Flotilha rejeita transferir ajuda humanitária em porto israelita. Israel diz que “tomará medidas” para detê-la
FOTO: TONI ALBIR/EPA

Flotilha rejeita transferir ajuda humanitária em porto israelita. Israel diz que “tomará medidas” para detê-la

A proposta era que a Flotilha Global Sumud atracasse na cidade de Ascalon, algo que foi de pronto rejeitado com a alegação de que esta é uma forma de obstruir a entrega de ajuda humanitária.
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A Flotilha Global Sumud, que se dirige para a Faixa de Gaza, rejeitou esta terça-feira, 23 de setembro, a proposta de transferir a ajuda humanitária atracando num porto israelita. Israel assegurou que “tomará as medidas necessárias” para detê-la.

Ao rejeitar a proposta israelita de atracar no porto da cidade de Ascalon para transferir a ajuda, que Israel indicou se encarregaria de entregar em Gaza, a Flotilha Global Sumud salientou que essa é “uma prática recorrente” para obstruir e atrasar a entrega de ajuda humanitária, ao mesmo tempo alertando para possíveis represálias contra o navio por se recusar a aceitar.

Para a flotilha, tal proposta não constitui um pedido neutral, mas uma estratégia para “obstruir de forma deliberada” a entrega da ajuda humanitária que transporta.

“O historial de Israel de intercetar navios, barrar a passagem a colunas e restringir rotas demonstra que a sua intenção não é facilitar a entrega de ajuda humanitária, mas controlá-la, atrasá-la e negá-la”, advertiu a flotilha num comunicado.

Recordou, a propósito, que desde maio deste ano, Israel só permitiu a entrada na Faixa de Gaza de uma média de 70 camiões por dia, quando as agências especializadas das Nações Unidas estimam que seriam necessários entre 500 e 600 para cobrir diariamente as necessidades básicas da população do enclave palestiniano destruído por quase dois anos de guerra.

Alertou também que Israel está “a preparar o terreno” para responder violentamente contra os seus tripulantes - que “estão a atuar legalmente para prestar ajuda” -, ao apresentar “uma missão humanitária pacífica como uma ‘violação da lei’”.

A flotilha instou, por isso, a comunidade internacional a não interpretar as indicações de Israel como simples instruções operacionais, uma vez que representam a continuação do bloqueio, que, segundo investigadores da ONU, faz “parte do genocídio em curso em Gaza” – o uso da fome como arma de guerra.

Por seu lado, Israel acredita que esta recusa da frota reflete que a sua missão não é ajudar o povo de Gaza, mas “abastecer o [movimento islamita palestiniano] Hamas” e advertiu que, se persistirem na sua intenção, tomarão “as medidas necessárias” para impedir a sua entrada na zona de combate e travar qualquer violação ao bloqueio naval” que impôs.

Israel prometeu tomar tais medidas “envidando, ao mesmo tempo, todos os esforços possíveis para garantir a segurança dos passageiros” desta flotilha, indicou o Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita num comunicado.

A Flotilha Global Sumud, composta por cerca de 50 navios com ativistas, políticos, jornalistas e médicos de mais de 40 nacionalidades, incluindo três portugueses (a deputada Mariana Mortágua, o ativista Miguel Duarte e a atriz Sofia Aparício), é considerada a maior flotilha organizada até ao momento.

Em junho passado, Israel deteve no mar os navios da Flotilha da Liberdade que tentaram chegar a Gaza - segundo a organização, em águas internacionais - e deportou os seus membros, alguns dos quais após passarem por prisões israelitas.

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