A dirigente do Partido Popular (PP) espanhol Noelia Núñez anunciou esta quarta-feira, 23 de julho, a sua demissão de todos os cargos políticos e institucionais, após admitir que falsificou o seu currículo académico. Núñez, de 33 anos, exercia as funções de vice-secretária nacional com a pasta da Mobilização e Desafio Digital do PP e era deputada por Madrid.A decisão surge depois de dois dias de intensa polémica nas redes sociais e nos meios de comunicação espanhóis, motivada pela divulgação de informações falsas no seu perfil oficial do Congresso dos Deputados. Núñez afirmava possuir um "duplo grau em Direito e Ciências Jurídicas da Administração Pública", formação que afinal nunca concluiu. Além disso, indicava possuir uma licenciatura em Filologia Inglesa pela UNED, igualmente inexistente.Em comunicado publicado nas redes sociais, Noelia Núñez reconheceu o erro. “A responsabilidade é a essência da liberdade, e eu assumo a minha. Não, não somos como eles", publicou na rede social X. "Apresentei informação incorreta no Congresso. Assumo toda a responsabilidade pelos meus atos. Penso que os espanhóis não merecem menos do que isto.” A ex-dirigente pediu desculpa “a todos os que se sintam desiludidos”, acrescentando que pedir perdão “não é suficiente” e que toma “a decisão mais difícil em primeira pessoa”. "Reforço que foi um erro e que não houve qualquer intenção de enganar da minha parte", acrescentou.. Apesar de ter reunido com o líder do PP, Alberto Núñez Feijóo, fontes do partido garantem que a decisão de se afastar foi pessoal. Noelia Núñez terá confidenciado a colegas que “não aguentava mais” a pressão pública e a campanha nas redes sociais, que descreveu como "profundamente machista" segundo aliados próximos.Feijóo reagiu publicamente, elogiando a decisão da ex-dirigente: “É um gesto que a honra. Por atos mais graves, o PSOE teria dito para aguentar.” O líder do PP aproveitou ainda para atacar o Governo socialista, afirmando que “os que criticam Noelia sem piedade convivem com a imoralidade e a mentira”.A queda de Noelia Núñez representa a primeira baixa relevante na direção nacional do PP liderada por Feijóo. A dirigente, natural de Fuenlabrada, tinha sido recentemente reconduzida no núcleo duro do partido, com forte apoio do PP de Madrid, liderado por Isabel Díaz Ayuso. Era apontada como uma aposta estratégica junto do eleitorado jovem, com forte presença nas redes sociais e destaque crescente nos meios de comunicação.O escândalo começou a ganhar força quando se tornou evidente que as credenciais académicas apresentadas por Núñez não coincidiam com os registos oficiais. A situação foi denunciada publicamente pelo ministro dos Transportes socialista, Óscar Puente, que apontou “uma falsificação consciente e reiterada”, contrariando os estatutos internos do PP, que exigem “formação adequada” e “honorabilidade” para cargos públicos.Mesmo após a admissão do erro, o PP de Madrid tentou desvalorizar o caso, classificando as críticas como “ataques machistas” e alegando que não houve “intenção de enganar”. No entanto, a pressão pública tornou insustentável a permanência de Núñez..Governos progressistas de todo o mundo, uni-vos: o apelo de Pedro Sánchez para "defender a democracia"