"Ideia ingénua". Ministro arrasa estudo que propõe idade da reforma aos 69 anos
"A ideia de que a solução está em aumentar em três anos a idade da reforma é algo ingénua, para não dizer que é precipitada." Foi assim que o ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, José António Vieira da Silva, reagiu ao estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos, que indica que passar a idade da reforma para os 69 anos será a solução para a almofada financeira das pensões durar para lá de 2070.
Confrontado com essas conclusões no Fórum TSF, o ministro diz que o estudo pretende "abrir o mercado ao privado" através de propostas como "o plafonamento e a capitalização individual".
Vieira da Silva frisa que o sistema de pensões "não vive fora do mundo" e que a sustentabilidade do modelo tem de passar sim pela aposta na economia (para trazer mais contribuintes) e pela diversificação de financiamento do mesmo. "De que vale ter um aumento da idade da reforma em três anos se a maior parte das pessoas com essa idade estão no desemprego? Muitos estariam a receber o subsídio de desemprego. Não estariam a contribuir, não estariam a aumentar as receitas do sistema, estariam a degradar a sua situação pessoal", explicou.
"Não é possível resolver a sustentabilidade financeira ou social do sistema de pensões se a economia estiver a andar para trás. Se não houver emprego e salários, as contribuições baixam. E se baixarem as contribuições, os défices aparecem", acrescentou o ministro.
Vieira da Silva diz desconhecer alguma "experiência histórica de mudança radical da idade da reforma" e acredita que esse prazo deve ser ajustado progressivamente, como tem vindo a acontecer: "Em média, a idade da reforma tem crescido um mês a cada ano."