"Air4all" é um projeto português que quer fazer ventiladores para oferecer aos hospitais

Empresas e empresários nacionais, unindo profissionais de diversos ramos, direcionam a produção para equipamentos necessários no combate ao covid-19. Em Cascais nasceu um projeto para fazer ventiladores - e doá-los.
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"Air4all". Assim se chama o projeto de um empresário de Cascais - Pedro Monteiro, CEO da Morphis Composites, uma fábrica de peças de carbono - resolveu dinamizar para produzir, em tempo recordes, ventiladores que possam ser fornecidos gratuitamente a hospitais que deles careçam para o tratamento do covid-19.

Já existe um protótipo e um segundo está a ser desenvolvido, no Instituto Gulbenkian de Oeiras. Ainda não há data para quando os ventiladores poderão ser disponibilizados mas tudo tem vindo, desde dia 13 deste mês, a ser desenvolvido a grande velocidade.

A Air4all envolve investigadores do Instituto Gulbenkian, professores do Instituto Superior Técnico (que Pedro Monteiro frequentou), engenheiros de diversas áreas, investigadores, médicos de diversas especialidades, enfermeiros, farmacêuticos, advogados, designers e empresas industriais.

Helena Simão de Almeida, uma farmacêutica do grupo dinamizador do projeto, diz que o custo de produção de cada ventilador será, no máximo, de dois mil euros. Mas o que se pretende é juntar mecenas e uma iniciativa de crowdfunding para que depois seja possível criar uma linha de produção - de preferência numa fábrica já com experiência na matéria - e fornecer estes equipamentos de forma gratuita aos hospitais.

Do ponto de vista do licenciamento, tudo o que é preciso, segundo adiantou, é uma notificação ao Infarmed. Ou seja: nos casos do equipamento - prossegue a mesma fonte - não é preciso autorização explicita (como nos caso dos medicamentos), apenas um deferimento tácito.

De velas para viseiras...

Na indústria portuguesa já surgiram outros casos de empresas que, para acudir à crise do covid-19, estão a produzir equipamento hospitalar, mesmo estando essa produção completamente fora do que é o seu core business.

A Velas Pires de Lima, empresa de Matosinhos do velejador Pedro Pires de Lima, que fabrica velas náuticas, começou há dias a produzir viseiras de proteção para uso de pessoal médico ou de pessoas que, trabalhem em IPSS de assistência a sem-abrigos. Com a produção de velas reduzida a quase zero, o know how, os materiais e os trabalhadores da empresa foram colocados ao serviço desta nova prioridade.

...e de cerveja para desinfetante

Já o grupo Super Bock e a Destilaria Levira estabeleceram uma parceria para a produção de gel desinfetante para as mãos a partir de álcool de cerveja. O produto será posteriormente oferecido a três unidades hospitalares da região do Porto.

Em Setúbal, a Autoeuropa, fábrica do grupo VW, suspendeu a produção de automóveis (num primeiro momento até 29 de março mas essa paragem vai prolongar-se pelo menos até 12 de abril).

Contudo, um grupo de trabalhadores voluntariou-se para continuar a ir à fábrica para produzir fatos e viseiras de proteção para serem usadas pelos profissionais de saúde, usando nomeadamente as valências da fábrica em termos de impressão 3D. Pelo menos dois hospitais - Santa Maria e Curry Cabral, ambos em Lisboa - já receberam material ali produzido.

Projeto "Atena"

Na sexta-feira, o primeiro-ministro visitou, em Matosinhos, o CEiiA (Centro para a Excelência e Inovação na Indústria Automóvel), local onde está a ser desenvolvido um protótipo de ventilador pulmonar que a equipa responsável espera ter pronto na próxima semana.

O projeto chama-se "Atena" - alusão à deusa grega da sabedoria e das artes, Minerva para os romanos - envolvendo também a comunidade médica e a indústria.

De acordo com o presidente do CEiiA, José Rui Felizardo, o objetivo é ter cem ventiladores prontos até ao final de abril, 400 até maio e dez mil em seis meses.

"A importância da comunidade médica na fase de conceção e teste do produto tem de ser sublinhada, bem como o empenho da nossa equipa de trabalho. Há bastante otimismo. Estamos a trabalhar num longo turno com muita motivação", disse Felizardo.

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