O BE pediu esta quinta-feira, 25 de setembro, uma audiência urgente com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, para debater a proteção diplomática da flotilha com ajuda humanitária que se dirige a Gaza e é integrada por Mariana Mortágua.Numa missiva assinada pelo dirigente do BE Jorge Costa, membro da Comissão Política do partido, lê-se que “considerando a violação consumada do Direito internacional e o rápido agravamento das ameaças contra a Flotilha Humanitária que ruma à Faixa de Gaza, vem o Bloco de Esquerda solicitar, com caráter de urgência, uma audiência com o senhor Ministro dos Negócios Estrangeiros”.O partido pretende “conhecer as providências já tomadas pelo Ministério para assegurar a proteção diplomática da missão e apresentar contributos para reforçar a resposta do Estado português a este nível”..Espanha envia navio militar para apoiar flotilha que ruma a Gaza.No texto é referido que “na madrugada de quarta-feira, sete embarcações da missão foram alvo de ataques por drones ao largo da Grécia”, e que os “dispositivos lançados por esses aparelhos provocaram explosões em várias embarcações, comunicações foram bloqueadas e um dos barcos sofreu danos consideráveis”.“Esta ação decorreu poucas horas após o Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita ter ameaçado a missão e declarado que não permitirá a aproximação desta ao território de Gaza. Com a Flotilha Humanitária prestes a abandonar águas territoriais gregas e a entrar em águas internacionais, aumenta a preocupação com a sua segurança”, adverte o dirigente bloquista.Jorge Costa salienta que entre as embarcações que integram a flotilha “encontra-se o navio de bandeira portuguesa «Barco Família»”, onde estão a coordenadora nacional do BE, Mariana Mortágua, a atriz Sofia Aparício, e o ativista Miguel Duarte..Flotilha de Gaza denuncia explosões e vários drones ao largo da Grécia. O bloquista argumenta que “a exposição destes nacionais a um contexto de ataques militares em águas internacionais coloca em risco direto as suas vidas e integridade física, além de configurar uma afronta ao Direito internacional e à República Portuguesa”.“Todos estes atos de intimidação são claras violações da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar e de outros instrumentos de Direito internacional que garantem passagem segura a navios civis em águas internacionais. Para o Bloco de Esquerda, é imperativa a adoção imediata de medidas diplomáticas eficazes para inibir novas agressões, assegurar a integridade da Flotilha e a segurança dos participantes e garantir a entrega da ajuda humanitária à população de Gaza”, apela.Considerando a “gravidade dos factos e o compromisso constitucional de Portugal, com a defesa dos direitos humanos e do respeito pelo Direito Internacional”, o BE solicita a Paulo Rangel que, “no mais breve prazo possível”, receba uma delegação da direção do Bloco de Esquerda..Flotilha rejeita transferir ajuda humanitária em porto israelita. Israel diz que “tomará medidas” para detê-la. Na quarta à noite, a coordenadora nacional do BE apelou a uma mobilização social em Portugal para pressionar o Governo a proteger esta missão.“Em Itália, onde houve mobilização com greves, o governo italiano condenou os ataques à flotilha de ontem e mandou um navio da Marinha para poder de alguma forma salvaguardar e acompanhar a flotilha. Em Espanha, o ministro dos Negócios Estrangeiros já criticou publicamente os ataques a esta flotilha e garantiu que haveria consequências”, exemplificou.Pedido apoio da comunidade internacional para travar ataques A Flotilha Global Sumud apelou entretanto à comunidade internacional e a organizações de direitos humanos para pressionarem Israel a pôr fim aos “ataques” contra os membros da iniciativa, destinada a levar ajuda humanitária a Gaza.Numa conferência de imprensa realizada por videoconferência, vários membros do comité diretivo da flotilha – composta por 51 embarcações com cerca de 500 ativistas que partiram de portos de Espanha, Tunísia, Itália e Grécia – alertaram para a possibilidade de novos ataques israelitas “com armas pesadas” nas próximas horas. A flotilha, que integra três portugueses – Mariana Mortágua, líder do partido português Bloco de Esquerda (BE), o ativista Miguel Duarte e a atriz Sofia Aparício – navega desde o início deste mês em direção a Gaza com o objetivo de quebrar o bloqueio israelita e levar ajuda humanitária.Num comunicado anterior, a organização já tinha advertido a comunidade internacional “sobre informações credíveis de inteligência que indicam ser provável que Israel intensifique ataques violentos contra a flotilha, podendo recorrer a armas capazes de afundar embarcações e ferir ou matar participantes”.Os membros do comité sublinharam que os ataques da madrugada de quarta-feira, com “14 explosões”, sobrevoo de “drones não identificados” e “interferências nas comunicações” durante a travessia pelo Mediterrâneo, são sinais do “desespero” de Israel perante os “esforços” dos ativistas.“Os ataques mostram o desespero da entidade sionista em travar os nossos esforços para pôr fim ao genocídio e levar a tão necessária ajuda humanitária a Gaza. Surpreenderia que escolhessem uma resposta diferente”, afirmou Yasemin Acar, integrante do comité.Por outro lado, num comunicado enviado hoje à agência Lusa, o Movimento pelos Direitos do Povo Palestiniano e pela Paz no Médio Oriente (MPPM) manifestou “firme repúdio” pelas ameaças proferidas pelo Governo de Israel contra a Global Sumud Flotilla, e bem assim pelos atos de intimidação de que os ativistas têm sido alvo nos últimos dias, e exige do governo português “proteção e coerência política”.“Portugal deve cessar todas as relações económicas e outras, mormente militares, com Israel, exigir o cumprimento das resoluções da ONU que reconhecem o direito ao retorno dos refugiados palestinianos, desenvolver esforços no sentido da suspensão do Acordo de Associação UE-Israel e a exclusão de Israel do acesso a fundos europeus para programas de investigação e desenvolvimento suscetíveis de utilização para fins militares”, lê-se no comunicado.No mesmo sentido se pronunciou a direção da flotilha, insistindo que, perante a “situação de alto risco”, a comunidade internacional deve “pressionar no sentido de proteger os participantes” da missão.O comité diretivo disse ainda ter tomado “precauções imediatas para reforçar a segurança dos participantes”, sublinhando que estes “estão protegidos pelas Convenções de Genebra e pelo direito marítimo internacional” – a flotilha conta com o apoio de duas fragatas italianas e, em breve, uma espanhola.Israel já garantiu que nenhuma embarcação entrará em Gaza, “uma zona de combate ativa”, pois associa a missão ao movimento islamista palestiniano Hamas, que classifica de “jihadista”, e propõe que a ajuda seja entregue em portos israelitas para ser organizada e distribuída a partir daí.Os organizadores da flotilha, porém, rejeitaram a proposta e classificaram-na como uma “campanha contínua de intimidação e desinformação por parte de Israel”, destinada a “justificar preventivamente uma ação militar contra uma missão humanitária não violenta conduzida por civis”.A flotilha Global Sumud, composta por cerca de 50 navios com ativistas, políticos, jornalistas e médicos de mais de 40 nacionalidades, incluindo a ecologista sueca Greta Thunberg, é considerada a maior flotilha organizada até ao momento..Israel avisa flotilha de que não deixará nenhum navio entrar numa "zona de combate"