O presidente do Conselho Europeu e a líder da diplomacia europeia passaram o primeiro dia dos seus mandatos em Kiev, num sinal da solidariedade e apoio de Bruxelas à Ucrânia na sua guerra contra a Rússia. Com António Costa e Kaja Kallas foi também a nova comissária do Alargamento, Marta Kos. “Na minha primeira visita desde que assumi funções, a minha mensagem é clara: a União Europeia quer que a Ucrânia ganhe esta guerra. Faremos tudo o que for preciso para isso”, escreveu Kallas no X à chegada do trio a Kiev..“A nossa presença aqui hoje [ontem], no aniversário do referendo sobre a independência da Ucrânia, demonstra o apoio inabalável da União Europeia ao povo ucraniano e a sua luta corajosa por uma paz justa e duradoura”, afirmou o português, tendo a seu lado o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, apelidando de “agressão não provocada, imoral e ilegal” a invasão russa, que “deve ser derrotada”..Costa sublinhou que “a soberania ucraniana, a integridade do seu território e as suas próprias fronteiras devem ser respeitadas”, pois “recompensar o agressor seria uma ameaça para toda a comunidade internacional”, declarando ainda que “devemos deixar claro que a utilização de ameaças nucleares é inaceitável”. Uma ideia que já tinha transmitido no seu discurso de sexta-feira, quando recebeu o testemunho do antecessor, Charles Michel. .“É por isso que viemos aqui para dizer diretamente ao povo ucraniano: estamos convosco desde o primeiro dia desta guerra de agressão e podem contar connosco para continuarmos a estar convosco”, prosseguiu o presidente do Conselho Europeu, avançando que este mês Bruxelas fornecerá a Kiev 4,2 mil milhões de euros adicionais para apoiar o orçamento ucraniano e que, a partir de janeiro, pretende fornecer, durante um ano inteiro, todos os meses, 1,5 mil milhões de euros de assistência. .Esta última verba “provém dos rendimentos dos ativos congelados da Rússia e também pode ser utilizado para fins militares”, esclareceu Costa, que referiu ainda que está a ser preparado mais um pacote de sanções contra a Rússia. .A Ucrânia, que se encontra desde junho oficialmente a negociar a adesão à UE, irá trabalhar com Bruxelas “para abrir pelo menos dois clusters das suas negociações de adesão durante o primeiro semestre do próximo ano”, tendo Costa lembrado ainda que “a integração gradual já está a começar em diferentes áreas políticas, como o roaming, e uma série de produtos que no próximo ano poderão ser comercializados como se a Ucrânia já estivesse no Mercado Único”. .Após o encontro que manteve com Costa e Kallas, Zelensky argumentou que a Ucrânia precisa de mais armas, especialmente de longo alcance, e de garantias de segurança por parte da NATO, reafirmando que convite para Kiev aderir à Aliança “é necessário para a nossa sobrevivência”. .Segundo o Le Monde, Kallas concordou que “a garantia de segurança mais forte é a adesão à NATO”, mas que Bruxelas também não deve “excluir nada” no que diz respeito ao envio de tropas europeias para a Ucrânia para ajudar a impor um possível cessar-fogo. “Devemos manter a ambiguidade estratégica neste assunto”, afirmou a nova líder da diplomacia europeia que, porém, reconheceu que está a tornar-se “cada vez mais difícil” para os 27 concordarem sobre novas formas de apoio a Kiev..ana.meireles@dn.pt