O presidente da Câmara de Lisboa garantiu esta quinta-feira, 23 de outubro, a segurança dos elétricos e dos autocarros da empresa municipal Carris e reforçou que o relatório preliminar do GPIAAF sobre a tragédia do elevador da Glória “não aponta nenhuma responsabilidade política”.Questionado sobre as falhas no enquadramento legal dos sistemas de transportes da Carris, para garantir uma adequada fiscalização e supervisão que salvaguarde a segurança dos utentes, Carlos Moedas disse desconhecer essa informação presente no relatório preliminar do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF), divulgado na segunda-feira, relativo ao acidente com o elevador da Glória.“Eu não tenho conhecimento. Aquilo que eu tenho conhecimento do relatório é em relação aos elevadores e aos ascensores. Não estamos aqui a falar dos elétricos de todos os dias”, afirmou o autarca social-democrata à margem da conferência “Gebalis 30 Anos - Desafios da Gestão da Habitação Municipal”.“Os lisboetas sabem que a Carris tem sido uma empresa que durante todos estes anos tem transportado milhões de pessoas de forma segura, portanto, estarmos aqui a levantar dúvidas sobre a segurança da empresa ao nível dos autocarros e dos elétricos, eu penso que isso não é verdade, nunca foi. As pessoas podem estar seguras quando andam de elétrico ou de autocarro. O que estávamos aqui a falar é dos elevadores e os elevadores estão parados”, declarou.De acordo com o relatório preliminar do GPIAAF ao acidente com o elevador da Glória, em 03 de setembro, que causou 16 mortos e cerca de duas dezenas de feridos, entre portugueses e estrangeiros de várias nacionalidades, os ascensores, como o da Glória e do Lavra, em Lisboa, assim como os elétricos da Carris, estão fora da supervisão do Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT), estando apenas debaixo da fiscalização da própria empresa gestora.O GPIAAF “constatou que os carros elétricos” da Carris “estão na mesma situação [sem supervisão independente], por não existir um enquadramento legal para a regulação técnica e de segurança dos sistemas de elétricos que circulam em via não reservada”.“Desta forma, as condições de segurança dos elétricos, históricos, modernizados ou modernos, que circulam nos arruamentos públicos em comum com veículos rodoviários, quer na sua entrada ao serviço, quer durante a sua vida”, não estão, em Portugal, sujeitas “ao cumprimento de quaisquer regras que não as definidas pela própria empresa, nem, principalmente, a qualquer tipo de supervisão independente”, concluiu. Na terça-feira, o ministro das Infraestruturas afirmou que o Governo detetou, após o acidente do elevador da Glória, em Lisboa, uma lacuna na supervisão destes transportes, tendo imediatamente mandatado o IMT para a colmatar..Elevador da Glória. Ministro garante que Governo mandatou IMT quando detetou lacuna na supervisão destes transportes.Presidente da Carris apresenta a demissão após reunião com Carlos Moedas.Relatório preliminar aponta para falsas tarefas de manutenção e de inspeção ao elevador da Glória