Há países que estão a fazê-lo e em Portugal houve autarquias que também optaram por desinfetar espaços exteriores públicos, mas a OMS assegura que isso, não só não é útil, como pode ser perigoso.."A pulverização ou fumigação de espaços exteriores, como ruas ou mercados, não é recomendada para destruir o novo coronavírus ou outros agentes patogénicos porque [essa ação] é inativada pela sujidade", afirma aquela organização das Nações Unidas num documento sobre a limpeza e desinfeção das superfícies no quadro do combate à pandemia..A OMS acrescenta ainda que "mesmo em caso de ausência de matérias orgânicas, é pouco provável que a pulverização química cubra corretamente todas as superfícies durante o tempo de contacto necessário para inativar os agentes patogénicos".."Por outro lado, as ruas e os passeios não são considerados reservatórios de infeção da covid-19", sustenta a organização no mesmo documento..A OMS alerta ainda que esta medida "mesmo feita no exterior, pode ser perigosa para a saúde humana", e recomenda que, "em caso algum devem ser pulverizadas pessoas" porque "não reduz a capacidade de um infetado propagar o vírus por gotículas ou contacto"..Pulverizar cloro ou outros produtos químicos tóxicos sobre as pessoas pode causar irritações dos olhos e da pela, bronco-espasmos e problemas gastrointestinais, alerta a organização..A entidade mundial para a saúde pública diz ainda que também "não recomenda a aplicação sistemática de desinfetantes em superfícies por pulverização ou fumigação nos espaços interiores".."Se for preciso aplicar desinfetantes, convém fazê-lo com um pano ou um toalhete embebido de desinfetante", recomenda..O vírus que provoca a covid-19 pode fixar-se nas superfícies e nos objetos, mas a sua permanência ativa nos vários materiais ainda está a ser investigada..Alguns estudos indicam que o vírus poderá permanecer vários dias ativo em diversos tipos de superfícies, como o plástico, o metal e os tecidos, mas essas informações foram recolhidas em condições experimentais, ressalva a OMS..Em março deste ano, a diretora-geral da saúde, Graças Freitas, já tinha declarado em conferência de imprensa "não existir nenhuma evidência científica que sejam eficazes [as desinfeções] e portanto não é uma medida que se recomende"..Na altura defendeu que não era prioritário ter trabalhadores a desinfetar ruas para combater o contágio pelo novo coronavírus, como fizeram algumas autarquias, "porque não há qualquer certeza de que tenha influência".."O que vai travar a covid-19 é estarmos distantes uns dos outros", sublinhou Graça Freitas nessa mesma conferência de imprensa.