A mentira sobre as férias de Costa durante os fogos é organizada

O candidato do PS foi interpelado na rua por um cidadão que o acusou de estar de férias durante os incêndios de 2017. A reação foi dura. Mas é um facto que uma página, chamada PSD Europa, divulga essa fake news no Facebook. E que há vários sites a difundi-la
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A forma como António Costa reagiu hoje, sexta-feira, no último dia de campanha, a um cidadão que o acusou de estar de férias durante os trágicos acontecimentos de 2017, quando os incêndios provocaram mais de 60 vítimas mortais, é o assunto do dia. O primeiro-ministro, e cabeça de lista do PS por Lisboa, retorquiu. Negou que estivesse de férias. Exaltou-se com a acusação. E, mais tarde, ao falar com os jornalistas, acusou "a direita" de usar o tema na campanha.

A acusação, falsa, que lhe foi feita está, de facto, publicada no Facebook desde quarta-feira, 2 de Outubro, numa página chamada PSD Europa.

A página, que publica muitas fake news sobre o PS, o BE e o PCP, e divulga ações de campanha do PSD, não é oficial. Mas há, no entanto, um número de telefone associado (+32 488 63 10 37) e surge identificada, pelo Facebook, como pertencendo a um "partido político". O Polígrafo já identificou o seu autor, Jorge Afonso, militante do PSD.

Entretanto, várias páginas de militantes do PSD, como André Coelho de Lima e o "PSD Concelho de Odemira", que também publicaram histórias alusivas ao mesmo assunto, retiraram-nas, como atestam os registos do MediaLab do ISCTE, que acompanhou este caso com o DN.

Rui Rio também usou o mesmo argumento, de que Costa estaria de férias na altura dos incêndios. O gabinete de António Costa desmentiu essa acusação: "Em 17 de Junho de 2017, o primeiro-ministro não estava de férias e no dia 18 de manhã estava em Pedrógão reunido com os presidentes de câmara dos concelhos mais atingidos. Os presidentes de câmara da Sertã ou da Pampilhosa, por exemplo, podem confirmá-lo. Os deputados do PSD-Leiria também estiveram com o primeiro-ministro quando visitou o posto de comando." E acrescentou: "nos dias seguintes o primeiro-ministro coordenou os apoios de emergência e a preparação dos trabalhos de reconstrução. Esteve presente com o Presidente da República, o presidente da Assembleia da República e - a seu convite - todos os líderes partidários no primeiro funeral."

O tema, apesar de facilmente contrariado por factos simples, é o centro de uma campanha organizada no Facebook. Numa das principais páginas de divulgação de mentiras com o objectivo de manipular a opinião pública, o grupo de apoio ao juíz Carlos Alexandre, todos os últimos textos publicados neste último dia de campanha eleitoral são sobre o mesmo.

A mesma fake news foi repetida três vezes num dos sites que, há um ano, o DN tem vindo a acompanhar, o Direita Política. A referida página continua a ser aceitável, pelos padrões de comunidade do Facebook, e a ser financiada pela publicidade do Google, mesmo que seja uma das principais fontes de desinformação em Portugal.

Desta vez, o objectivo parece óbvio: utilizar o último dia de campanha eleitoral para lançar uma suspeita sobre um dos candidatos. Rute Martins é um dos perfis que espalha a notícia em todos os grupos deste tipo no Facebook. Citando o Direita Política, quase sempre.

Rute Martins esteve sempre activa durante a campanha eleitoral, estando presente no ranking, elaborado pelo MediaLab do ISCTE como uma das 20 mais preponderantes em duas semanas de análise. Dezenas de outros perfis estão, neste momento, a divulgar a mesma mentira.

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