António Costa exalta-se com popular e diz-se vítima de "campanha negra"
No final de uma arruada do PS que começou no Chiado, um idoso acusou o líder do PS de estar de férias nos incêndios de Pedrógão. Costa não gostou.
O líder do PS perdeu hoje a cabeça com um popular idoso que o interpelou nas galerias do Terreiro do Paço, acusando-o de estar em "merecidas férias" nos incêndios de Pedrógão (junho de 2017).
"É mentira, é mentira!", gritou Costa ao idoso. "Não seja mentiroso!", insistiu, aos gritos, o líder do PS, manifestamente fora de si. A TVI gravou todo o incidente.
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Também a RTP mostra outro ângulo.
Furioso com o homem, Costa virou-se a ele mas foi travado pelos seus próprios seguranças. Estes levaram depois o chefe do PS para o seu carro de campanha - que estava estacionado em frente ao MAI (ministério da Administração Interna).
Foi assim o diálogo
Homem: Estou relutante porque o senhor...quando foram os incêndios lá em cima, de Pedrógão Grande, estava nas suas merecidas férias...
António Costa: Não estava não! É mentira, é mentira! É mentira, isso!
Homem: Interrompeu [as férias]...
António Costa: Desculpe, não interrompi nada. Eu no dia 18 [de junho, dia seguinte ao incêndio] já estava lá!
Homem: Não esteve presente...
António Costa: Isso é mentira, é mentira o que o senhor está a dizer!
[Aqui António Costa vira as costas ao homem. Ouvem-se vozes, que parecem ser dos seguranças, a pedir "calma, calma". Mas António Costa volta a virar-se em direção em homem e grita-lhe "o senhor é um mentiroso!". Os seguranças interpõem-se entre os dois. António Costa vira então costas definitivamente e afasta-se.]
A comitiva partiu então para Santa Apolónia. De comboio, António Costa segue para o Porto, onde encerrará a campanha do PS, com um comício no Coliseu.
"Devia ter reagido mais calmamente? Seguramente que sim, mas não é por ser político que deixo de ser uma pessoa de carne e osso e também tenho uns limites quando me atacam com uma mentira. Foi um ataque à minha honra e eu não admito ataques à minha honra."
Antes de embarcar, Costa falou em Santa Apolónia com jornalistas e disse que o idoso com quem se exaltou foi "plantado" no Terreiro do Paço para esse efeito pela "direita", um ato típico de uma "campanha negra". "É vergonhoso que a direita recorra a golpes destes", afirmou Costa, repetindo que há "limites para tudo".
"Devia ter reagido mais calmamente? Seguramente que sim, mas não é por ser político que deixo de ser uma pessoa de carne e osso e também tenho uns limites quando me atacam com uma mentira. Foi um ataque à minha honra e eu não admito ataques à minha honra", afirmou.
Homem com quem Costa se exaltou recusou identificar-se e garantiu que não estava ao serviço de ninguém. E - assegurou - "sempre votou" PS.
Ao mesmo tempo, assegurou repetidamente que estava de facto em Portugal quando foram os incêndios de Pedrógão, reunindo logo a seguir com autarcas da zona: "Eu estava cá e estive no meu lugar e nas minhas funções". Costa não estava de facto de férias quando ocorreram esses incêndios (17 de junho de 2017), que fizeram 66 mortos.

António Costa na área de serviço de Ansião (IC 8), na manhã de 18 de junho de 2017, a caminho de Pedrógão, fotografado pelo DN
© Nuno Pinto Fernandes/Global Imagens
No Terreiro do Paço, o DN e a "Visão" tentaram interpelar o homem com quem Costa se exaltou. Este recusou identificar-se, não dizendo o nome, a idade ou a ocupação, de garantiu várias vezes que não fez o que fez ao serviço de alguém. "Não sou vendido", repetiu, garantindo ao mesmo tempo que é desde sempre eleitor do PS: "Sempre votei socialista!", garantiu.
Rui Rio já tinha usado esta acusação
O incidente ocorreu já depois de terminada uma arruada do PS, iniciada no Chiado depois do tradicional almoço de fim de campanha dos socialistas na cervejaria "Trindade".
Uma fonte do gabinete do PM assegurou então, ao DN: "Em 17 de junho, o primeiro-ministro não estava de férias e no dia 18 estava reunido com os presidentes de câmara dos concelhos mais atingidos. Os da Sertã ou da Pampilhosa podem confirmá-lo."
A mesma fonte garantiu que os deputados do PSD estiveram naquele dia com o chefe do governo quando visitou o posto de comando. E nos dias seguintes o primeiro-ministro "coordenou os apoios de emergência e a preparação dos trabalhos de reconstrução, esteve presente com o Presidente da República e o presidente da Assembleia da República". "A seu convite, todos os líderes partidários estiveram no primeiro funeral", recordou ainda a mesma fonte.
O primeiro-ministro só foi de férias no final de junho e quem o substituiu foi o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.