Saramago, vinho e surf: governo promove Portugal como destino turístico nos EUA

Portugal está hoje em destaque no Weekend Festival do Financial Times, com presença do Secretário de Estado do Turismo Nuno Fazenda e do presidente do Turismo de Portugal Luís Araújo.
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Nunca houve tantos turistas norte-americanos a visitarem Portugal e a partir deste fim de semana é possível que haja mais a querer marcar viagem. Portugal está hoje em destaque no Weekend Festival do Financial Times, em Washington, com duas sessões dedicadas ao país e um espaço de exposição. O presidente do Turismo de Portugal, Luís Araújo, é um dos oradores da sessão "What does luxury travel mean today?", sobre turismo de luxo, e uma das maiores críticas de vinho do mundo, Jancis Robinson, vai fazer uma apresentação sobre vinhos portugueses. Com provas, é claro, porque a qualidade pede degustação.

"É um evento de prestígio onde Portugal quis marcar presença", disse ao Dinheiro Vivo o secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, Nuno Fazenda, que está em Washington, D.C. numa missão alargada de promoção do país.

"O mercado dos Estados Unidos é muito importante para Portugal, porque é já hoje o quarto mercado em termos de turistas que visitam", explicou. "É o mercado que mais tem crescido em termos turísticos em Portugal." Cresceu 27% em dormidas e 52% em receitas turísticas no ano passado, quando comparado com 2019 (pré-pandemia). "Isto diz bem do crescimento que o mercado norte-americano tem tido", frisou o governante.

Mais: os norte-americanos são agora número um no turismo em Lisboa. Vêm sobretudo da Califórnia, o estado com maior procura por férias em Portugal, embora haja crescimento em todas as grandes rotas de ligação - de Boston e Filadélfia a Miami e Chicago. No verão, haverá 137 ligações semanais entre os EUA e Portugal e para o próximo inverno estão garantidas 76.

Engane-se quem pensa que o que motiva os turistas norte-americanos são os artigos a dizer que Portugal é barato. Pode ser um destino competitivo no rácio qualidade-preço, mas está a subir no segmento médio alto. A rede de operadores de turismo de luxo Virtuoso indicou mesmo Portugal como destino número um para o turismo de luxo.

"A cultura, o enoturismo e o surf são dos três principais produtos turísticos procurados pelos americanos", resumiu Nuno Fazenda.

"Uma das motivações-chave anda em torno do turismo cultural, porque Portugal é um país com mais de 900 anos de história", referiu. A outra é a incontornável gastronomia e vinho. E há ainda a dimensão do surf. "Portugal é o melhor destino de surf da Europa", disse o secretário de Estado. "Temos muitos turistas americanos que vão a Portugal por causa do surf."

A parceria entre o Turismo de Portugal e o Weekend Festival do Financial Times realça estes aspetos fundamentais de Portugal como destino turístico, focando-se na literatura e vinhos.

"Saramago e Fernando Pessoa são os dois escritores em destaque, numa lógica de promover os escritores e o turismo literário em Portugal", frisou Nuno Fazenda.

Num evento eclético com nomes de vulto, o intuito é mostrar o país como destino turístico de excelência entre consumidores ávidos e com recursos. Vai falar-se de Portugal num festival que inclui uma conversa com Hillary Clinton, uma sessão com a atriz Jamie Lee Curtis e uma entrevista a Salman Rushdie.

"Termos Portugal em destaque neste evento, no contexto de um debate com fazedores de opinião que nos ajudam pela sua presença", indicou Nuno Fazenda. "Temos também operadores turísticos e agentes de viagens que vão estar presentes nos painéis", continuou, e o público em geral verá o stand com referências culturais.

Por outro lado, a prova de vinhos com Jancis Robinson põe um selo de qualidade no enoturismo português, que o governo considera "muito importante" para diversificar a oferta turística. Isso está ligado a um esforço de promoção do interior do país, que foi alvo de reforço recentemente.

"Essa é uma preocupação que nós temos em termos de política de turismo", afirmou o secretário de Estado, referindo que a ideia é "puxar por destinos do interior" sem prejuízo dos mais consolidados, Lisboa, Algarve, Madeira e Porto. "Queremos levar mais turistas a Portugal mas a todo o país", reforçou.

Isso já se nota em casos como o do Vale do Douro, que é um dos destinos procurados por americanos, porque tem natureza, cultura, história e enoturismo.

A deslocação do secretário de Estado incluiu um seminário aberto na Universidade George Washington e abrangerá também uma reunião no Smithsonian Institution, que acontece este domingo. Aqui, a ideia é estabelecer vias de cooperação no âmbito de Roteiros de Cultura Africana, que possam enriquecer aspetos culturais do turismo em português.

"O objetivo é impulsionar um processo de colaboração entre o Turismo de Portugal e instituições da área da cultura e o Smithsonian Institution, por forma a promover a diáspora e a história de Portugal e os Estados Unidos em África", explicou Nuno Fazenda. O processo está ainda no início.

Os primeiros três meses de 2023 foram os melhores meses de sempre para o turismo português e o resto do ano deverá continuar em alta.

"Temos a convicção de que este vai ser um bom ano turístico, porventura vai superar 2022", antecipou Nuno Fazenda. "As perspetivas que temos das reservas apontam para termos o melhor ano de sempre em termos turísticos, e também no mercado norte-americano."

No acumulado de janeiro e fevereiro, o crescimento foi de 76% em dormidas quando comparado com 2019. As reservas para o resto do ano também já estão acima do planeado.

"O feedback que recebi foi muito positivo do setor que acompanha esta área e nos disse que claramente Portugal tem hoje um nível de notoriedade muito relevante no mercado dos Estados Unidos", afirmou o secretário de Estado. "Portugal é hoje um dos destinos de eleição dos americanos e isso é muito positivo."

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