O mais recente estudo sobre o setor da Educação da Fundação Belmiro de Azevedo demonstra que a proporção de professores com mais de 50 anos aumentou em todos os níveis de ensino, dificultando a renovação geracional e aumentando o risco de falta de pessoal num futuro próximo. A conclusão do EDULOG (grupo de reflexão para a Educação da fundação) faz parte do estudo Balanço Anual da Educação 2025, divulgado esta quarta-feira, dia 25 de junho. O documento apresenta um retrato do setor nos últimos cinco anos e conclui que o sistema de ensino regista maior abrangência, mas mantém o envelhecimento dos professores.No ano letivo de 2022/2023, cerca de 60% dos professores do 2.º e 3.º ciclo e do ensino secundário tinham 50 anos ou mais, um valor que desce para os 56,1% no pré-escolar e para os 44,5% no 1º ciclo. A proporção de professores com 50 ou mais anos cresceu entre 2018/19 e 2022/23, “revelando um défice na incorporação de profissionais mais jovens”. “Esta tendência compromete a renovação geracional e aumenta o risco de falta de pessoal qualificado num futuro próximo”, alerta o estudo. Recorde-se que o número de aposentações de docentes tem crescido a cada ano que passa.Ainda segundo o estudo, mantém-se uma fatia significativa de docentes com contratos a termo: 18% no 1.º ciclo e 24% no 3.º ciclo e secundário. Da análise ao corpo docente, o Balanço Anual da Educação 2025 conclui que este é “feminizado e envelhecido”. As professoras são em número muito superior ao dos professores, chegando a representar quase 90% dos professores do 1.º ciclo do ensino básico.No que se refere ao rácio de alunos por docente, este diminuiu conforme se avança no nível de escolaridade, “um padrão motivado pela complexidade curricular, exigências de segurança pedagógica e orientação vocacional”. “Em 2022/2023 havia, em média, 15,6 crianças por educador no pré-escolar, 12,8 alunos por docente no 1.º ciclo, 9,3 alunos por docente no 2.º ciclo, e 8,1 alunos por docente no 3.º ciclo e secundário”, avançam os investigadores. Os rácios do ensino público são ligeiramente inferiores aos do ensino privado.Taxa de cobertura das creches subiu para os 55% em 2023Os números do EDULOG revelam que a taxa de cobertura das creches subiu para os 55% em 2023, num total de 130.787 lugares, com cerca de 87% das vagas efetivamente ocupadas, o que se traduz em 48% das crianças com menos de três anos matriculadas em creches. “Para a Fundação, a universalidade deste nível de ensino parece distante e mantêm-se pontos de pressão no sistema, como, por exemplo, a baixa cobertura concentrada na Grande Lisboa, Grande Porto, e sudoeste alentejano e algarvio”, explica o estudo.Na rede pré-escolar, verificou-se uma ligeira redução do número de instituições, fruto da consolidação da oferta. No ano letivo 2022/2023, existiam 5731 estabelecimentos em funcionamento, 60% dos quais na rede pública e 23% correspondentes a privados dependentes do Estado. Mas a rede apresenta assimetrias regionais significativas, com o setor privado independente a complementar a oferta onde a procura era maior, refere o documento.A frequência pré-escolar já se aproxima da universalidade, com cerca de 94% das crianças dos três aos cinco anos integradas na rede no último ano em análise. A região Centro detém a taxa mais elevada (99,9%), seguido da Madeira (98,3%) e do Alentejo (98,1%). A Península de Setúbal revela o número mais baixo (83,1%). Contudo, a taxa bruta de escolarização do pré-escolar aumenta em todas as regiões, ultrapassando os 100% em áreas como o Centro e o Alentejo.Aumento significativo do número de alunos estrangeirosO número de alunos de nacionalidade estrangeira no sistema educativo aumentou “de forma exponencial” nos últimos cinco anos, embora seja mais visível em algumas regiões do país. Intensificou-se, sobretudo, no extremo sudoeste do país, na região centro, na grande faixa litoral entre Coimbra e Lisboa e no extremo noroeste do Minho. “O número de alunos com nacionalidade estrangeira e, em particular de países com proximidade linguística, mais do que dobrou no pré‐universitário em Portugal Continental, numa proporção de alunos que passou de 5% para 11%”, avançam os investigadores do EDULOG. O crescimento mais expressivo ocorreu entre os estudantes provenientes da CPLP (exceto Portugal), que passaram de 52.157 em 2018/19 para 112.533 em 2022/23. Também os alunos de origem europeia (exceto Portugal) aumentaram de 19.840 em 2018/19 para 32.285 em 2022/23, um acréscimo de mais de 12 mil alunos em cinco anos.Os números provisórios referentes a este ano letivo, constantes no Programa do Governo, indicam que há cerca de 172 mil alunos estrangeiros nas escolas públicas, desde o pré-escolar ao ensino Secundário.Nos últimos cinco anos aposentaram-se 13.496 docentesEste ano já se aposentaram 1800 professores e as estimativas apontam para a saída de 4700 no total. Nos últimos cinco anos, reformaram-se 13.496:2020 - 16492021 - 19442022 - 24012023 - 35212024 - 3981Estes números refletem apenas a saída dos docentes subscritores da Caixa Geral de Aposentações. O registo da Segurança Social não é público e, por isso, o número de professores reformados poderá ser mais elevado..Nunca houve um número tão baixo de professores para cumprir substituições.Ano letivo 2024-2025: média semanal de 30 mil alunos sem professor