A Flotilha Global Sumud, que se dirige para a Faixa de Gaza, rejeitou esta terça-feira, 23 de setembro, a proposta de transferir a ajuda humanitária atracando num porto israelita. Israel assegurou que “tomará as medidas necessárias” para detê-la.Ao rejeitar a proposta israelita de atracar no porto da cidade de Ascalon para transferir a ajuda, que Israel indicou se encarregaria de entregar em Gaza, a Flotilha Global Sumud salientou que essa é “uma prática recorrente” para obstruir e atrasar a entrega de ajuda humanitária, ao mesmo tempo alertando para possíveis represálias contra o navio por se recusar a aceitar.Para a flotilha, tal proposta não constitui um pedido neutral, mas uma estratégia para “obstruir de forma deliberada” a entrega da ajuda humanitária que transporta.“O historial de Israel de intercetar navios, barrar a passagem a colunas e restringir rotas demonstra que a sua intenção não é facilitar a entrega de ajuda humanitária, mas controlá-la, atrasá-la e negá-la”, advertiu a flotilha num comunicado.Recordou, a propósito, que desde maio deste ano, Israel só permitiu a entrada na Faixa de Gaza de uma média de 70 camiões por dia, quando as agências especializadas das Nações Unidas estimam que seriam necessários entre 500 e 600 para cobrir diariamente as necessidades básicas da população do enclave palestiniano destruído por quase dois anos de guerra.Alertou também que Israel está “a preparar o terreno” para responder violentamente contra os seus tripulantes - que “estão a atuar legalmente para prestar ajuda” -, ao apresentar “uma missão humanitária pacífica como uma ‘violação da lei’”.A flotilha instou, por isso, a comunidade internacional a não interpretar as indicações de Israel como simples instruções operacionais, uma vez que representam a continuação do bloqueio, que, segundo investigadores da ONU, faz “parte do genocídio em curso em Gaza” – o uso da fome como arma de guerra.Por seu lado, Israel acredita que esta recusa da frota reflete que a sua missão não é ajudar o povo de Gaza, mas “abastecer o [movimento islamita palestiniano] Hamas” e advertiu que, se persistirem na sua intenção, tomarão “as medidas necessárias” para impedir a sua entrada na zona de combate e travar qualquer violação ao bloqueio naval” que impôs.Israel prometeu tomar tais medidas “envidando, ao mesmo tempo, todos os esforços possíveis para garantir a segurança dos passageiros” desta flotilha, indicou o Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita num comunicado.A Flotilha Global Sumud, composta por cerca de 50 navios com ativistas, políticos, jornalistas e médicos de mais de 40 nacionalidades, incluindo três portugueses (a deputada Mariana Mortágua, o ativista Miguel Duarte e a atriz Sofia Aparício), é considerada a maior flotilha organizada até ao momento.Em junho passado, Israel deteve no mar os navios da Flotilha da Liberdade que tentaram chegar a Gaza - segundo a organização, em águas internacionais - e deportou os seus membros, alguns dos quais após passarem por prisões israelitas..Israel avisa flotilha de que não deixará nenhum navio entrar numa "zona de combate".Flotilha que viaja para Gaza denuncia novo ataque incendiário com drone