Fernando Alexandre, ministro da Educação.
Fernando Alexandre, ministro da Educação.MANUEL DE ALMEIDA/LUSA

Mil horários sem professor atribuído. Ministro diz que isso “não quer dizer que os alunos estejam sem aulas”

Fernando Alexandre contraria a Fenprof e afiança que os diretores de escolas pedem muitas vezes aos docentes que usem as suas horas extraordinária para ocupar os horários mais pequenos.
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O ministro da Educação revelou esta quarta-feira, 15 de outubro, que na semana passada ainda havia cerca de mil horários por preencher nas escolas, sublinhando que a falta de professores “não quer dizer que os alunos estejam sem aulas”.

“Na semana passada tínhamos cerca de mil horários por preencher, mas nem todos são horários completos”, disse o ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, em declarações aos jornalistas à margem da 4ª edição da Conferência Teaming Club, que reúne os Centros de Excelência do programa “Teaming for Excellence” da União Europeia.

Um horário completo são 35 horas semanais, divididas entre aulas e componente não letiva, mas segundo Fernando Alexandre apenas metade dos horários são completos. Os restantes, são poucas horas, mas também “muitas vezes, mais difíceis de preencher porque é dificil contratar alguém para trabalhar tão poucas horas”, reconheceu.

No entanto, segundo o ministro, esta situação “não quer dizer que os alunos estejam sem aulas”, até porque “as horas extraordinárias permitem resolver, muitas vezes, o problema”.

“Ao contrário do que a Fenprof (Federação Nacional dos Professores) está sistematicamente a fazer, o facto de termos falta de professores não quer dizer que tenhamos alunos sem aulas”, criticou Fernando Alexandre, garantindo que os diretores de escolas pedem muitas vezes aos docentes que usem as suas horas extraordinária para ocupar os horários mais pequenos.

A falta de professores nas escolas é um problema sentido pelas escolas há já vários anos, em grande parte devido ao envelhecimento da classe docente, que se aposenta e que não é substituída ao mesmo ritmo.

No balanço de um mês do arranque do ano letivo, o movimento cívico Missão Escola Pública (MEP) considerou, em declarações à edição desta quarta-feira do DN, que "o Governo e a sociedade normalizaram o facto de faltarem um ou dois professores numa turma”.

“Se comparamos com o ano letivo passado, temos mais alunos sem professores, mas deixamos de ter manchetes sobre o assunto e grandes alertas na comunicação social. O mais grave é o facto de o discurso do ministro da Educação ser o de desvalorização do problema, algo que não fazia antes", lamentou Cristina Mota, porta-voz do movimento.

Em comparação com o primeiro mês de aulas do ano letivo passado Cristina Mota garante estarmos a viver “um cenário de agravamento”, com 80% das escolas a precisar de professores.

Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), também alertou para a persistente falta de professores, sobretudo na Grande Lisboa e no Algarve.

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