Palestinianos às portas da cidade de Gaza.
Palestinianos às portas da cidade de Gaza.EPA/MOHAMMED SABER

Mais de 120 personalidades pedem a Portugal papel ativo na defesa dos Direitos Humanos em Gaza

A petição, disponível online, conta entre os primeiros subscritores com figuras da música, do teatro, do cinema, das artes plásticas e da literatura, mas também da política, entre outras áreas.
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Mais de 120 personalidades, sobretudo ligadas à Cultura, são os primeiros subscritores de uma petição que pede a Portugal “um papel ativo na defesa dos Direitos Humanos e no fim do genocídio em Gaza”.

A petição, disponível online e cujo texto foi enviado antecipadamente à agência Lusa, conta entre os primeiros subscritores com figuras da música, do teatro, do cinema, das artes plásticas e da literatura, mas também da política, entre outras áreas.

Os subscritores querem que “Portugal tenha um papel ativo e relevante na promoção da paz e na defesa dos Direitos Humanos”.

Para isso, querem que sejam discutidos na Assembleia da República “três pontos fundamentais”: “A necessidade de apelar a um cessar-fogo imediato; O apelo a que Israel permita a entrada imediata de ajuda médica e humanitária para a população de Gaza, através das Nações Unidas; o reconhecimento pelo Governo e pela Assembleia da República de que está em curso um genocídio em Gaza”.

Para que a petição seja discutida em plenário, é necessário que atinja as 7500 assinaturas, recordam no texto, no qual se dirigem ao presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar Branco.

Entre os primeiros subscritores da “Petição para que o Governo reconheça o genocídio em Gaza e pressione Israel a permitir a entrada de ajuda na Palestina” contam-se músicos, como Adolfo Luxúria Canibal (Mão Morta), Ana Bacalhau, Paulo Furtado (The Legendary Tigerman), Ana Lua Caiano, David Santos (noiserv), Luís Nunes (Benjamin), Aldina Duarte, Ana Matos Fernandes (Capicua), Carlos Nobre (Carlão), Ana Moura, Salvador Sobral e Sérgio Godinho, e atores como Albano Jerónimo, Carolina Amaral, Gonçalo Waddington, Isabel Abreu, Ivo Canelas, Nádia Iracema, Sara Carinhas e Maria de Medeiros.

Também subscrevem realizadores como Edgar Pera, Bruno de Almeida, Rodrigo Areias, Teresa Villaverde, Pedro Serrazina, assim como o escritor José Luís Peixoto, o coreógrafo Victor Hugo Pontes, artistas visuais, como Miguel Januário (±) e Rita Gomes (Wasted Rita), o escultor Rui Chafes, a diretora da ModaLisboa, Eduarda Abbondanza, e a designer de moda Alexandra Moura.

Entre os mais de 120 primeiros subscritores encontram-se também políticos, como Catarina Martins, Joana Mortágua, Marisa Matias, João Costa e Marta Temido, e comentadores, entre os quais Pedro Marques Lopes, Luís Pedro Nunes e João Maria Jonet.

“Queremos que a Assembleia da República, onde estão eleitos os nossos representantes, se pronuncie e que recomende ao Governo um papel ativo na defesa dos Direitos Humanos e no fim do genocídio em Gaza”, lê-se no texto.

Para os subscritores, “é inadmissível ser neutral perante o que se passa em Gaza”, “é inadmissível assistir a um genocídio em silêncio”, “é inadmissível que a Europa assista em silêncio à morte de crianças que procuram comida”, assim como “nada fazer enquanto crimes de guerra são cometidos diariamente”.

“Quando, no futuro, alguém nos perguntar como foi possível assistirmos a um genocídio do nosso sofá e o que fizemos para o impedir, o que vamos responder? Um grupo de cidadãos, de várias tendências políticas ou sem elas, juntou-se para dizer que estamos atentos, de olhos postos em Gaza, e não nos conformamos com a passividade do Estado Português perante este genocídio”, afirmam os subscritores.

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Parlamento português rejeita reconhecimento do Estado da Palestina

Na quarta-feira, mais de uma centena de organizações internacionais e palestinianas denunciaram que a fome está a matar 2,1 milhões de pessoas na Faixa de Gaza, a totalidade da população, e criticaram o sistema de distribuição de ajuda humanitária, gerido por Israel e pelos Estados Unidos através da designada Fundação Humanitária para Gaza (GHF, na sigla inglesa).

Um total de 111 organizações não-governamentais (ONG), incluindo os Médicos Sem Fronteiras (MSF), a Save the Children e a Oxfam, alertaram para o avanço da fome na Faixa de Gaza, afirmando que até os trabalhadores humanitários “estão a morrer lentamente”.

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Mais de 100 grupos humanitários apelam à ação contra a fome em Gaza

“Enquanto o cerco imposto pelo Governo israelita condena a população de Gaza à fome, os trabalhadores humanitários juntam-se às filas para receber alimentos, arriscando-se a ser baleados apenas para conseguirem alimentar as suas famílias”, denunciaram as ONG.

Antes da atual situação de fome generalizada na Faixa de Gaza, um ministro israelita, Bezalel Smotrich, afirmou em agosto do ano passado que “matar dois milhões de palestinianos à fome poderia ser justificado e moral”, e outro, Itamar Ben-Gvir, defendeu o bombardeamento dos armazéns com produtos alimentares.

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Israel rejeita responsabilidade e culpa Hamas pela fome em Gaza

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu é objeto de um mandado de detenção, emitido pelo Tribunal Penal Internacional, em 21 de novembro de 2024, por usar a fome como arma de guerra.

A fase mais recente do conflito israelo-palestiniano foi desencadeada pelos ataques liderados pelo movimento islamita palestiniano Hamas em 07 de outubro de 2023, no sul de Israel, que causaram cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns.

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Garantias de ajuda humanitária e fim da guerra. Israel estuda resposta do Hamas a proposta de trégua em Gaza

A retaliação de Israel já fez mais de 59 mil mortos, sobretudo civis, a destruição de quase todas as infraestruturas de Gaza e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.

Além disso, incluiu a imposição de um bloqueio de bens essenciais a Gaza, como alimentos, água potável, medicação e combustível.

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