O Governo quer “incluir os serviços e carreiras das forças armadas e das forças de segurança (PSP, GNR, etc) nas saídas profissionais dos atletas do alto rendimento”. Este é um modelo de sucesso em países como Itália e Hungria, onde os atletas sabem que podem competir na certeza de terem uma carreira no pós-carreira desportivo. Esta é a medida número 23 das 44 que constam do Plano Nacional de Desenvolvimento Desportivo, ontem apresentado pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro e onde se destacam ainda a intenção governamental de rever o estatuto dos benefícios fiscais relativos ao Mecenato Desportivo - algo que está em discussão no Orçamento do Estado para 2026 - e a revisão do Estatuto do Dirigente Desportivo, mas esta só em 2027. Estruturado em seis Pilares Estratégicos, tem um horizonte temporal de 12 anos (três ciclos olímpicos, até 2036) e define políticas públicas integradas que abrangem a educação, a inclusão, o talento e alto rendimento, a modernização das infraestruturas e a sustentabilidade do financiamento, num investimento total de 130 milhões de euros. “O investimento que estamos a fazer, sinceramente, não encontra paralelo na nossa história democrática, nem mesmo no panorama de registo histórico de que há memória”, elogiou o chefe do Governo, ao apresentar o documento aprovado no conselho de ministros dedicado ao Desporto e realizou no Centro de Alto Rendimento do Jamor, uma das infraestruturas que serão alvo de requalificação avultada (ver texto ao lado).Estudo da PWC na origem, ouviu mais de 150 entidadesSegundo Luís Montenegro resultou da consulta de 120 entidades e cerca de 30 personalidades do “ecossistema desportivo” português e coordenado pela ministra da Cultura, Juventude e Desporto, Margarida Balseiro Lopes, em colaboração com vários Ministérios, “num verdadeiro jogo de equipa”. Ou seja, de um estudo encomendado à consultora PWC, como o DN noticiou na semana passada. Das 100 medidas sugerida o Governo escolheu implementar e orçamentar 44 medidas. Nas palavras do primeiro-ministro, é urgente “cultivar este hábito de prática desportiva para que fique enraizado, para que todas as gerações sintam o apelo ao exercício físico”. Segundo o mais recente Eurobarómetro de 2023, 73% dos portugueses afirmaram nunca praticar desporto e mais de 37% da população adulta vivia com excesso de peso, segundo dados de 2022.Por isso é essencial criar bases sólidas. Ir à escola, ao consultório médico ou centro recreativo. Por isso o plano vai dedicar €29,2 milhões à formação de educadores de infância e professores do 1º ciclo. E pensar em rever das Atividades Extracurriculares no 1.º Ciclo. “O Desporto, costumo dizer, faz bem à saúde, é uma forma de podermos dar azo a momentos de lazer, mas é também uma forma de potenciamos a nossa capacidade criativa e de levarmos mais longe a nossa capacidade de superação”, disse, defendendo os valores promovidos pela prática desportiva para engrandecer o seu papel na sociedade.Entre os objetivos do Plano, além do aumento da prática desportiva, no desporto escolar ou a requalificação das instalações desportivas e no Alto Rendimento, há “todo um plano que procura transformar o desporto num promotor de bem-estar, de inclusão e também de competitividade, de forma a contribuir para, entre outras coisas, a redução da obesidade, em particular da obesidade infantil”, segundo Luís Montenegro, realçando a aposta no reforço da participação feminina no desporto.Ministra enaltece “Dia histórico” A ministra da Cultura, Juventude e Desporto, Margarida Balseiro Lopes, enalteceu o “dia histórico” com a apresentação da estratégia para o desporto até 2036. Não só para o Desporto de Alto Rendimento, mas também com impacto na “na saúde, na qualidade de vida, no bem-estar e na saúde mental e, também, na dimensão económica”.O Plano vai ser implementado até 2036 e terá um custo de 130 milhões de euros - já contando com os 65 milhões do contrato-programa assinado com Comité Olímpico de Portugal (COP) e Comité Paralímpico de Portugal (CPP) para o período entre 2024 e 2028 . “Este plano não é um plano da área do desporto. É um plano que, naturalmente, foi coordenado pela área que rege o desporto, mas que começa o mais cedo possível. Começa na pré-escola, com o grande envolvimento do Ministério da Educação, e se estende até a vida ativa”, advertiu a ministra, enquanto vinculava também à execução destas políticas à área da Saúde.“Fazer de Portugal uma nação ativa e saudável, onde o Desporto é direito de todos, motor de inclusão e excelência, e marca distintiva da nossa identidade no mundo”, é o objetivo, segundo o Governo. Para fazer cumprir o plano sem desvios orçamentais e assegurar a execução das medidas e a monitorização do cumprimento dos indicadores indicados, o Governo decidiu criar um a Comissão interministerial e uma Comissão técnica de acompanhamento (até 5 elementos).Verbas para a preparação de Los Angeles2028 crescem 30% e ficam já disponíveisO Conselho de Ministros aprovou uma verba de 30 milhões de euros para a preparação dos próximos Jogos Olímpicos, Los Angeles2028, “um aumento de 30%”, segundo o primeiro-ministro, Luís Montenegro. Comparativamente, o Contrato-Programa para Paris2024 foi de 22 milhões de euros, enquanto Tóquio2020 se preparou com €18 milhões, mais quatro depois, devido ao adiamento de um ano devido à pandemia da covid-19. A requalificação das infraestruturas do complexo desportivo onde cabem 27 modalidades e 100 mil usuários por mês é uma das 44 medidas aprovadas e terá um custo de 19,3 milhões de euros. O Jamor é também o centro de alto rendimento mais utilizado do País. E tinha ficado excluído dos anteriores acordos de reabilitação, revelados em setembro, ao abrigo do contrato de desenvolvimento desportivo 2024-2028. O Jamor irá assim receber praticamente o dobro do previsto para os restantes (10 ME), num total de 48,3 ME dedicados às instalações desportivas. A renovação do Complexo das Piscinas (3ME), modernizar as instalações do IPDJ, ADoP e Centro de Medicina Desportiva (2,5 ME), bem como as novas instalações para as seleções de râguebi (3,5 ME) estão contempladas no plano, assim com o alojamento dos atletas, como Diogo Ribeiro (natação) e Nuno Borges (ténis), irá sofrer uma remodelação profunda e custar seis milhões de euros.O Estádio de Honra ou Estádio Nacional, como é vulgarmente designado, tem um projeto de requalificação autónomo, com um custo orçamentado de 25 ME.Dizendo que nem tudo se resume a medalhas e pódios ou orçamentos, embora ambos sejam essenciais na equação do alto rendimento, Luís Montenegro disse que que os atletas são “um fator de identidade nacional” e podem ser essenciais para aumentar a prática do exercício físico e desportivo.As verbas destinadas ao programa paralímpico também foram reforçadas, passando dos 9,2 de Paris 2024 para os 12 milhões de euros para a preparação de Los Angeles2028. E três milhões de euros para o programa surdolímpico, que difere dos paralímpicos. Estas verbas também irão ser disponibilizadas de imediato, segundo o Governo, que vai ainda investir na criação de um Centro de Inovação, Investigação e Desenvolvimento Paralímpico do Comité Paralímpico de Portugal. isaura.almeida@dn.pt.Plano para o Desporto com 6 pilares estratégicos, 44 medidas e um investimento de 130 milhões