Corina Machado em Oslo: "A Venezuela foi invadida por agentes da Rússia, Irão, Hezbollah e do Hamas"
FOTO: EPA/OLE BERG-RUSTEN

Corina Machado em Oslo: "A Venezuela foi invadida por agentes da Rússia, Irão, Hezbollah e do Hamas"

A Nobel da Paz revelou que o regime de Maduro fez tudo para impedir a sua viagem à Noruega, manifestou o desejo de restaurar "em breve" a democracia na Venezuela, onde garante que vai agora regressar.
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María Corina Machado, líder da oposição venezuelana, já se encontra em Oslo, na Noruega, onde já deu esta quinta-feira, 11 de dezembro, uma conferência de imprensa, um dia depois de a sua filha Ana ter recebido o prémio Nobel da Paz.

Após ter deixado a Venezuela numa lancha na terça-feira e ter apanhado um avião na ilha de Curaçao para a Noruega, Corina Machado explicou que esta viagem foi feita no maior secretismo porque o regime de Nicolás Maduro fez "tudo o que era possível" para impedir a sua saída do país. Está convicta de que as autoridades venezuelanas não sabiam onde estava escondida até agora e, por isso, deixou agradecimentos "a todos os homens e mulheres que arriscaram sua vida" para que ela pudesse estar em Oslo. "Foi uma experiência, mas valeu a pena para estar aqui e contar ao mundo o que está a acontecer na Venezuela", disse.

A opositora venezuelana, de 58 anos, lamentou não ter sido possível marcar presença na cerimónia, devido à operação secreta que envolveu a sua viagem, mas assumiu que o Nobel que lhe foi entregue através da sua filha tem "um significado profundo", porque "lembra ao mundo que a democracia é essencial para a paz".

A Nobel da Paz mostrou em Oslo toda a sua força e determinação na luta contra o regime de Maduro. "Estou muito esperançada de que a Venezuela será livre e consigamos transformar num farol da liberdade", afirmou a Nobel da Paz, que deixou uma certeza no seu discurso: "Vamos restaurar a democracia. Não vamos parar até que isso se torne realidade."

A líder da oposição traçou o objetivo de "tornar a Venezuela num centro democrático e económico das Américas". "Anseio por esse dia e vamos receber todos num país brilhante, democrático e livre. Isso acontecerá em breve", prometeu.

María Corina Machado prometeu que irá levar o seu prémio Nobel da Paz para a Venezuela, para onde diz ir regressar nos próximos dias, apesar da ameaça de prisão que pende sobre si. "Este é um momento de viragem na história do país. Os venezuelanos sentem que o mundo está com eles", sublinhou.

Questionada sobre se apoiaria uma intervenção militar dos Estados Unidos à Venezuela, Corina Machado garantiu que o seu país "já foi invadido" e explicou porquê: "Temos agentes da Rússia, do Irão, há grupos terroristas como o Hezbollah e o Hamas a operar livremente com o apoio do regime. Temos a guerrilha colombiana e os cartéis de droga, que dominam uma parte do país. Foi nisso que se tornou a Venezuela. É um polo do crime nas Américas."

A opositora de Nicolás Maduro sublinhou que "o regime é sustentado por um poderoso sistema de repressão, financiado pelo tráfico e pela venda clandestina do petróleo". "É preciso cortar o apoio a esse sistema, e é isso que pedimos à comunidade internacional", apelou.

Em entrevista à BBC, Corina Machado mostrou-se radiante com o facto de ter reencontrado as suas filhas que não via há muito tempo devido à necessidade de permanecer escondida do regime de Maduro. "Durante mais de 16 meses, não pude abraçar nem tocar em ninguém. De repente, em poucas horas, pude ver as pessoas que mais amo, tocá-las, chorar e rezar com elas", referiu

Sobre o seu regresso à Venezuela, deixou a certeza que irá acontecer. "Claro que vou voltar. Sei exatamente os riscos que estou a correr", disse, não abrindo mão de estar no lugar onde é "mais útil para a causa" pela qual luta há vários anos.

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