Agnetha Fältskog, Björn Ulvaeus, Benny Andersson e Anni-Frid Lyngstad são os famosíssimos ABBA. Além das iniciais dos nomes próprios que juntas deram nome ao grupo, o que os unia quando os ABBA foram criados no início dos anos 1970?Os quatro membros do grupo eram já estrelas na Suécia nos anos 1960. Benny era o teclista da banda de rock mais barulhenta da Suécia, os Hep Stars; Björn era a figura principal do popular grupo de folk rock acústico Hootenanny Singers; Agnetha foi a artista a solo de maior sucesso da Suécia (e compôs todas as suas próprias músicas); Frida também teve uma carreira a solo de sucesso. Benny e Björn deixaram a dado momento as suas bandas e começaram a compor música para outros artistas suecos. Na mesma altura, Benny apaixonou-se por Frida, e Björn apaixonou-se por Agnetha. Esta foi uma grande notícia na altura na Suécia: dois casais de super-estrelas. Depois de Frida e Agnetha terem cantado em algumas gravações de Björn e Benny, eles ficaram impressionados com o som que criaram, e formaram os ABBA em 1972.Os ABBA refletem uma certa Suécia de há cerca de meio século?Sim, muito. Mesmo a Suécia de há um século. O meu livro chama-se no original “Melancolia disfarçada”. Benny disse-me uma vez: “Até as nossas canções mais felizes são tristes na sua essência. Fizemos melancolia disfarçada”. Este sentimento sombrio e melancólico é típico da Suécia, um país com uma cultura formatada por invernos longos e frios. Pode ouvir-se essa saudade do verão na música dos ABBA. A Suécia era também um dos países mais pobres da Europa há 100 anos. Tivemos então um governo social-democrata que criou a Suécia moderna.Quem os inspirou musicalmente no início?Benny aprendeu a tocar acordeão com o seu avô. A música folclórica sueca tocada em acordeão e violino - muito melancólica, com melodias super fortes - é a base dos ABBA. Ouviam também tudo o que passava na rádio pública sueca (as rádios comerciais eram proibidas), incluindo chansons francesas, schlagers alemães, árias italianas, música clássica e música folclórica. A música pop raramente era tocada quando eles estavam a crescer.A música Waterloo com a vitória que deu ao grupo na Eurovisão foi a confirmação do sucesso?Quando os ABBA venceram com Waterloo em 1974, transformaram o Festival Eurovisão da Canção. Antes era uma competição dominada por baladas orquestradas para ouvintes de meia-idade, mas com os ABBA transformou-se numa competição pop. A Eurovisão foi uma grande oportunidade para serem vistos e ouvidos, mas ninguém no mundo pop levava o Festival Eurovisão a sério. Os singles seguintes dos ABBA falharam, e foi apenas com SOS e Mamma Mia, um ano depois, que surgiu a grande oportunidade.Em que países os ABBA tiveram mais sucesso?Na Austrália e no Reino Unido. Foram também um sucesso na América Latina e no Leste Europeu; explico porquê no meu livro.Para si, pessoalmente, quais são as melhores músicas do grupo?Quando fiz a minha primeira sessão de autógrafos na Suécia, fizeram-me esta pergunta e eu respondi: Knowing me, knowing you. Depois, todos na fila queriam que eu escrevesse isto nos seus livros quando assinasse. Desde então, a minha resposta é SOS..O fim do grupo após mais ou menos uma década teve mais a ver com questões pessoais do que artísticas, certo?Principalmente questões pessoais. Os ABBA começaram com dois casamentos e terminaram com dois divórcios amargos. O que tornou os ABBA únicos é que cantavam sobre casamentos que se desmoronavam nas suas músicas, The winner takes it all e When all is said and done. Os ABBA estiveram ativos durante um curto período, de 1972 a 1982. Os seus dois últimos singles em 1982, The day before you came e Under attack, não se tornaram grandes êxitos, e pensaram que tudo tinha acabado; os ABBA ficaram meio esquecidos durante o resto dos anos 1980. De seguida, iniciou-se um revivalismo à sua volta a partir dos anos 90, sem o seu envolvimento, com o musical, com o amor do mundo gay e com a compilação ABBA Gold..A História dos ABBAJan GradvallIdeias de Ler328 páginas22 euros .Como explica o mito dos ABBA, que atrai sucessivas novas gerações?As músicas. O som. É impossível adivinhar quando é que músicas como Dancing Queen foram gravadas. Não soavam como outras músicas pop de há 50 anos e ainda não soam. Os jovens ouvintes acolhem-nas como novas.Como é a relação entre Björn, Benny, Agnetha e Anni-Frid hoje em dia, quatro décadas depois do fim do grupo?Após os divórcios e o longo hiato dos ABBA, estiveram sem se falar durante muito tempo. O meu envolvimento com os ABBA começou em 2013, quando fiz uma reportagem para um jornal, a primeira vez em 30 anos que os quatro membros aceitaram falar com um jornalista. Mas agora são novamente bons amigos e têm orgulho no seu legado.Como sueco, vê este grupo musical como uma das marcas mais fortes do país?Sim. Os ABBA são a coisa mais conhecida que a Suécia tem. Temos o Ingmar Bergman, a Astrid Lindgreen (Pippi das Meias Altas), a Volvo, mas onde quer que vá no mundo, todos relacionam os ABBA à Suécia.Esta é uma biografia autorizada, diz a capa da edição portuguesa do seu livro. Acha que ainda pode haver algo muito importante sobre os ABBA que não foi contado?Não é autorizada. Penso que os ABBA nunca farão uma biografia autorizada. É o meu livro sobre os ABBA. Mas sim posso chamar-lhe biografia autorizada. Todos tiveram a oportunidade de ler o texto antes da publicação para perceber se havia algum erro factual.Existe em 2025 alguma nova banda sueca que precisamos de conhecer?A banda de heavy metal Ghost e o rapper Yung Lean. Aliás, ambos são fãs dos ABBA. Os Ghost fizeram um cover dos ABBA e Yung Lean começou os seus concertos com a instrumental Arrival. A música pop internacional dos últimos 25 anos foi também dominada por compositores e produtores suecos, especialmente Max Martin. Se ouvir êxitos de Ariana Grande, The Weeknd, Taylor Swift, Britney Spears, Troye Sivan, Katy Perry, Coldplay e dezenas de outros, ouvirá melodias suecas melancólicas. .“Sharon afirma que Louis Armstrong é o seu pai, mas ele também claramente disse que ela era a sua filha” .Richard Bueno Hudson: “A segunda língua materna mais falada no mundo não é o inglês, mas sim o espanhol”.“Manter o corpo do último Habsburgo na Igreja do Monte foi decisão da imperatriz Zita e do bispo do Funchal”