PJ faz buscas na TAP por suspeitas de atentado à segurança. Três detidos, um deles é funcionário da companhia
A Polícia Judiciária (PJ) realizou esta quarta-feira 10 buscas nas regiões de Lisboa, Margem Sul, Alentejo, Algarve e interior do país no âmbito de uma investigação relacionada com suspeitas de atentado à segurança de transporte aéreo. As buscas da denominada Operação “Voo Cego" incluem a TAP.
Três pessoas foram detidas: um funcionário da TAP com responsabilidades nas compras de peças, dois empresários que as arranjavam e falsificavam os certificados das mesmas, apurou o DN. São suspeitos dos "crimes de burla qualificada, falsificação de documentos, administração danosa, atentado à segurança de transporte por ar, branqueamento, corrupção passiva, corrupção com prejuízo do comércio internacional e fraude fiscal qualificada", indica a PJ, em comunicado.
Fonte oficial da companhia aérea confirmou ao DN as diligências da PJ. "Confirma-se que houve buscas esta quarta-feira relacionadas com um caso judicial em que a TAP é denunciante e sobre o qual não fazemos comentários", diz a empresa, que "está, naturalmente, a colaborar com as autoridades".
A PJ refere que a "investigação resulta da denúncia apresentada por uma das operadoras aéreas lesadas com a atuação dos suspeitos, em 2023, na sequência da deteção, nas suas cadeias de abastecimento, de componentes não certificados, destinados a ser instalados em motores aeronáuticos, no decurso de ações de manutenção".
Explica esta polícia que, "em momento prévio à apresentação da denúncia", a "operadora aérea comunicou a deteção dos componentes suspeitos às entidades nacionais e internacionais competentes em matéria de segurança da navegação aérea, contribuindo assim para a mitigação de quaisquer riscos e para uma rápida intervenção das autoridades de segurança aeroportuária a nível internacional".
Ainda de acordo com a polícia de investigação criminal, estão em causa "suspeitas de fornecimento de peças e componentes aeronáuticos a companhias de transporte aéreo e às respetivas unidades de manutenção".
"Estes componentes, classificados como “Suspected Unapproved Parts”, não cumprirão com os requisitos exigidos pelos fabricantes originais", segundo a PJ, referindo que a investigação prossegue com vista à "cabal determinação dos factos e das eventuais responsabilidades criminais".
Os três detidos vão ser presentes a primeiro interrogatório judicial para aplicação de medidas de coação.