Lista de confiança de Rio vai a votos na bancada do PSD

Uma única lista, liderada por um deputada da confiança de Rui Rio, vai nesta quinta-feira a votos para a liderança da bancada do PSD. Pedro Pinto falhou alternativa, apesar de algumas queixas no grupo parlamentar.
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Adão Silva é um dos homens de Rui Rio e a sua lista à liderança da bancada será a única a ser votada nesta quinta-feira (17 de setembro) pelos 79 deputados sociais-democratas. Um dia antes do veredicto da urna, o parlamentar do PSD prometeu empenho para dar toda a "coesão" ao grupo parlamentar. Pedro Pinto, antigo vice de Passos Coelho, desistiu da corrida por sentir falta de apoio dos seus pares, apesar das queixas que existem na bancada, soube o DN.

"Sendo presidente do grupo parlamentar e não tendo outra responsabilidade no partido, vou-me empenhar para que haja maior coesão e solidariedade entre os deputados", afirmou aos jornalistas Adão Silva na véspera da eleição, com a promessa de que haverá mais reuniões e se intensificará o debate para "encontrar as melhores soluções".

Esta promessa do ainda candidato reflete uma tentativa de resposta às queixas que existem na bancada, que apesar de tudo é muito alinhada com a liderança de Rui Rio, visto que já foi formada sob a sua liderança nas últimas legislativas. Precisamente a de alguma falta de coordenação, concentração de responsabilidades num conjunto pequeno de deputados de "confiança", pouco debate interno. Isto sob a batuta do próprio líder, que assumiu a presidência do grupo parlamentar até agora.

Citaçãocitacao"Sendo presidente do grupo parlamentar e não tendo outra responsabilidade no partido, vou-me empenhar para que haja maior coesão e solidariedade entre os deputados."

"Foi um excelente mandato, num tempo muito difícil, ninguém seria capaz de fazer melhor", defendeu Adão Silva, e lembrou que Rio acumulou as duas funções. Lançou ainda um aviso aos poucos que queiram desalinhar da sua liderança. "Há quem pense que o grupo parlamentar é uma instância autónoma, e os deputados são eleitos, mas do ponto de vista estatutário é um órgão do PSD." Por isso, defendeu articulação total entre o partido e a bancada parlamentar.

Adão Silva escolheu para seus vice-presidentes os deputados Afonso Oliveira, Carlos Peixoto, Catarina Rocha Ferreira (única que é novidade entre os que já eram vices de Rio), Clara Marques Mendes, Luís Leite Ramos e Ricardo Batista Leite, e como secretários António Ventura e Hugo Carneiro.


Pedro Pinto, que foi frequentemente crítico de Rui Rio, ainda ensaiou disputar a liderança da bancada contra Adão Silva. Numa carta enviada aos pares, o antigo vice de Passos confessou que a vontade de mudança que sente "colide com o receio que todas as mudanças transportam e com o conforto do conhecido, vencendo assim a audácia de alguns, conduzindo à imobilização de todos".

Quando anunciou a intenção de avançar, Pedro Pinto contava ter a seu lado Pedro Rodrigues, antigo líder da JSD, Álvaro Almeida, Emídio Guerreiro e José Cesário, e ainda terá convidado outros deputados. "Mas alguns devem ter recuado, e isso fê-lo desistir", afirmou ao DN uma fonte da bancada parlamentar. A lista tinha de ser apresentada até esta terça-feira, às 18.00, e teria de ser subscrita por 5% dos deputados, ou seja, quatro, mas que não podem coincidir com os nomes propostos.

Na mensagem que enviou aos deputados, Pedro Pinto diz: "Sei que, por vezes, o nosso tempo não é o tempo da maioria. Sei que nesses momentos é necessário aguardar e caminhar lado a lado. Nesses momentos, ensinou-me a experiência, é necessário aguardar que a audácia vença a inércia e que todos possamos, em conjunto, construir as necessárias transformações para que possamos fazer mais e melhor pelos portugueses."

Frisa ainda que continua a considerar "determinante" valorizar a função de deputado do PSD "e potenciar a sua representatividade, criatividade, energia e capacidade política e combater o processo de funcionalização", que considera ter-se acentuado no partido.

Citaçãocitacao"Nesses momentos, ensinou-me a experiência, é necessário aguardar que a audácia vença a inércia e que todos possamos, em conjunto, construir as necessárias transformações para que possamos fazer mais e melhor pelos portugueses."

Quando anunciou a intenção de avançar, na semana passada, Pedro Pinto prometeu que, se fosse eleito presidente do grupo parlamentar, as reuniões da bancada passariam a ser semanais, quando atualmente são mensais e não se realizavam desde março por causa da pandemia.

Apesar das queixas sobre a gestão do grupo parlamentar, Rui Rio tem uma bancada que foi escolha sua e poucas são as vozes críticas desde outubro do ano passado, muito longe das guerras que lhe foram feitas pela anterior, que era muito fiel a Pedro Passos Coelho e que se rebelou várias vezes contra a nova direção social-democrata. Figuras como Carlos Abreu Amorim, Teresa Morais ou Paula Teixeira da Cruz nunca esconderam as divergências com Rui Rio.

Uma bancada "rebelde" logo a começar pelo então líder parlamentar Luís Montenegro, que acabou por tentar disputar a liderança a Rui Rio, mas também pelo seu sucessor Hugo Soares, que o atual líder do PSD acabou por afastar para dar o lugar a Fernando Negrão.

O mal-estar foi tanto em fevereiro de 2018, na hora de eleição de Negrão, que o antigo ministro da Justiça de Passos acabou por ser eleito apenas com 35 votos a favor, 32 brancos e 21 nulos, ou seja, apenas 39,3% dos votos, o resultado mais baixo de sempre na eleição de um líder parlamentar do PSD.

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