Boavista falhou inscrição na II Liga, não pode jogar no Bessa e pode acabar nos distritais
É mais um histórico que cai imerso em dívidas e polémicas. O Boavista falhou a inscrição na II Liga e pode não conseguir certidões para jogar na Liga 3 e ser remetido para os distritais. Para já, segundo soube o DN, além de não saber onde vai jogar na temporada 2025/26 e ter dívidas no valor de 156 milhões de euros, o clube não pode jogar no Estádio do Bessa. O recinto está sem plano de segurança, tendo a Proteção Civil do Porto notificado a Liga Portugal que o Bessa está interdito a eventos desportivos.
A existência de comprovativos de não dívida à Autoridade Tributária e à Segurança Social consta dos pressupostos exigidos no licenciamento dos clubes. Algo confirmado por Fary Faye. “Estou completamente de rastos, peço desculpa, não pensei que isto nos fosse acontecer. Fizemos tudo o que podíamos para inscrever o Boavista, fizemos tudo para ter os papéis, mas o dinheiro não chegou a tempo. Fizemos tudo o que podíamos”, disse esta quinta-feira o presidente da SAD do Boavista.
Isto apesar de ter sido noticiado que o principal acionista, Gérard Lopez , que detém 67,67% do capital social da SAD, teria feito uma transferência no valor de 2, 5 milhões de euros para fazer face aos compromissos urgentes e viabilizar a inscrição.
O antigo jogador revelou ainda que, apesar da instabilidade, preparava a temporada 2025/26 com normalidade e até já tinha contratado quatro jogadores, mas o dinheiro não chegou a tempo e o clube falhou a apresentação das certidões à Segurança Social e às Finanças para se inscrever.
“Esta casa tem 120 anos e o trabalho que fizemos este ano para tentar cumprir com tudo foi reconhecido por muita gente. Pagámos aos jogadores e funcionários, que estavam todos [com ordenados] em dia no final da época, e aos fornecedores. Acho que perceberão que é muito complicado para nós, e sobretudo para mim, chegar a este momento”, disse o dirigente, numa surpreendente conferência de Imprensa.
Fary deitou a toalha ao chão, quando tinha 48 horas (dois dias úteis), para lá do prazo final (quarta-feira, dia 25 de junho à meia noite) para retificar a situação fiscal. Aliás, segundo soube o DN, a Liga Portugal só na segunda-feira vai ratificar todas inscrições e convidar oficialmente a UD Oliveirense, o clube, que, segundo o estatutos, tem direito a ficar com a vaga das panteras. O clube de Oliveira de Azeméis foi despromovido à Liga 3 depois de terminar a última edição da II Liga na 17.ª posição, mas irá agora ser repescado.
O agora dirigente axadrezado revelou algum desnorte face aos últimos acontecimentos: “Há muita coisa que podia dizer, mas, sinceramente, ainda estou um pouco fora de mim, porque não acredito muito no que está a acontecer. O que mais quero é que este clube recupere o respeito e a credibilidade para voltar ao lugar que merece. Comigo ou sem mim, o Boavista nunca vai morrer e é um clube grande. Que tudo se resolva e que o Boavista volte a ser o que era.”
"Esta SAD tem cancro terminal. Uma dívida de 156 milhões de euros"
Outro administrador da SAD, Carmelo Fraile, lamentou um negócio falhado: “Se tivéssemos vendido o Bozeník conseguíamos pagar e inscrever-nos. Esta SAD tem cancro terminal. Uma dívida de 156 milhões de euros, dos quais 56 milhões são garantidos porque a dívida do clube passou para a SAD com a dívida do Estádio. Não pagamos à Autoridade Tributária e não conseguimos inscrever-nos.”
Para já, o campeão nacional em 2000/01 ainda não sabe se consegue o licenciamento para a Liga 3, prova não profissional e organizada pela Federação Portuguesa de Futebol. E ainda ontem o Boavista viu ser-lhe imposto um novo transfer ban por parte da FIFA, que o impede de inscrever novos jogadores “por tempo indeterminado”.
A direção do clube - em divergências com a SAD do Boavista - emitiu um comunicado a manifestar uma “profunda desilusão” com a não inscrição nos campeonatos profissionais e os responsáveis admitem terem sido “todos surpreendidos com a notícia” que “compromete diretamente o futuro”.
isaura.almeida@dn.pt