Espanha vai enviar um navio militar ao encontro da flotilha Global Sumud que está a caminho de Gaza, para o caso de ser necessário dar apoio aos barcos que a integram ou fazer resgates, anunciou esta quarta-feira, 24 de setembro, o primeiro-ministro."O Governo de Espanha exige que se cumpra a lei internacional e se respeite o direito dos nossos cidadãos de navegar pelo Mediterrâneo em condições de segurança", disse Pedro Sánchez, para justificar a saída desde o sul de Espanha, na quinta-feira, de um navio militar "equipado com todos os meios necessários para o caso de ser preciso dar assistência à flotilha e realizar resgates".O primeiro-ministro espanhol, que falava em Nova Iorque, à margem da Assembleia-Geral das Nações Unidas, lembrou que a "flotilha da paz" integra pessoas de 45 países que "vão levar alimentos à população de Gaza e expressar a solidariedade com o povo de Gaza de uma ampla maioria de nações do mundo" e que Espanha já tinha avisado publicamente Israel de que iria "proteger diplomaticamente e do ponto vista político os seus cidadãos".Sánchez sublinhou o objetivo de resgatar os membros da flotilha "em caso de alguma dificuldade".A flotilha Global Sumud, composta por cerca de 50 navios com ativistas, políticos, jornalistas e médicos de mais de 40 nacionalidades, incluindo a ecologista sueca Greta Thunberg e três portugueses (a deputada Mariana Mortágua, o ativista Miguel Duarte e a atriz Sofia Aparício), é considerada a maior flotilha organizada até ao momento."Esperemos que não suceda", afirmou, antes de acrescentar que o navio militar que sai na quinta-feira de Espanha é uma "salvaguarda e uma segurança" para os membros da flotilha, que "estão a expressar a solidariedade de milhões e milhões de pessoas no mundo", como ficou patente na Assembleia-Geral da ONU a decorrer esta semana em Nova Iorque, "onde claramente a imensa maioria de países e, portanto, de sociedades, não aceitam a situação que se está a vier em Gaza".O líder do Governo espanhol voltou a dizer que há um genocídio na Faixa de Gaza.Coube ao Rei de Espanha - e não a Sánchez - falar esta quarta-feira no debate geral da 80.ª sessão da Assembleia-Geral da ONU.Num discurso alinhado com o Governo, o chefe de Estado espanhol não usou a palavra genocídio, mas pediu a Israel para acabar com "o massacre" e os "atos aberrantes" na Faixa de Gaza, considerando ser difícil de entender que estejam a ser cometidos em nome de um povo que "sofreu tanto"."Clamamos, imploramos, exigimos: parem já com este massacre", disse Felipe VI, que considerou não ser possível "ficar em silêncio nem olhar para o outro lado" perante "atos aberrantes" que "repugnam a consciência humana e envergonham o conjunto da comunidade internacional".Foi a primeira vez numa década que Felipe VI falou na Assembleia-Geral da ONU, com o discurso de Espanha a ser normalmente assumido pelo chefe de Governo..Felipe VI pede a Israel: “Parem já com este massacre” em Gaza .Ativista português garante flotilha determinada a chegar a Gaza apesar de explosões intimidatóriasO ativista português Miguel Duarte garantiu esta quarta-feira que a flotilha de 51 navios que transporta ajuda humanitária para Gaza está determinada em chegar ao enclave, apesar das sucessivas tentativas para inviabilizar a missão, que atribui a Israel.Contactado telefonicamente pela agência Lusa, Miguel Duarte denunciou, a partir do navio em que se encontra, atualmente ao largo da ilha grega de Creta, que na noite de terça-feira foram ouvidas 11 "explosões intimidatórias", que danificaram velas e mastros de alguns navios, mas que não se registaram feridos.Um dos navios afetados, adiantou, poderá mesmo abandonar a Flotilha Global Sumud – “estamos ainda a ver se terá de o fazer”, comentou –, composta ainda pelos restantes 50 navios, que partiram no início deste mês de Barcelona (Espanha) e de