Ministro minimiza retirada de texto do RASI sobre grupos de ódio e diz que "estavam e estão a ser monitorados"
O ministro António Leitão Amaro minimizou o facto de ter sido retirado do Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) o trecho sobre um dos grupos neonazis com atuação em Portugal. Para o ministro, a decisão "não altera nada, nem afeta, nem condiciona a decisão estratégica e operacional das Forças e dos Serviços de Segurança, que sim acompanham todos os fenómenos extremistas".
A resposta foi dada em conferência de imprensa no fim da tarde desta quinta-feira, 12 de junho, dois dias após o assunto voltar à tona, isto porque o grupo mencionado no texto retirado é suspeito de atacar o ator Adérito Lopes. António Leitão Amaro disse que "garante" que os grupos "estavam, estão e vão continuar a ser monitorados" pelas autoridades de segurança. "Não se confunda a formatação, a organização, a verbalização num documento de relato que acontece muito tempo depois da condução e da estratégia operacional", acrescentou.
Mais especificamente sobre a retirada do texto, o titular da pasta da Presidência disse que não se pronunciaria mais sobre aquilo que já foi dito na época. "Eu não vou pronunciar sobre aquilo que as ministras já se pronunciaram, nos termos que são adequados a nós nos pronunciarmos sobre um processo interno que envolve entidades várias das Forças e Serviços de Segurança", afirmou.
A pergunta ocorre porque o grupo neonazi em questão é suspeito de agredir violentamente o ator Adérito Lopes, na passada terça-feira, 10 de junho. Membros deste grupo foram vistos no local da agressão, o teatro A Barraca, em Lisboa. Sobre a agressão, o ministro disse que "são intoleráveis" e que membros do governo já se pronunciaram sobre o assunto.
Ao menos dois partidos voltaram a cobrar explicações do Governo sobre a decisão de não mencionar o referido grupo no RASI. O Bloco de Esquerda (BE) enviou uma carta ao presidente da Assembleia da República a propor que próxima conferência de líderes agende discussão do RASI em sede de plenário com a presença de membro do Governo. “Ainda hoje continua por explicar por que razão esse capítulo não aparece na versão oficial que chegou ao Parlamento”, lê-se no comunicado.
O Livre questionou o MAI sobre “que diligências encetou e/ou planeia encetar o Governo relativamente à crescente atividade e violência de grupos de extrema-direita e ao seu impacto no dia-a-dia dos cidadãos e das cidadãs” e se “está o Governo pronto para, à imagem do que tem sido feito noutros países, requerer ao Supremo Tribunal de Justiça a classificação destes grupos como organizações fascistas”.
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