No dia em que a cidade de Paços de Ferreira acordou com medidas mais restritivas de combate à pandemia da covid-19, foi às autoridades que coube a missão de garantir que os convidados de um casamento, já agendado, não criavam "aglomerados" no exterior da igreja..Com as celebrações e eventos com mais de cinco pessoas proibidos no concelho e múltiplos cartazes espalhados pela cidade a apelar ao cumprimento das regras, o casamento celebrou-se. "67% dos novos casos de covid-19 resultam de convívios familiares. Não faça parte deste número", lia-se num dos cartazes da cidade, onde a presença das autoridades era expressiva..Para André Pinto, de 32 anos, "só o tempo dirá" o efeito que as medidas implementadas pelo Governo tiveram, mesmo que estas sejam "bem-vindas" para ajudar a reduzir o aumento de novos casos de infeção por SARS-CoV-2..(R) Governo recupera medidas do estado de emergência .O jovem, que admitiu à Lusa ser "complicado de avaliar" a realização de celebrações, defendeu que, se não houve "problema em ter 30 mil pessoas na Festa do Avante! não é por 50 pessoas num casamento que haverá".."Até que ponto se define qual é o número de pessoas em que há risco ou não?", questionou..Além do concelho de Paços de Ferreira, também Felgueiras e Lousada têm o dever de permanência no domicílio e a obrigatoriedade de os estabelecimentos encerrarem às 22:00, com algumas exceções..Em Lousada, poucas eram as pessoas que hoje se movimentavam pelo centro da cidade e, se alguns estabelecimentos ainda abertos permaneciam vazios, outros já nem a porta abriram..Carina Rocha, de 24 anos, afirmou à Lusa que o importante é que a população perceba que a pandemia "vai demorar a passar".."O povo português é um povo cansado, acataram as medidas e depois passou. Temos de ter o bom civismo de ficar em casa e o dever de recolher", salientou a jovem, licenciada em Solicitadoria..Apesar de concordar com as medidas, Carina Rocha afirmou que o número de casos de infeção não diminuirá se as pessoas "continuarem a encontrar-se em casa ou a juntarem-se com os amigos". Nas ruas de Lousada, pouca era a fiscalização do cumprimento das regras..Destaquedestaque"Temos de ter o bom civismo de ficar em casa e o dever de recolher".Também em Felgueiras não foi "ainda possível" reforçar o controlo nas ruas, explicaram à Lusa elementos da polícia municipal, composta por 20 elementos, sendo que para tal é necessário o apoio da GNR..Naquele concelho, que acordou também com novas regras, as ruas não se despiram de gente e havia movimento em algumas das principais vias do centro..Apesar disso, "o movimento está reduzido" em comparação a outros dias, disse à Lusa Luís Leite, de 76 anos, para quem as medidas foram necessárias uma vez que o concelho estava "na rutura". "Acho muito bem que o Governo atue desta maneira", afirmou o reformado, acrescentando ser às forças de autoridades que "cabe dar o exemplo".."O exemplo deve vir precisamente das autoridades, veja o que se passou no Porto, um convívio da guarda o pânico que deu (...) Temos de ser todos por um e um por todos", considerou Luís Leite..A pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,1 milhões de mortos e mais de 41,3 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP..Em Portugal, morreram 2.276 pessoas dos 112.440 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde...