Ataques, apelos, negas e greves. Alvoroço político em semana de OE
No momento de decidirem quem seria o próximo presidente do Benfica, após o longo reinado - 18 anos - de Luís Filipe Vieira (LFV), os sócios do clube responderam em peso. O ato eleitoral foi o mais participado de sempre, com 40085 votantes, e já na madrugada de domingo confirmou-se o esperado: a vitória de Rui Costa. Os expressivos números do triunfo (84,48% dos votos contra 12,24% de Francisco Benitez) mostraram que Rui Costa, dirigente do clube desde 2008, resistiu às ondas de choque que se seguiram à detenção de LFV (suspeito de crimes que vão do branqueamento de capitais à burla qualificada). Ao contrário do que já aconteceu na praça pública, só o tribunal poderá condenar ou ditar a inocência de LFV. E revelar mais dados sobre quem sabia o quê na Luz. Para já, Rui Costa ouviu elogios de LFV, mas deve ter ficado com as orelhas a arder quando, no próprio dia das eleições, ouviu o ex-presidente reivindicar a sua influência no clube e avisar: "Quando eu achar que tenho de ter uma intervenção mais profunda, vou ter".
A direção do CDS bem pode continuar a reclamar "um grande resultado" nas autárquicas, recusando que as coligações com o PSD lhe tenham servido de escudo. Ou garantir que, hoje, o partido "não só não está a desaparecer, como está mais forte". Mas os sinais que passam para fora são de guerra aberta e forte ameaça sobre o papel que o CDS poderá ter no futuro da política nacional, acossado pelo Chega e IL e na sombra do PSD. O atribulado processo de substituição da deputada Ana Rita Bessa e, principalmente, o tom crispado com que decorreu o conselho nacional de domingo deixam bem claro os enormes desafios que o líder que sair do congresso de final de novembro - seja Francisco Rodrigues dos Santos ou Nuno Melo - terá pela frente: unir o partido, recuperar eleitorado perdido para outras forças políticas e evitar que o CDS se torne, simplesmente, irrelevante.
Faltavam apenas 21 minutos para se esgotar o prazo legal quando, finalmente, a proposta de OE 2022 foi entregue no parlamento. Uma proposta que, afinal, devolve às famílias menos do que se antecipava em IRS. Que António Costa diz ser "amiga do investimento" ao mesmo tempo que corta nas "gorduras" do Estado (na despesa, e logo com especial enfoque no setor da Saúde) para atingir um défice abaixo dos 3% em 2023, ano em que voltam a vigorar as regras orçamentais da UE. "Não vemos como é que este Orçamento não será aprovado", apressou-se em dizer o ministro das Finanças. Entendimento bem diferente tiveram os partidos à esquerda do PS, que anunciaram o chumbo à atual proposta. O que abrirá, "muito provavelmente", admitiu Marcelo, caminho a uma crise política e a "seis meses de paragem na vida nacional". Resta saber até que ponto e que vontade tem o governo em negociar (para já Costa garante a aprovação do novo estatuto do SNS e da "agenda para o trabalho digno", duas bandeiras da esquerda). E que fatura PCP e BE estão dispostos a pagar se o país mergulhar numa crise política.
É, possivelmente, o nome que mais vezes marca presença nesta rubrica que olha para alguns dos principais destaques noticiosos dos últimos sete dias. Isto porque é rara (muito rara) a semana em que Cristiano Ronaldo não soma mais um feito à sua já longa e prolífica carreira dentro e fora dos relvados. Aos 36 anos segue em grande forma e terça-feira deu mais uma prova disso, ao marcar três dos cinco golos de Portugal frente ao Luxemburgo, na caminhada para o Mundial 2022 (o troféu que falta a CR7). Com o este hat-trick superou a barreira dos 800 golos desde que se tornou profissional em 2002/03 ao serviço do Sporting. Só pela equipa A de Portugal, já leva 115, a 46 países diferentes, o que faz dele o melhor de sempre de seleções. São, de facto, fora de série os números de Ronaldo.
Com o abrandar da pandemia e o retomar da atividade normal nos hospitais, voltaram também a estar visíveis alguns dos problemas crónicos do SNS relacionados com falta de profissionais. Há mais doentes a procurar as urgências, em muitos casos sem necessidade, e os serviços não demoraram a ressentir-se. Nos últimos dias assistiu-se, por exemplo, à demissão em bloco dos diretores de serviço do hospital de Setúbal e ao fecho temporário das urgências de Leiria. Mas, segundo os sindicatos de saúde, estes casos são apenas a ponta do iceberg. FNAM e SIM, os dois principais sindicatos médicos, denunciam uma "situação insustentável" e convocaram três dias de greve (23, 24 e 25 de novembro), falando num "grito de alerta a bem do SNS" e apontando várias críticas à proposta de OE 2022. Enfermeiros, técnicos emergência hospitalar e farmacêuticos do SNS também anunciaram paralisações para o mesmo mês. São várias as frentes de batalha para a ministra Marta Temido, uma delas até vinda do próprio PS que quer esclarecimentos da ministra sobre a proibição de visitas aos internados no serviço de adolescentes e jovens adultos do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa, noticiada pelo jornal Público.
O efeito da vitória política que Rui Rio reclamou nas autárquicas, sobretudo sustentada pelo triunfo de Carlos Moedas em Lisboa, não durou. Menos de um mês depois, o PSD está em ebulição. O Conselho Nacional de quinta-feira chumbou a intenção de Rio em atrasar em calendário eleitoral do partido até se perceber o que vai dar a votação do OE 2022, se há crise política ou não. Uma derrota clara do líder naquele que é o principal órgão do partido. Rio não se coibiu de falar em "assalto ao poder daqueles que põem o seu interesse pessoal à frente do interesse do país" no mesmo dia em que Paulo Rangel assumiu ser candidato à presidência do PSD, aparentemente contando já com o apoio de algumas das distritais mais influentes do país. Rio terá agora de decidir se vai ou não a jogo, enfrentando o status quo do partido e apostando todas as fichas num voto a seu favor dos militantes da base, sabendo que mesmo que seja reeleito continuará a ter forte oposição dentro de casa.
É uma das medidas mais duras em toda a Europa para combater a pandemia de covid-19. Desde ontem, e pelo menos até ao final do ano, em Itália, todos os trabalhadores públicos e privados terão de mostrar passaporte sanitário que comprove que receberam pelo menos uma dose da vacina contra o coronavírus, ultrapassaram a doença ou foram submetidos a um teste com resultado negativo nas horas prévias à sua apresentação. Caso não possuam este certificado, ficam impedidos de aceder ao local de trabalho ou arriscam multas que podem chegar aos 1500 euros. Já em Portugal, o boletim de ontem da DGS mostrou que a taxa de incidência de infeções com SARS-CoV-2 nos últimos 14 dias voltou a subir a nível nacional, fixando-se nos 84,2 casos por 100 mil habitantes, assim como o índice de transmissibilidade que é agora de 1 em todo o território.