Os melhores filmes do ano para os críticos do DN

João Lopes escolhe "Joker". Inês N. Lourenço elege "Era uma vez... em Hollywood". E Rui Pedro Tendinha coloca "Nós" em primeiro lugar. Tarantino e Clint Eastwood estão nas listas dos três críticos.
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João Lopes: Made in USA

Se é verdade que o cinema está a morrer, então a crítica encontrará lugar no mesmo caixão. Bem vistas as coisas, porque não? As grandes histórias do ano são, afinal, sagas financeiras. Joker, por exemplo, filme filosófico como poucos: quando consideramos o que custou e calculamos a sua rentabilidade, verificamos que bateu todos os recordes da Marvel. E que dizer de O Irlandês? Depois das recusas de Hollywood, a Netflix gastou 159 milhões e deixou Scorsese em liberdade total. Os dramas "made in USA" são assim: apaixonantes. Talvez por isso, quase não falámos do modo como Florian Henckel von Donnersmarck revisitou as dores da Alemanha para contemplar as feridas da nossa Europa... Será que estamos todos a aguardar a morte do cinema com otimismo? Convenhamos que o funeral é deslumbrante.

1. Joker , Todd Phillips

2. O Irlandês , Martin Scorsese
3. Anoitecer , László Nemes
4. Era uma vez... em Hollywood , Quentin Tarantino
5. Nunca Deixes de Olhar , Florian Henckel von Donnersmarck
6. Correia de Droga , Clint Eastwood
7. Vitalina Varela , Pedro Costa
8. A Pereira Brava , Nuri Bilge Ceylan
9. Monrovia, Indiana , Frederick Wiseman
10. John McEnroe, O Domínio da Perfeição, Julien Faraut

Inês N. Lourenço: As dores do fim de década no cinema

2019 foi um ano de colheita madura. Quase metade desta lista é composta por títulos que concentram níveis elevados de melancolia e diálogos internos com o cinema, como que a contrariar a avalanche dos filmes de super-heróis - um debate que Scorsese acendeu com a sua afirmação de que os filmes da Marvel não são cinema. Ou seja, houve mesmo espaço mediático para pensar os desafios da sétima arte e a sua experiência numa altura de encruzilhadas, com a questão Netflix à cabeça... A Tarantino fica um especial agradecimento por continuar a vingar e dar finais felizes ao que a história não deu.

1. Era Uma Vez em... Hollywood , de Quentin Tarantino

2. Correio de Droga, de Clint Eastwood
3. O Irlandês , de Martin Scorsese
4. Vitalina Varela , de Pedro Costa
5. Em Trânsito , de Christian Petzold
6. Dor e Glória , de Pedro Almodóvar
7. Toy Story 4 , de Josh Cooley
8. Três Rostos , de Jafar Panahi
9. John McEnroe: O Domínio da Perfeição , de Julien Faraut
10. O Traidor , de Marco Bellocchio

Rui Pedro Tendinha: O ano de todos os medos

Deixar de fora grandes filmes por não caberem no top 10. É esse o maior elogio a um ano em que pudemos ter dois regressos de mestres: Quentin Tarantino e Clint Eastwood. Um ano em que Olivia Colman mostrou uma transcendência maior do que a vida em A Favorita, filme menor de um grego que está sobrevalorizado. Um ano também de um Adam Driver capaz de todo e qualquer milagre em Marriage Story, filme que em Portugal não teve direito ao grande ecrã. 2019 teve muitos super-heróis, mas o maior deles foi Pedro Costa, vencedor do Festival de Locarno. O cinema, se tivermos boa vontade, comanda a vida. A vida e a sombra da morte. Em 2020 vamos ter todos saudades de sentir aqueles calafrios do subsolo criado por Jordan Peele em Nós.

1. Nós , Jordan Peele

2. Parasitas , Bong Joon-ho
3. Era uma Vez em ... Hollywood, Quentin Tarantino
4. Glass , M. Night Shyamalan
5. Na Fronteira, Ali Abbasi
6. Marriage Story , Noah Baumbach
7. Doutor Sono, Mike Flanagan
8. Joker, Todd Phillips
9. Correio de Droga, Clint Eastwood
10. O Ritual, Ari Lester

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