Inglaterra mobiliza-se para fabricar ventiladores. Já há 13 projetos
A falta de ventiladores é um dos principais problemas identificados no combate ao novo coronavírus covid-19. Em Inglaterra os projetos multiplicam-se. Um grupo de fabricantes britânicos vai começar a produzir ventiladores médicos para o serviço nacional de saúde britânico esta semana. Deram-lhe o nome de Ventilator Challenge UK, um consórcio de 14 empresas, incluindo Airbus, Rolls-Royce, BAE Systems, Ford, McLaren, GKN, Meggitt, Renishaw, Thales, Siemens e Ultra Electronics, e já tem uma encomenda de dez mil dispositivos de ajuda à respiração.
A empresa de tecnologia Dyson revelou que assinou um contrato formal, na semana passada, para o fabrico de 10 mil exemplares do seu protótipo CoVent, que foi projetado em cerca de duas semanas. No entanto o aparelho ainda não foi aprovado pelo regulador do setor. E enquanto o CoVent espera pela aprovação final - o que pode atrasar a produção durante semanas -, o Ventilator Challenge UK avança já esta segunda-feira a dar seguimento a dois projetos existentes.
Um é o modelo preferido dos médicos do governo, o codinome Project Oyster, que envolve pequenos ajustes em um design existente de uma empresa pouco conhecida em Oxfordshire chamada Penlon. A produção está programada para começar esta semana, com a aprovação da Agência Reguladora de Produtos Médicos e Cuidados de Saúde (MHRA).
Paralelamente segue um outro projeto, o Project Penguin, envolverá o aumento da produção de um modelo fabricado pela empresa de equipamentos médicos Smiths Medical numa fábrica em Luton. Ambos os projetos progrediram sob a supervisão do MHRA, para garantir que os dispositivos atendam às especificações estabelecidas pelos médicos.
Além de emprestar espaço de fábrica e conhecimento logístico, as empresas transferiram alguns de seus engenheiros mais qualificados dos principais projetos da empresa para trabalhar no esforço do ventilador.
A chegada do primeiro lote pode aliviar a pressão política sobre Boris Johnson, que testou positivo para o covid-19, depois de ser tornado público que o governo britânico perdeu a oportunidade de participar de quatro esquemas de compras de ventiladores da União Europeias devido a um "problema de comunicação".
Para já o governo tem 8175 ventiladores, mas recorreu à indústria britânica para ajudar a produzir 30 mil numa questão de semanas, de forma a dar resposta ao aumento de casos em Inglaterra. Até este domingo o Reino Unido registou 1228 mortes devido à covid-19, entre 19 522 casos positivo.
Segundo o jornal The Guardian , o governo está a analisar pelo menos 13 propostas separadas de empresas que oferecem para suprir o déficit esperado dos dispositivos médicos, tendo reduzido as opções para sete. Uma dela é a do consórcio de sete equipes de Fórmula 1, incluindo Aston Martin, Mercedes-AMG e Renault, que têm estado a trabalhar em vários projetos de ventiladores, sob o nome de Project Pitlane.
As empresas que já fabricam ventiladores também estão a aumentar a produção. A Breas UK, sucursal britânica de uma empresa sueca, triplicou a produção e passou a laborar sete dias por semana. Já a Inspiration Healthcare, sediada em Crawley, assinou um contrato de 4 milhões de libras com o governo para importar cerca de 500 dispositivos de Israel e dos EUA.
Em Portugal também se multiplicam os esforços no fabrico de ventialadores. Em Cascais, por exemplo, nasceu um projeto para fazer ventiladores e doá-los. A Air4all é um projeto de um empresário de Cascais - Pedro Monteiro, CEO da Morphis Composites, uma fábrica de peças de carbono - que resolveu dinamizar para produzir, em tempo recordes, ventiladores que possam ser fornecidos gratuitamente a hospitais que deles careçam para o tratamento do covid-19.