Boavista alvo de buscas. Lucros ilícitos estimados em cerca de 10 milhões de euros
Em queda livre. O Boavista clube e SAD, bem como o ex-presidente das duas entidades, Vítor Murta, foram constituídos arguidos, após as buscas realizadas ontem no Estádio do Bessa, no Porto. A Polícia Judiciária (PJ) está a investigar empresas ligadas ao fenómeno desportivo, por suspeitas de “lucros ilícitos” estimados em 10 milhões de euros.
Em comunicado, a Diretoria do Norte da PJ revelou ter cumprido dez mandados de busca domiciliária e não domiciliária nas regiões do Grande Porto e de Viseu, no decurso de um inquérito dirigido pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) do Porto, recolhendo documentos e equipamento informático relevantes durante as diligências.
As investigações incidem sobre factos ocorridos entre 2023 e 2024, estando em causa suspeitas de fraude fiscal, frustração de créditos e branqueamento de capitais, alegadamente praticados por “quadros dirigentes, contabilistas certificados, escritório de advogado e sociedade de revisores oficiais de contas”.
Segundo o comunicado da PJ: “O modus operandi em causa implicou a utilização de contas bancárias de passagem tituladas por terceiros singulares, transferências internacionais e depósitos em numerário de origem e destino não clarificados, movimentos esses justificados apenas parcialmente e por contratos de empréstimos cruzados que levantavam suspeitas quanto à ocultação de rendimentos, desvio de fundos com vista a prejudicar credores e ulterior branqueamento.”
Segundo imagens recolhidas pela CMTV, os elementos que efetuaram as buscas tiveram de partir o vidro da porta para entrar nas instalações.
Descida de divisão e insolvência
O Boavista vive uma das maiores crises de sempre. Além de ter descido de divisão (terminou a I l Liga 2024/25 no 18.º e último lugar), o clube foi mesmo relegado para os campeonatos distritais, depois de falhar a apresentação das certidões de não dívida à Segurança Social e às Finanças para se inscrever na II Liga e na Liga 3 (ainda decorre o prazo para apresentar recurso junto do Conselho de Justiça da FPF).
O principal acionista, Gérard Lopez , que detém 67,67% do capital social da SAD, teria feito uma transferência no valor de 2, 5 milhões de euros para fazer face aos compromissos urgentes e viabilizar a inscrição, mas o dinheiro não chegou ao destino segundo disse, no dia 26 de junho, Fary Faye, presidente da SAD.
Perante isto, o clube liderado por Rui Garrido Pereira e a SAD comandada por Fary Faye formalizaram o pedido de insolvência junto do Tribunal de Comércio de Vila Nova de Gaia. O campeão nacional em 2000/01 está ainda impedido pela FIFA de inscrever novos jogadores “por tempo indeterminado”. E ainda não sabe como e onde vai jogar na temporada 2025/26.
Os adeptos temem por isso o fim de um clube histórico que enfrenta dívidas no valor de 156 milhões de euros e mais de 200 milhões de passivo.
Com Lusa