de Gaza, depois de os especialistas terem alertado que 500.000 pessoas se encontram numa situação catastrófica.

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