Morreu Brigitte Bardot, ícone do cinema francês

Morreu Brigitte Bardot, ícone do cinema francês

A atriz, que nos últimos anos se tornou numa fervorosa defensora dos direitos dos animais, tinha 91 anos.
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A lendária atriz francesa Brigitte Bardot, que "provocou uma verdadeira revolução ao interpretar E Deus... criou a mulher" faleceu aos 91 anos, escreveu o Le Monde.

Bardot, ícone feminino dos anos 1960, atuou em 56 filmes antes de pôr fim à carreira em 1973 e se dedicar à defesa dos animais.

A sua morte foi anunciada pela Fundação Brigitte Bardot. O presidente Emmanuel Macron reagiu no X, onde escreveu: Os seus filmes, a sua voz, a sua glória deslumbrante, as suas iniciais, as suas tristezas, a sua generosa paixão pelos animais, o seu rosto que se tornou Marianne, Brigitte Bardot encarnava uma vida de liberdade. Existência francesa, brilho universal. Ela tocava-nos. Choramos uma lenda do século."

A 28 de setembro de 2024, antes do seu 90.º aniversário, a AFP falou com a atriz e questionou o que mais desejava como presente de aniversário. Ao que ela respondeu: “O mais belo presente que poderia receber, ao fim de 50 anos de súplicas a governos e diferentes presidentes, seria a abolição do consumo de carne de cavalo”. O episódio foi recordado por João Lopes, crítico de cinema do DN, num texto que assinalou a data. E prosseguia: "Assim se dirige ao mundo a mulher que não se importa com a idade - 'Nem a vi chegar!' -, reconhecendo apenas, num comentário meio superficial, que preferia ter 20 anos. Justamente a idade em que o termo sex symbol se lhe colou à imagem, quando ainda faltava vocabulário para explicar o que raio acontecia no instante em que uma câmara apanhava aquele rosto enquadrado por uma divina cabeleira loura, e se perdia na observação de quantos fragmentos de pele estivessem à vista."

A fama chegou em 1956 com E Deus...criou a mulher, o filme de Roger Vadim, então seu marido, cuja cena em que surge nua deitada atrás de um lençol pendurado no estendal entrou para a História do cinema.

Na sua curta carreira, antes de deixar o cinema ainda nem tinha 40 anos, Bardot trabalhou com os grandes nomes do cinema, incluindo o ícone da Nova Vaga, Jean- Luc Godard, em O Desprezo.

Nascida em Paris em 1934, os pais chamaram-lhe Brigitte, um nome alemão e a deusa do fogo, lembra o Le Monde, e cresce num ambiente burguês. É como modelo que começa a carreira, com uma capa da revista Elle, em 1950, a dá-la a conhecer aos franceses. É pouco depois disso que conhece Vadim e começa a relação entre os dois que carimba a entrada de Bardot no mundo do cinema.

"Logo nos anos 50, BB [como ficou conhecida] foi um fenómeno sociocultural, uma atitude feminina moderna e um presságio da revolução sexual da década seguinte. Inspirou uma tese feminista de Simone de Beauvoir, cantou e continuou a dançar sempre, sem ambições hollywoodescas: preferiu manter-se europeia, símbolo de um certo imaginário francês, que permitia a equivalência com Marilyn Monroe na América", escreveu João Lopes pelos 90 anos de Bardot.

Perseguida pelos paparazzi, sufocada pela pressão mediática que Vida Privada, o filme de Louis Malle tão bem retratou, em 1973 Bardot larga o cinema. O resto da vida seria dedicado aos animais, longe dos olhares do público.

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