Lavar as mãos ou usar gel desinfectante? O que é mais eficaz?

O que faz, afinal, o sabão ao vírus? E o gel pode ser usado com o mesmo grau de eficiência? Há várias regras a cumprir para que sejam, de facto, ambos eficazes. Saiba quais.
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O novo coronavírus SARS-CoV-2 progrediu rapidamente através do mundo e está agora a infetar as populações de mais de 110 países, com a Itália, no coração da Europa, a liderar o número de novos doentes diários - só nesta terça-feira foram identificados mais 977 casos, elevando ali para mais de dez mil as infeções - 631 doentes morreram e 877 estão em estado crítico.

Para travar a epidemia, o governo italiano pôs todo o país de quarentena pelo menos até 3 de abril. O combate cerrado à progressão da doença prossegue, no entanto, a um nível mais básico: ao nível das mãos. Uma das recomendações mais importantes para os cidadãos - e mais repetidas - por parte das autoridades de saúde e da própria Organização Mundial da Saúde (OMS) é a da lavagem frequente das mãos.

Além dos comportamento preventivos, como tossir e espirrar para a face interna do cotovelo e manter o distanciamento de pelo menos dois metros de pessoas visivelmente doentes, a lavagem frequente das mãos (ou a sua desinfecção, se não puder ser de outra maneira) é uma das regras de ouro para se conseguir interromper as cadeias de contágio do covid-19.

E o que se deve usar? O que é mais eficaz? Simples sabão? Ou gel desinfetante?

Depende. Tanto uma coisa como a outra dependem da forma como se faz. Segundo as regras divulgadas pela Direção-Geral da Saúde, lavar as mãos com água e sabão é suficiente. Mas tem de ser feito durante mais de 20 segundos (ou cantando os Parabéns a Você, duas vezes, ou, numa versão mais pop, o Karma Cameleon) - e seguindo todas as regras amplamente divulgadas, esfregando toda a superfície da mão.

"Lavar as mãos é mesmo lavar as mãos", explicava Graça Freitas na entrevista ao DN e à TSF. "Toda a superfície, dos dedos e do punho, não é passar as mãos debaixo de água uns segundos, tem de se esfregar. Há uma técnica própria." Há muitos desenhos sobre isso que podem servir de guia.

E pode usar-se gel desinfectante?

Quando não se tem maneira de lavar as mãos, podem usar-se os géis desinfectantes - mas apenas os que têm álcool a mais de 60%. Também a sua eficácia depende da utilização, ou seja, devem ser esfregados na mão como se estivesse a lavá-la, percorrendo todos os locais indicados nas imagens.

Essas indicações da DGS e da entidade congénere americana CDC devem-se ao facto de apenas o álcool a 60% matar todos os coronavírus que atualmente se conhecem. Aliás, as indicações da OMS são de que o gel desinfectante dever ser produzido com álcool etílico a 96 graus. Sendo assim, também de nada vale usar álcool de consumo normal, como, por exemplo, vodca.

Mas o que faz o sabão ao vírus?

A explicação da eficiência do sabão normal acaba por ser simples. Quando são excretados pelos doentes, os coronavírus vêm envolvidos numa fina película protetora, que o vírus "roubou" ao tecido da célula infectada para se poder proteger - isso permite-lhe manter-se vivo por várias horas. Ora, o sabão - e o desinfectante também - tem o poder de romper esta película protetora. E, sem ela, o vírus morre.

O mesmo é válido para a desinfecção de superfícies contaminadas pelo coronavírus. Neste momento, tudo indica que o maior contágio desta nova pneumonia viral se faz por contacto com superfícies contaminadas e daí, também, as imagens que nos chegam dos países mais afetados, onde se veem brigadas de desinfecção a pulverizar os espaços públicos.

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