Os inspetores do antigo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), agora integrados nos quadros da Polícia Judiciária (PJ), recusam permanecer no controlo das fronteiras nos aeroportos nacionais por mais seis meses, conforme a decisão anunciada pela Polícia de Segurança Pública (PSP) e que o DN já tinha antecipado.Num comunicado divulgado esta segunda-feira, 20 de outubro, o Sindicato do Pessoal de Investigação Criminal da Polícia Judiciária (SPIC-PJ) diz que os inspetores já tinham sido "notificados para se apresentarem nas respetivas unidades", mas que "foram surpreendidos – a 11 dias da data – da nova intenção do Governo. Muitos haviam já iniciado as suas mudanças para os novos locais de trabalho", lê-se no texto.Citado no comunicado, Rui Paiva, presidente do SPIC-PJ, afirma que continua aberto a um "diálogo construtivo e pela paz social" com a tutela, no entanto, exige "bom-senso e respeito pelos inspetores e pelos compromissos do passado".Em causa está a promessa de que o dia 29 de outubro de 2025 encerraria o trabalho dos antigos inspetores do extinto SEF nos aeroportos, que ficaram a apoiar a PSP, data que é conhecida há mais de dois anos e foi preparada e publicada em lei ainda pelo Governo de António Costa. O plano foi aprovado em Conselho de Ministros no dia 6 de abril de 2023, no final do processo que decretou o fim do SEF."Não vamos aceitar menos que isso: o Governo teve todo o tempo de que precisava para preparar a nossa saída”, afirma Rui Paiva, "tem todas as condições para o fazer sem sujeitar os inspetores ao inaceitável”, completa o sindicalista..PSP confirma que ex-inspetores do SEF ficam no aeroporto por mais seis meses.O plano inicial da PSP era formar 1100 agentes para o serviço de controlo de fronteira. Segundo fonte oficial desta força de segurança ao DN, a meta ficou abaixo, com 150 elementos por receber esta formação. No entanto, a mesma fonte afasta que a decisão de prolongar a comissão de serviço dos ex-inspetores do SEF esteja relacionada com o atraso na reorganização do dispositivo.“É totalmente incompreensível que não se encontre nas três entidades responsáveis pelas fronteiras - PSP, GNR e Sistema de Segurança Interna (SSI) – forma de, entre si, assegurarem o que a Lei lhes impõe e, dois anos depois, se continue a depender de quase 130 inspetores da PJ para realizar estas funções”, afirma o presidente do SPIC-PJ.O sindicato denuncia que "a falta de recursos humanos com que a Direção da Nacional da PSP justifica o pedido de prolongamento da missão é uma falácia que a realidade desmente totalmente" e expõe que "a verdadeira razão desta dependência de elementos da PJ é o facto de a PSP insistir em empenhar vastos meios humanos em matérias de investigação criminal cuja competência a lei atribui à Polícia Judiciária".Segundo Rui Paiva, “com esta opção, caiu-se no paradoxo de ter inspetores da Polícia Judiciária a controlar fronteiras nos aeroportos, função da PSP, enquanto agentes da PSP continuam a tramitar situações de tráfico de estupefacientes, de tráfico de seres humanos e de falsificação de documentos que são competência da PJ”.Para o sindicalista, “chegou a hora de o Governo perceber que está perante um problema organizativo do sistema, e não de capacitação ou de falta de meios da PSP”, com ações para que acabem "libertando os elementos da PJ para fazerem a investigação criminal que lhes compete, e, com isso libertar ainda mais meios da PSP para as suas verdadeiras missões”..Governo falha meta para controlo de fronteiras nos aeroportos.Menzies vai contestar vitória da Iberia no concurso para handling nos aeroportos nacionais