A Câmara dos Deputados do Brasil aprovou esta quarta-feira, 10 de dezembro, um projeto de lei que prevê a redução de penas aos condenados dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 e que beneficia o ex-presidente Jair Bolsonaro.Já passava das 02:25 em Brasília [05:25 em Lisboa] quando os deputados do centro direita e direita se juntaram aos parlamentares 'bolsonaristas' e aprovaram o articulado por 241 votos a favor e 141 contra, numa sessão que começou durante a tarde de terça-feira com momentos de tensão, empurrões entre deputados e membros do corpo de segurança legislativa, encerramento da transmissão televisiva e até expulsão de jornalistas.O projeto, votado cerca de duas semanas depois de Bolsonaro ter começado a cumprir a pena de prisão, segue agora para o Senado, cujo presidente, Davi Alcolumbre, já assumiu que será votado até ao final do ano. .Jair Bolsonaro começa a cumprir pena de 27 anos em sala de 12m². O texto-base, apresentado pelo deputado Paulo Pereira da Silva, propõe reduzir as penas de prisão impostas a todos os condenados pelo golpe de Estado contra o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva.O parlamentar, conhecido como "Paulinho da Força", disse que a pena de Bolsonaro poderia ser reduzida dos atuais 27 anos para pouco mais de 2 anos de prisão.Segundo o deputado, este projeto possibilita reconciliação da sociedade."As pessoas que cometeram algum dano ao património ou cometeram algum crime já estão cumprindo pena, já perceberam que não dá para ficar brincando com a democracia", afirmou.Este novo texto estabelece que, quando os crimes de golpe de Estado e de abolição do Estado Democrático de Direito forem cometidos no mesmo contexto, é aplicada apenas a pena mais grave, em vez da soma de ambas.A proposta original previa amnistia, mas entretanto foi alterada para que pudesse receber apoio da direita não 'bolsonarista'. "Um projeto que não é o ideal, é o possível", assumiu o deputado do Partido Liberal Nikolas Ferreira, acrescentando que Jair Bolsonaro, através do seu filho, o senador Flávio Bolsonaro, deu indicações para "dar o sim a este projeto".Entre as mais de 600 condenações, 279 foram por crimes como a tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado, e o projeto - a passar - pode beneficiar, tal como Bolsonaro, Almir Garnier, ex-comandante da Marinha; Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil; Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI); Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e Alexandre Ramagem, deputado federal.Apesar da aprovação deste projeto, os parlamentares 'bolsonaristas' sublinharam que vão continuar a lutar pela amnistia.Bolsonaro começou em 25 de novembro a cumprir uma pena de prisão efetiva de 27 anos e 3 meses, em consequência da condenação em 11 de setembro dos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado; dano qualificado pela violência e ameaça grave e deterioração de património tombado.O ex-presidente nunca reconheceu a derrota eleitoral nas presidenciais de outubro de 2022, lançou críticas infundadas às urnas eletrónicas, incentivou manifestações de caráter antidemocrático em frente a bases militares e, segundo a justiça, projetou planos para permanecer no poder e até matar adversários políticos e judiciários, entre os quais o próprio Lula da Silva e o juiz Alexandre de Moares.Os acontecimentos culminaram nos ataques em Brasília, em 08 de janeiro de 2023.Milhares de apoiantes do ex-Presidente invadiram e vandalizaram as sedes do Supremo Tribunal Federal, do Congresso e do Palácio do Planalto, em Brasília, numa tentativa de golpe de Estado para depor Lula da Silva da Presidência..Com pai preso, filhos de Bolsonaro estão em guerra contra a madrasta