Flotilha para Gaza chega esta terça-feira à noite a zona de risco e avisa que não vai parar
FOTO: TONI ALBIR/EPA

Flotilha para Gaza chega esta terça-feira à noite a zona de risco e avisa que não vai parar

Navio da Marinha italiana que escoltava vai abandonar a Flotilha Global Sumud, que transporta ajuda para Gaza.
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A Flotilha Global Sumud, que transporta ajuda para Gaza, vai entrar esta terça-feira à noite na zona de risco israelita, enquanto um navio da Marinha italiana que a escoltava vai abandonar o ‘comboio’, disseram membros da missão.

“Estamos agora a cerca de 200 milhas da costa de Gaza. Esta noite, o navio da Marinha [de Guerra italiano] 'Alpino' vai parar e regressar”, disse Tony La Piccirella, um dos italianos a bordo da flotilha, acrescentando que os cerca de 50 navios, onde se encontram três portugueses – a líder do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, o ativista Miguel Duarte e a atriz Sofia Aparício –, não vão parar.

“Entraremos na zona de interceção e avançaremos!”, acrescentou o ativista à agência de notícias italiana ANSA, lembrando que a flotilha partiu no início deste mês de Barcelona (Espanha), levando a bordo cerca de 500 ativistas, políticos, jornalistas e médicos de mais de 40 nacionalidades.

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“Não existe um limite fixo para o bloqueio naval, mas ele dura enquanto outros Estados permitirem a Israel fazê-lo”, frisou.

As autoridades italianas, que têm uma fragata a navegar nas proximidades da flotilha, avisaram que não poderiam continuar a garantir proteção quando as embarcações saírem de águas internacionais.

O ministro da Defesa italiano, Guido Crosetto, preveniu um grupo de ativistas representantes da flotilha, durante uma reunião no domingo, que "há risco de efeitos dramáticos" se continuarem com o plano de romper o bloqueio israelita.

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Crosetto apelou para que "prevaleça o sentido de responsabilidade", argumentando que "já há canais" para levar ajuda aos civis palestinianos em Gaza, nomeadamente através de Chipre e com o apoio da Igreja Católica - uma proposta que os ativistas rejeitaram.

Portugal não enviou navios da Marinha para acompanhar a flotilha, mas os portugueses a bordo poderão recorrer às fragatas italianas para proteção consular e humanitária, indicou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel.

Sobre o plano de paz apresentado segunda-feira pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o ativista italiano considerou-a “uma farsa”.

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“A proposta de paz [dos Estados Unidos] é apenas uma farsa, uma proposta de rendição total. Uma venda do território palestiniano a Israel e aos Estados Unidos”, afirmou.

O Presidente norte-americano e o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, apresentaram um plano de paz que prevê que Gaza fique sob protetorado internacional, liderado por Trump e pelo ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair, e avisaram que, se o Hamas não aceitasse, Israel “terminaria o trabalho” de eliminar os militantes que atualmente controlam a Faixa.

A porta-voz italiana da flotilha, Maria Elena Delia, rejeitou esta terça-feira documentos apresentados por Israel, que alegadamente provam ligações da missão ao movimento islamita palestiniano Hamas, classificando-os como “propaganda”.

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“Os documentos mostrados por Israel não provam qualquer financiamento ou controlo do Hamas sobre a Flotilha Global Sumud. Pelo contrário, repetem um padrão preocupante já visto em 2010 com o ‘Mavi Marmara’. Somos uma missão civil e humanitária, sob o olhar atento da Europa e do mundo”, afirmou Delia,

Em 2010, a Flotilha da Liberdade para Gaza, um comboio de seis embarcações que transportavam ajuda humanitária, tentou quebrar o bloqueio de Israel à Faixa de Gaza. Recusando a exigência de Israel de se retirar, a flotilha continuou a navegar em águas internacionais e as forças de ocupação israelitas lançaram um ataque noturno.

Num dos barcos, o "Mavi Marmara", os comandos israelitas alvejaram e mataram nove ativistas dos direitos humanos e um décimo morreu mais tarde devido aos ferimentos, e feriram 50 civis desarmados. Agrediram, também, passageiros das outras cinco embarcações.

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Maria Elena Delia também reagiu ao anúncio das Forças de Defesa de Israel de que tinham encontrado provas do envolvimento do Hamas na iniciativa, considerando-as “propaganda”.

“Exigimos que os documentos sejam entregues na íntegra a entidades independentes: até que isso aconteça, é propaganda, nada prova”, sublinhou.

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