outros portos, nomeadamente de Itália, com ativistas, políticos, jornalistas e médicos de mais de 40 nacionalidades.A bordo seguem também duas cidadãs portuguesas (a deputada e líder do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, e a atriz Sofia Aparício), além da ecologista sueca Greta Thunberg, que deixou já a direção da Global Sumud e mudou de embarcação, mas que continua a apoiar a missão.Miguel Duarte indicou à Lusa que a flotilha continua a navegar em direção a Gaza, mas de uma forma mais lenta, pois estão ainda a avaliar os danos nos navios afetados pelas explosões de terça-feira à noite.“Se tudo correr bem, poderemos chegar dentro de seis a sete dias a Gaza e entregar a ajuda humanitária que trazemos a bordo”, sublinhou Miguel Duarte, admitindo que tem dúvidas sobre se conseguirão chegar ao enclave palestiniano face à pressão israelita.“Vamos a caminho de Gaza para entregar pessoalmente a ajuda humanitária à população de Gaza”, frisou. Os ativistas recusam entregar a Israel a ajuda que transportam, por considerarem que não chegaria ao povo palestiniano..MNE italiano tenta mediar com Israel entrega de ajuda da flotilha a GazaO ministro dos Negócios Estrangeiros italiano, Antonio Tajani, está a tentar mediar com o Governo israelita uma autorização para que a ajuda humanitária transportada pela Flotilha Global Sumud entre na Faixa de Gaza, indicaram esta quarta-feira fontes ministeriais.“O ministro está em contacto com o Governo israelita e identificou um mecanismo de mediação credível”, segundo as fontes do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) italiano.“O Governo de Itália está a analisar todas as opções para evitar novas ações ofensivas contra os navios da Flotilha”, acrescentaram as mesmas fontes, referindo-se ao ataque com drones sofrido durante a noite, ao largo da Grécia..Flotilha de Gaza denuncia explosões e vários drones ao largo da Grécia. Miguel Duarte considerou que a mediação conduzida por Roma "faz parte de responsabilidade de todos os Estados para garantir segurança [à flotilha] e a chegada da ajuda humanitária” ao enclave palestiniano..Os navios que integram a Flotilha Global Sumud pretendem, com a entrega da ajuda humanitária em Gaza, “quebrar o cerco israelita”, após duas tentativas barradas por Israel em junho e julho.Em junho, Israel deteve no mar os navios da Flotilha da Liberdade que tentavam chegar a Gaza - segundo a organização, em águas internacionais - e deportou os seus membros, alguns dos quais após passarem por prisões israelitas.O Governo israelita afirmou na segunda-feira que não permitiria que a flotilha chegasse a Gaza, onde está quase há dois anos em curso uma guerra, propondo-lhe atracar no porto da cidade israelita de Ascalon, a norte do enclave palestiniano, e transferir a ajuda, que afirmou se encarregaria de fazer chegar ao destino..Flotilha rejeita transferir ajuda humanitária em porto israelita. Israel diz que “tomará medidas” para detê-la. Israel declarou a 07 de outubro de 2023 uma guerra na Faixa de Gaza para “erradicar” o movimento islamita palestiniano Hamas, horas depois de este ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, matando cerca de 1.200 pessoas e sequestrando 251.A guerra no enclave palestiniano fez, até agora, pelo menos 65.419 mortos, na maioria civis, e 167.160 feridos, além de milhares de desaparecidos, presumivelmente soterrados nos escombros e também espalhados pelas ruas, e mais alguns milhares que morreram de doenças e infeções, de acordo com números atualizados das autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.As Nações Unidas declararam no mês passado uma situação de fome em algumas zonas do enclave e, na semana passada, um comité independente da ONU acusou Israel de cometer genocídio na Faixa de Gaza..Comissão da ONU conclui que Israel tem “intenção clara” de controlar Gaza