Luís Neves: "Continuamos com muitos crimes de homicídio e de violência doméstica. Uma vergonha para todos"
Foto: Leonardo Negrão

Luís Neves: "Continuamos com muitos crimes de homicídio e de violência doméstica. Uma vergonha para todos"

Na intervenção que fez no Parlamento, diretor nacional da PJ desconstruiu os dados sobre criminalidade e garante: Portugal é um país seguro e "há que o preservar" assim.
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"Há uma diferença fundamental" que Luís Neves, diretor nacional da Polícia Judiciária, destaca na análise da criminalidade: "Um imigrante é estrangeiro, mas um estrangeiro não é necessariamente um imigrante." E isso, disse esta quarta-feira na Comissão Parlamentar de Assuntos Constitucionais, "é importante" para desconstruir os dados da criminalidade no país.

Sobretudo porque, referiu Luís Neves, "há muitas mulheres" que estão detidas em Portugal e não são necessariamente imigrantes. São, isso sim, "mulheres pobres, que por algumas gramas de cocaína tentam entrar no país".

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(Veja o vídeo) Como o diretor da PJ desconstruiu a "desinformação" sobre crimes cometidos por estrangeiros

E a Polícia Judiciária, acrescentou, "conhece tudo, conhece as nacionalidades e as origens de cada detido estrangeiro". Mas não partilha. Porquê? "Porque não nos tem sido permitido."

Na intervenção inicial, o diretor nacional da PJ procurou "clarificar" aquilo que disse a 17 de janeiro na Grande Conferência dos 160 anos do DN. "O que foi dito nessa ocasião é que se fala em perceções e temos de trabalhar para as mitigar", reiterou.

Essas "perceções", disse, "devem ser respeitadas, porque são sentidas pelas pessoas". Não obstante, procurou desconstruí-las.

Na audição - realizada a pedido da Iniciativa Liberal (IL) -, Luís Neves pegou, como exemplo, nos dados dos homicídios e num dado que é uma "vergonha para todos": "Continuamos com muitos crimes de homicídio e de violência doméstica. É uma vergonha para todos", sublinhou.

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Na mesma intervenção, feita ainda antes de ser questionado pelos deputados, o diretor nacional da PJ alertou ainda para outro problema: o impacto da entrada de estupefacientes no país, sobretudo "cocaína, haxixe e drogas sintéticas". Em breve, estima, haverá outra ameaça: "O fentanil, que mata várias pessoas nos Estados Unidos."

"Se os imigrantes forem integrados rapidamente, não irão cometer crimes"

Utilizando como exemplo um artigo de opinião publicado no DN aquando dos 20 anos do 11 de setembro, Luís Neves começou por sublinhar, na ronda de respostas aos deputados, que "se os imigrantes forem integrados rapidamente", a probabilidade de cometer crimes irá diminuir. "Se o fizessem, destruiriam todo o investimento feito. O que estas pessoas querem é fugir à miséria, à fome e ao tráfico de seres humanos", constatou o diretor nacional da PJ.

Voltando ao tema das perceções de insegurança, referiu que "não há dados válidos" sobre esta questão.

Respondendo a várias questões sobre desinformação e a quem interessaria, Luís Neves foi perentório: "Interessa aos profetas do caos e das desgraças. Temos de combater os paladinos do caos." E acrescentou ainda que existe "um incremento de mais de mil por cento de crimes de ódio".

Focando-se nos meios que a PJ tem atualmente, o responsável máximo da Judiciária referiu que esta polícia, neste momento, paga pelo desinvestimento "estrutural" de que foi alvo.

Questionado também sobre o aumento dos números dos crimes de tráfico humano, Luís Neves justificou-o com o "maior trabalho proativo" das polícias, uma vez que é também na PJ que os inspetores do SEF (agora extinto) acabaram por ser inseridos.

No final da audição, Luís Neves termina recordando as palavras de um embaixador americano "há uns anos", quando lhe disse que Portugal era o único país em que um diplomata podia "passear o cão sem ter problemas de segurança". "É este país que queremos preservar", reiterou.

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