Os Oficiais da PSP alertaram esta sexta-feira, 21 de novembro, numa carta aberta que a perda anual de quase cem polícias, as vagas desertas nos cursos de agentes e a retenção de elementos em pré-aposentação ameaçam a segurança, exigindo medidas e soluções ao Governo.A “nova carta aberta a todos os portugueses” do Sindicato Nacional dos Oficiais de Polícia (SNOP), a que a Lusa teve acesso, surge cerca de 20 meses depois do seu primeiro alerta público, “num período de profunda convulsão”.Na altura, o sindicato, que representa a maioria dos comandantes e diretores da PSP, escreveu a “carta aberta a todos os portugueses”, em que alertava para “os problemas endémicos e estruturais” que afetavam a capacidade das forças de segurança, em especial a PSP, em continuar a responder “às exigências securitárias de Portugal”.“As polícias são e serão sempre um dos principais reguladores sociais, operando como fomentadores de uma espécie de termómetro de bem-estar”, afirma o SNOP, avisando que se não estiverem bem, “não confortará quem cá está, e muito menos atrairá quem, lá fora, pretenda vir para cá”.Salienta que em 10 anos, a PSP não parou de ver a sua atuação dificultada devido a vários desafios como “o aumento substancial da população nas áreas urbanas”, o crescimento e fixação de grande parte da comunidade migrante nestas áreas, o aumento de protestos e grandes eventos, concentração da criminalidade violenta e novas competências como o controlo de fronteiras, após a extinção do SEF.A tudo isso somam-se centenas de pedidos diários de tribunais, autarquias, hospitais e outras entidades que desviam recursos de funções essenciais de segurança.Depois da primeira carta, em que o sindicato apelava “não apenas a melhorias remuneratórias”, mas sobretudo a “um investimento sério” para atrair novos polícias e reter os que já estão, o SNOP volta a alertar para a crise no recrutamento.“À data de hoje estima-se que quase 100 Polícias por ano pedem a exoneração ou suspensão do vínculo com a PSP, procurando novas paragens”, somando-se a estes as centenas de vagas que ano após ano ficam desertas no acesso aos novos cursos de agentes.Os oficiais alertam que “a catástrofe só não é pior porque os governos sucessivos têm impedido” a saída de quase 5.000 polícias com idade para a pré-aposentação, que representam quase 25% do total dos agentes.Apontam ainda a inação do Governo em várias áreas, nomeadamente no recrutamento, na reestruturação de esquadras e fusão de serviços para otimizar recursos, na contratação de quadros civis e modernização tecnológica, na renovação de processos de gestão interna, mobilidade e concursos.O fortalecimento da formação policial, incluindo a criação de uma universidade policial, a implementação de apoio psicológico e prevenção de traumas e a criação de uma via verde para a saúde, que estaria apenas dependente de “um alegado protocolo” entre ministérios, são outras críticas apontadas pelo sindicato.“Falamos da necessidade de investir para desmaterializar, de investir para poupar, de investir para dignificar, e o que é que o Governo faz? Nada, mantendo níveis de investimento, por comparação às despesas com pessoal, na ordem dos pouco mais de 2% do orçamento, esperando silentemente por uma modernização sebastiânica que tardará a vir”, lamenta.Apesar de reconhecer que o Governo não dispõe de recursos ilimitados, o SNOP defende ser essencial que qualquer despesa seja acompanhada de medidas que racionalizem gastos e permitam investir em equipamento, tecnologia, infraestruturas e, acima de tudo, na saúde dos profissionais.“Chega de acenos e discursos que embelezam a oratória. Demandam-se ações e respeito, e sobretudo coragem para mudar e não arrastar”, sublinha.A carta, com o título “A Segurança [continua a ser] o ‘petróleo’ de Portugal”, é divulgada no dia em que os oficiais da PSP voltam a reunir para discutir “as melhores medidas e soluções para a segurança interna e os melhores caminhos para as perseguir”.A escolha da data coincide com o aniversário do Comando Metropolitano de Lisboa.Atletas que representem Portugal podem ter saídas profissionais na PSP, GNR e Forças Armadas.Oficiais da PSP reivindicam correção de desigualdade nas pensões entre PSP e GNR